Categorias: Política

Governistas pedem explicação a Jucá; PT quer investigação de ministro

PUBLICIDADE

 A revelação de uma gravação pelo jornal “Folha de S.Paulo” nesta segunda-feira (23), na qual o novo ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB), sugere ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado um “pacto” para tentar barrar a Operação Lava Jato gerou repercussão política em Brasília.

Alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) que investigam suspeita de que ele recebeu propina do esquema de corrupção que atuava na Petrobras, Jucá confirmou à TV Globo que teve a conversa com Machado.

Enquanto o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) afirmou por meio de nota que “atos individuais devem ser tratados longe da administração pública”, o líder do PT na Câmara, Afonso Florence, avaliou ao G1 que o conteúdo “não surpreende” porque a “dimensão conspirativa do golpe era nítida”.

Já o senador João Capiberibe afirmou que o presidente em exercício, Michel Temer, deve afastar Jucá e procurar a presidente afastada Dilma Rousseff para negociar a realização de novas eleições.

Na gravação, ainda segundo o jornal, Jucá acrescentou que um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional com o Supremo Tribunal Federal (STF) para “delimitar onde está” a investigação da Lava Jato.

Jucá diz ainda que havia mantido conversas com ministros do Supremo, sem citar nomes, e ressaltou ao ex-dirigente da Transpetro que são “poucos” os magistrados do STF aos quais ele não tem acesso.

Nesta segunda, o ministro do STF, Luis Roberto Barroso, disse ser “impensável” supor que alguém, de maneira individual, possa paralisar as instituições brasileiras ou ter acesso a um ministro do Supremo para “parar determinado jogo.”

Veja abaixo o que parlamentares afirmaram sobre a gravação de Romero Jucá:

Ronaldo Caiado, senador (DEM-GO), por meio de nota:

“A sociedade brasileira saiu às ruas para conter um processo de corrupção, apoiar a Lava Jato e buscar um novo governo. Se no decorrer deste momento problemas surgirem, deverão ser tratados com rigor. Qualquer denunciado tem a obrigação e o direito de se defender das acusações que recaem sobre ele. Mas esses atos individuais deverão ser tratados longe da administração pública para que a reestruturação e a credibilidade do governo não sejam comprometidas. Só assim teremos as mudanças necessárias e desejadas pela população.”

Afonso Florence (BA), líder do PT na Câmara:
“De alguma forma, a gravação não surpreende, porque a dimensão conspirativa do golpe era nítida. A novidade é que agora está nas palavras dele. […] Ali tem crimes como obstrução da Justiça, ataque à democracia e comprova que foram eles quem lideraram o ataque à Petrobras. Agora, claro, é preciso que observe o processo legal e seja garantido a ele o direito de defesa. […] O ministro deve ter o direito de defesa, não podemos condená-lo previamente nem o partido todo, mas a gravação derreteu a máscara, fez a máscara do golpe cair, esta máscara golpista e impopular que é a cara do governo Temer”.

André Moura (PSC-SE), líder do governo na Câmara:
“Eu tomei conhecimento do conteúdo da gravação somente pela imprensa. Acho que o ministro Jucá terá a oportunidade de se explicar. Não se pode antecipar questões neste primeiro momento, temos de ouvir as explicações e ele as dará, de maneira correta. A nossa preocupação agora é trabalhar para que este fato não contamine o processo de votações tanto na Câmara quanto no Senado. Agora, é aguardar. O ministro Jucá tem posicionamentos firmes e claros e, tenho certeza, dá as explicações para esclarecer esta questão. Cabe a nós, parlamentares, trabalhar para manter a agenda que é importante para o país.”

Luis Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF):
“Acho que é impensável nos dias de hoje supor que alguém tenha individualmente a capacidade de paralisar as instituições ou pensar que qualquer pessoa tenha acesso a um ministro do STF para parar determinado jogo.”

João Capiberibe, senador (PSB-AP):
“O Estado Brasileiro está contaminado por agentes da corrupção e o governo Temer não tem legitimidade para fazer os ajustes que o Brasil precisa. Com a suspeita que pairava sobre Romero Jucá, o presidente interino não deveria nem tê-lo nomeado e agora deve exonerá-lo imediatamente. Temer deve admitir a sua fragilidade, procurar a presidente afastada Dilma Rousseff e propor uma negociação, que passa pela realização de novas eleições em outubro para presidente, vice-presidente e também para o Congresso Nacional.”

Izalci (DF), vice-líder do PSDB na Câmara:
“Nós temos uma preocupação muito grande, porque, no documento que encaminhamos ao presidente [em exercício] Michel Temer, um dos itens para o PSDB dar seu apoio é o de valorização da Lava Jato. Então, não aceitamos nenhuma posição que venha a contrariar a Lava Jato. Agora, tem que verificar o teor da gravação todo e o contexto. Não podemos aceitar nada que possa transparecer que esteja querendo boicotar. Acho que, se ficar comprovado que houve essa manipulação, isso é muito ruim. Agora, também tem que se verificar o contexto da conversa porque divulgar só alguns trechos pode distorcer a conversa.”

