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Entre o melindre e a desconfiança

Cássio não disse nada que se aproveite ou, na verdade, não disse nada que a classe política queria ouvir?

A frustração de parte da imprensa e, especialmente, da classe política com a coletiva do ex-governador tucano só foi provocada porque Cássio falou em teses no momento em que todos esperavam sentenças, decisões.

A ânsia por declarações decisivas ofuscou o tom que o ex-governador quis adotar na entrevista, resumido em “pau em Maranhão” e “unidade dos anti-maranhistas”.

Fenômeno natural. A base aliada do ex-governador vive desde o dia 17 de fevereiro um momento de indefinições. E esperou Cássio, que esteve de stand by nos Estados Unidos por quase cinco meses, para que ele acabasse com essa angústia.

Que não acaba. Aliás, pelo discurso de Cássio, nem data tem pra acabar.

Eis onde mora o perigo. Estrategicamente, o ex-governador age com cautela, pisando devagar, para não baldear a água, como se faz quando se quer pegar peixe em águas rasas, para juntar a oposição cardume.

Além de, como já dissemos, manter-se no partido que pleiteia novas eleições no STF.

O problema é que para isso ele precisa manter, digamos assim, uma relação de bigamia política, satisfazendo simultaneamente Cícero e Ricardo.

Isso porque não quer perder o primeiro como aliado, já que Cícero, paradoxalmente, não é competitivo, mas pode decidir a eleição. Nem o segundo como candidato a governo.

Para tanto, precisa conter o melindre de um e a desconfiança do outro. Porque se Cícero saiu satisfeito por manteve todo mundo no PSDB já demonstrou que se sente magoado todas as vezes que falam em diálogo com Ricardo Coutinho. E Ricardo porque não tem como conter dentro de sua base frustração por uma espera que não veio.

O fato é que as declarações de Cássio desagradaram ao coletivo ricardista, que cobram do prefeito de João Pessoa definições que Ricardo não tem como repassar pra Cássio atualmente.

A evitar desfiliação do PSDB, por motivos inteligentes , inclusive, Cássio deixa Ricardo sem compensações. Porque o socialistas estava contando com filiações para suprir desfiliações, como a de Manoel Júnior, Marcondes Gadelha, Leonardo, Guilherme Almeida e companhia.

Soma-se a isso a escorregada que Cássio deu na coletiva ao anunciar que Ricardo Coutinho nunca teria se declarado candidato ao governo. Ora, até Maranhão já declarou isso por Ricardo, impondo-lhe um título de candidato das oposições.

Aliás, em se tratando de mancada, Cássio, político por natureza e profissão, cometeu um equívoco ao chamar uma coletiva para se mostrar impressionado pela ânsia da imprensa em “falar sobre política”.
Não é preciso dizer que Cássio não estava ali, rodeado de jornalistas, porque é um astro de futebol ou artista de cinema. Estava ali porque é político e é de política, especialmente ele que está sem mandato, deveria falar.

Mas o nó maior para o ex-governador não é driblar jornalistas.

E sim manter dois “candidatos” sem desagradar a ambos.

 


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