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Em entrevista ao PB Agora, psicólogo dá dicas para manter saúde mental durante a pandemia

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Um divisor de água na história da humanidade. Há pouco mais de dois meses o mundo foi surpreendido  pelo novo coronavírus. Desde que a Organização Mundial de Saúde (OSM), declarou o Covid-19 como uma pandemia, a vida das pessoas não foram as mesmas. A pandemia do novo coronavírus impactou todo o planeta e chacoalhou a vida de todo mundo. Isolamento social, medo, solidão, inquietude,  incerteza com o futuro, mudança no ritmo das relações sociais.

O Covid-19 que já matou milhares de pessoas, estrangulou o sistema de saúde pública de muitas cidades, abalou com a economia mundial e levou as pessoas ao inusitado confinamento, inevitavelmente pode afetar a saúde mental das pessoas, com fatores que podem culminar em transtornos como depressão.

Como preservar a saúde mental nesses momentos críticos, visto que à medida que as notícias sobre o surto de coronavírus continuam dominando as manchetes, milhões de pessoas estão de quarentena?. O PB Agora ouviu um especialista na área que deu algumas dicas de como podemos nos comportar para superar o bombardeio de informações e as dificuldades enfrentadas no isolamento social.

Ao abordar o tema “Saúde mental em tempos de pandemia” o psicólogo Gilvan DE Melo Santos, abordou temas como a solidão, oa ansiedade, o medo e as incertezas. Gilvan ressaltou que “neste tempo de pandemia talvez a principal abordagem que pode oferecer uma resposta a esta grande crise sanitária mundial é a Logoterapia.

Criada pelo médico, filósofo e psicólogo vienense, Viktor Emil Frankl (1905-1997), ela afirma que a vida tem sentido e que podemos encontrá-lo através da vivência dos valores criativos ou daquilo que posso dar ao mundo, como o trabalho e a criatividade; através dos valores vivenciais ou daquilo que recebo do mundo, como as amizades, os relacionamentos afetivos com os outros e com Deus (se formos teístas); bem como através dos valores de atitude, que são aqueles valores que realizamos diante de situações limites, como o sofrimento inevitável, um erro grave do passado, gerador de culpa, ou diante da morte”.

No caso específico da pandemia provocada pela Covid-19, o psicólogo ressaltou que “estamos diante de uma situação de sofrimento inevitável e da iminência constate da morte”. Diante deste inimigo invisível, mais do que nunca precisamos realizar valores criativos, vivenciais e de atitude, a fim de encontrarmos sentido em nossa vida, apesar desta crise mundial, nem por isto menos pessoal.

Gilvan Melo que é doutor em Linguística e psicólogo, professor e supervisor de Logoterapia pela Universidade Estadual da Paraíba e coordenador da Especialização em Logoterapia e Saúde da Família, procurou fazer uma relação entre a experiência de Frankl e este tempo de pandemia.

“Podemos inferir que é possível encontrar um sentido na vida, apesar do sofrimento e das mortes de mais de 350 mil seres humanos. É possível nos mantermos íntegros  na dor, realizarmos sonhos no pós-pandemia como Frankl vivenciou” observou.

Segundo ele, se diante do presente o passado nos arrebata, o futuro pode nos salvar. e a exemplo de Frankl que sobreviveu em um campo de concentração, nós podemos ter a possibilidade de encontrar tanto o sentido desta pandemia quanto o sentido em nossa vida, apesar da crise.

Em relação ao conceito de saúde, Gilvam lembra que a Logoterapia apresenta que ela abrange as três dimensões da pessoa: a biológica, a psíquica e a espiritual. Incluindo o aspecto social nestas dimensões, somos uma totalidade na pluralidade.

Para a saúde biológica ele recomenda uma boa alimentação, evitando bebidas alcoólicas, mantendo a regularidade de exercícios físicos (mesmo em casa) e dormir de forma saudável, evitando o uso excessivo de celular e televisão uma hora antes de ir à cama.