Carlos Marun (MS), 1º vice-líder do PMDB na Câmara:
“É uma notícia [divulgação dos diálogos] que preocupa. É preocupante, não vamos tapar o sol com a peneira. Por outro lado, também não vi, no que foi revelado, alguma situação bombástica ou o planejamento de alguma ação. Achei que foi uma conversa genérica e temos que apoiar a decisão que o presidente [em exercício] Michel Temer vier a tomar. Vamos apoiar a decisão [do Temer], que tem poder de discernimento. Não é uma tragédia, mas também não é algo positivo. Melhor seria se não tivesse acontecido, mas a questão tem que ser tratada com rapidez e serenidade. Eu acho que a investigação na Lava Jato não pode ser considerada um atestado de culpa, senão, vamos subverter o próprio estado de direito.”

Rubens Bueno (PR), líder do PPS na Câmara:
“Acho que Romero Jucá não deveria nem ter sido nomeado”.

Telmário Mota, senador (PDT-RR):
“Estamos vivendo uma situação extremamente delicada no país, que vive crise política, econômica, e mais uma vez um senador da República está envolvido em tentar obstruir o trabalho da Justiça brasileira. O procedimento do senador Jucá foi igual ao procedimento do senador Delcídio [do Amaral] e isso está nos impulsionando [o PDT] a entrar com representação no conselho de ética contra o mandato do senador Romero Jucá.”

Ivan Valente (SP), líder do PSOL na Câmara:
“Vamos à Procuradoria-Geral da República hoje à tarde para pedir a prisão do Romero Jucá, fazendo uma analogia ao processo do Delcídio do Amaral. Queremos a prisão dele. E, no ministério, acho que ele não se sustenta.”

Claudio Lamachia, presidente nacional da OAB:
“A Ordem dos Advogados do Brasil torce pelo sucesso do país e espera que o governo interino possa corresponder às expectativas da sociedade. Por isso, espero que o presidente em exercício tome medidas à altura da gravidade da situação. Desde que o novo ministério foi anunciado, alertei para o risco de pessoas sob suspeita, investigadas pela Operação Lava Jato, estarem no primeiro escalão do governo federal. A Lava Jato precisa acontecer com independência e celeridade. A sociedade clama por respostas rápidas. “O novo governo, alçado ao poder pela via constitucional e não pela via eleitoral, precisa ser um exemplo ético. Quem é investigado pela Operação Lava Jato não pode ser ministro de Estado, sob o risco de ameaçar a chance que o Brasil tem de trilhar melhores rumos. Qualquer ação suspeita praticada pelos ministros investigados colocam o governo todo em xeque.”

José Agripino Maia, senador (DEM-RN):
“Os fatos expostos na gravação impõem explicações e justificativas. A avaliação sobre o que fazer é decisão do governo.”

Humberto Costa, senador (PT-PE):
“A fala de Romero Jucá corrobora aquilo que sempre denunciamos: esse golpe foi articulado para, entre outras coisas, obstruir a justiça e asfixiar o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal. O diálogo divulgado é uma confissão clara disso. Mesmo vocalizando o entendimento corrente no governo provisório, Jucá não tem mais a mínima condição de seguir ministro. Sua sinceridade é escandalosa até mesmo para esse governo descarado.”

Daniel Coelho (PE), 1º vice-líder do PSDB na Câmara:
“As informações são graves. É necessário que haja esclarecimento de tudo o que foi dito. Pela manhã, conversamos com parte da bancada e vamos nos reunir à tarde para que uma posição do partido seja tomada. Inicialmente, é uma avaliação [sobre se Jucá deve renunciar ao ministério] a ser feita pelo próprio presidente [em exercício, Michel Temer]. Já havia um desgaste, mas não quero opinar [sobre eventual renúncia]. Acho que o partido deve opinar em conjunto.”

G1

 

PUBLICIDADE

Últimas notícias

EM TAMBABA: Motorista de caminhão que tombou e causou a morte de um e ferimentos em oito pode ser responsabilizado

O condutor e o dono de um caminhão que tombou na noite da última sexta-feira…

25 de maio de 2024

Obras do Novo Terminal de Passageiros do Parque Solon de Lucena vão mudar trânsito e transporte no Centro

Dando continuidade aos investimentos no transporte público para proporcionar cada vez mais melhorias aos passageiros,…

25 de maio de 2024

54ª Expapi é opção de lazer e cultura neste fim de semana em Campina Grande

Parque de diversões, passeios de pôneis, apresentações de forró pé de serra, feira de artesanato…

25 de maio de 2024

Sousa tenta quebrar tabu e reverter desvantagem histórica contra o América-RN na Série D

Neste domingo (26), às 16h, o estádio Marizão será o palco do confronto entre Sousa…

25 de maio de 2024

Procon Estadual divulga lista de aprovados no processo seletivo de estágio; confira a lista

O Procon Estadual divulgou, nesta sexta-feira (24), a lista de aprovados no processo seletivo de…

25 de maio de 2024

Botafogo-PB enfrenta o Sampaio Corrêa pela Série C neste sábado em busca de se consolidar no G8

Na noite deste sábado, Sampaio Corrêa e Botafogo-PB se enfrentam pela sexta rodada do Campeonato…

25 de maio de 2024