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Relatório da PF deixa de fora três partidos que aparecem em investigação

Uma parte do último relatório da operação Castelo de Areia é dedicado ao suposto financiamento ilegal de campanhas políticas. Nesse documento, aparecem as siglas de vários partidos. Mas a Polícia Federal deixou de fora do relatório final três partidos citados na investigação: PT, PTB e PV.

 

Na operação, quatro executivos da construtora Camargo Corrêa, duas secretárias e quatro supostos doleiros chegaram a ser presos por suspeita de envolvimento em um esquema de remessa ilegal de dinheiro da construtora para o exterior por intermédio de doleiros que atuam no Brasil e em outros países. Os presos foram indiciados por evasão de divisas, câmbio ilegal e formação de quadrilha.

A PF também pôs a empreiteira sob suspeita de crime eleitoral com base em conversas entre executivos gravadas durante a investigação. Diversos partidos foram citados nas escutas telefônicas e de ambiente da investigação.

Os nomes dos partidos que ficaram de fora do último relatório da PF estão em um e-mail enviado por um dos diretores da Camargo Corrêa em novembro do ano passado para um representante da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), entidade tida pela polícia como intermediária entre a construtora e políticos.

No e-mail, o diretor cobra recibos pendentes das seguintes doações:
– PSDB: comitê financeiro de São José dos Campos – R$ 25 mil.
– PSDB: R$ 50 mil
– PT: diretório regional – R$ 25 mil
– PTB: comitê financeiro municipal – R$ 25 mil
– PV: comitê financeiro municipal – R$ 25 mil

O e-mail ainda diz que há recibos pendentes de doações anteriores:
– DEM: R$ 300 mil – Rio Grande do Norte
– PSDB: R$ 100 mil – Pará
– PSDB: R$ 100 mil – Pará

“Impossível se afirmar, apenas com os dados atuais, a ilicitude de tais doações”, escreveu o delegado Otávio Russo no relatório.
 

Palavra omitida

A polícia também omitiu uma palavra na transcrição de uma conversa em que dois diretores da Camargo Corrêa falam sobre um arquivo com dados sobre doações.

Segundo a polícia, o diálogo foi assim:
– Tem aquela pasta de eleições. E lá tem todos os caras que foram pagos. A relação inclusive, a colaboração oficial.
– Tem as duas, né?

No áudio, é possível perceber a ausência de um verbo. O diretor diz: “A colaboração foi oficial’.

 

 

Sem intenção

Segundo a polícia, a omissão de uma palavra não foi intencional e a ausência dela não altera o sentido da conversa. Sobre o fato de não ter incluído o PT, PTB e PV no último relatório da investigação, a PF diz que os partidos foram citados em um contexto em que se fala em recibos de doação, o que deu a entender aos delegados do caso que seriam repasses feitos dentro da lei.

Nesta segunda, o senador Agripino Maia (RN), do DEM, mostrou recibos de doações da Camargo Corrêa para o partido. Segundo ele, os recibos serão entregues esta semana para a Justiça Eleitoral. “A tentativa foi de denegrir a minha imagem com falsidade. Falsidade que, com argumentos e com documentos, nós destruímos”, afirmou.

O PV e o PTB disseram que as doações da Camargo Corrêa foram devidamente registradas. A direção nacional do PT declarou que não responde pelos diretórios regionais, como o que apareceu na reportagem, sem identificação de estado. Em todo o país, o partido tem 27 diretórios regionais.

 

Anteriormente, o PSDB declarou que, em diversas campanhas eleitorais, recebeu doações da empresa Camargo Corrêa dentro da lei e que desconhece empresa ou doador que tenha atuado fora dos limites legais.

 

Anteriormente, o advogado da Camargo Corrêa, Antonio Cláudio de Oliveira, disse que empresa foi irá cooperar com todas as investigações e que está certa de que sua isenção será demonstrada. Ele reiterou que a empresa confia na Justiça.

Em nota divulgada no dia em que a operação foi realizada, a empreiteira disse que “cumpre rigorosamente com todas as suas obrigações legais, gerando mais de 60 mil empregos no Brasil e em 20 países em que atua.” O grupo reafirmou que confia em seus diretores e funcionários.

Em nota também divulgada anteriormente, a Fiesp declarou que não teme qualquer investigação e que confia na Justiça.
 

G1

 

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