Para a saúde psicológica ele ressaltou  que é importante mantermos o hábito de boas leituras, percebendo se tivermos estrutura psíquica suficiente para escutarmos as notícias sobre a Covid-19. Também é importante mantermos a “comunicação existencial” (recheada de afetos ao vivo e online) com a família, consigo mesmo e com os outros. Para saúde espiritual ele recomenda aos que têm fé em Deus, a vivência dos sacramentos online e a oração pessoal e em família; e aos que não a têm a prática da meditação ou da yoga, ou outras práticas benéficas ao equilíbrio biopsicoespiritual.

Para ambos, teístas e ateístas, a vivência da caridade é também uma forma de nos mantermos mais humanos e autorrealizados. Gilvan enumerou ao PB Agora alguns dos sintomas comuns desta pandemia: ansiedade, depressão, solidão, medo, desespero, alienação e saudade.

Como especialista, ele deu algumas sugestões na tentativa de minimizá-los. Sobre a ansiedade, ele sugeriu a criação de uma nova rotina, visto que vivermos um dia por dia,saborearmos cada momento, realizarmos com prazer os serviços de casa ou do trabalho, descobrirmos atividades novas e novos dons artísticos;

Sobre a depressão, ele disse que devemos encontrar o significado pessoal desta pandemia, a fim de que, por exemplo, façamos da realização das nossas tarefas domésticas ou laborais, uma forma de ajudar o outro, tanto os mais próximos quanto os mais distantes. Enxergar o outro é a melhor maneira de tirar o foco em torno de nós mesmos e dos nossos próprios problemas, às vezes até pequenos diante dos problemas dos que mais sofrem.

No que se refere a a solidão, ele aconselha estimular mais a “comunicação existencial”, ou seja, “uma comunicação significativa que promova o encontro”, em detrimento da “comunicação instrumental”, que visa a “manipulação da outra pessoa, a utilidade como fim supremo.

Sobre o medo esse  pode ser evitado diminuindo o contato com as notícias trágicas da televisão e, principalmente, das fakenews, que além de se basear em inverdades, podem promover ações contrárias àquelas recomendadas pela OMS. Entre a negação e a dramatização, o equilíbrio no trato da realidade pandêmica é o melhor caminho.
“Devemos ter precauções sem pânico. Entre a apatia e a empatia: o equilíbrio. Uso da máscara sempre” observou.
Sobre o desespero ele volta  citar Frankl para quem o sofrimento sem sentido é desespero, mas o sofrimento com sentido é realização.

“Para não nos desesperarmos, devemos esperar em Deus e na ciência, mesmo com a possibilidade do processo endêmico da doença, ou seja, da convivência com ela por em média cinco anos”.

Ainda enveredando pelo mundo interior, mas ligando o momento, a fé a ciência e a política, ele afirmou que devemos buscar o equilíbrio entre a fé religiosa e a ciência. Nesse sentido,  fez referência a alienação nesses tempos de pandemia. Nesse caso, cita o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina, por exemplo. Gilvan ressaltou que  deveríamos entender que sem comprovação científica, o seu uso pode ser alienação ou oportunismo e, na trágica hipótese, um caminho para a morte.

“No Brasil, em específico, há, infelizmente, a politização da pandemia. Para completar o nível de instabilidade emocional, temos um péssimo exemplo do Presidente da República Jair Bolsonaro, dando demonstrações do não uso ou uso indevido das máscaras, da quebra do isolamento social e da produção de aglomerações de pessoas”, observou.

O especialista também deu algumas dicas sobre a saudade e ressaltou que para diminui-la é importante a comunicação entre amigos e família através da internet. Nesta pandemia, a maior prova de amor é a distância física.
“Devemos estar juntos, porém distantes. E diante da morte de alguém, o importante é pensarmos no legado passado que esta pessoa deixou. Se não a trazemos de volta, ao menos fazemos do seu legado um tributo à vida”observou.

Severino Lopes
PB Agora

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