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OPINIÃO – SOS Transposição: um grito sobre a destruição de uma obra prometida desde o Império

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Antes de falar do que, de fato, é mais importante, uma observação: gostaria muito de comparecer domingo ao SOS Transposição, que promete ser um grande evento. Pouco interessa se o acontecimento for um grito pela retomada da transposição ou, simplesmente, um grandioso Lula-Livre, como alguns insinuam. Seja como cidadão ou profissional de comunicação, qualquer das duas motivações estão dentro daquilo que, no meu entender, é um dever de consciência e um compromisso com o Nordeste, muito particularmente com a Paraíba talhada pra luta.

Observando-se os parágrafos a seguir, qualquer pessoa de bom senso, encontrará razões para estar neste domingo (1º de setembro) na terra do Beethoven do forró (Flávio José), e do grande comunicador Victor Paiva e de Seu Fernando da Difusora. Vai ser ali, na belíssima cidade de Monteiro, o grito de alerta sobre os danos que a (proposital?..) destruição dos canais da transposição causarão ao Nordeste, particularmente à Paraíba.

O que interessa

Esqueçamos Lula, PT, Bolsonaro, os políticos, as autoridades, e atentemos para estes dados, que interessam ao povo: o Estado da Paraíba é o mais beneficiado com a transposição, embora não estejam aqui o maior volume de obras. Porque os seus rios – tanto o Piranhas como o Paraíba, percorrem grande extensão e são responsáveis por levar água passando por várias regiões. E as adutoras – muitas delas feitas recentemente – conseguem distribuir água em grade quantidade, pondo fim aos racionamentos.

Até o bombeamento ser interrompido, no curso da transposição, a água que entrava em Monteiro, descia o Rio Paraíba, abastecia todo o Cariri, cujos açudes já estão em volume morto, com 4% a 6% do seu potencial (Poções, Camalaú, Sumé e do Congo). Essa água, que abastecia o Cariri, chegava a Boqueirão, e havia tirado Campina Grande e mais dezenove cidades do colapso total. Quando o açude de Boqueirão tinha volume, descia em direção à Barragem de Acauã, dali era transposto por um canal – cuja etapa-1 de construção está pronta – até Gurinhém, se estendendo até Araçagi. Cobria, portanto, todo o Litoral Norte (Mamanguape, Rio Tinto, Itapororoca), até o Brejo, cuja adutora para Guarabira já está pronta.

No Eixo-Norte, pega toda a região de Cajazeiras, de Sousa, Pombal e de Catolé do Rocha, e desce para o Rio Grande do Norte. Em Boqueirão, a adutora Transparaíba, em construção, atenderá a mais 160 mil pessoas do Curimataú e do Seridó beneficiadas diretamente com abastecimento de água.

Resumo da ópera: a transposição, se não tivesse sido interrompida em fevereiro deste ano, cobriria uma grande parte do território paraibano: Brejo, Litoral Norte, Região de Itabaiana, onde está Acauã, Região da Borborema, do Cariri e do Alto Sertão, compreendendo microrregiões situadas naquela área. Isto significa que a transposição cobre 80 por cento do território paraibano.

Detalhe: com o Terceiro-Eixo, no Vale do Piancó, que é uma aspiração dos paraibanos, fecharia 100 por cento do território abastecido, trazendo uma absoluta segurança hídrica para a Paraíba.

Calculou o tamanho dos benefícios da transposição das águas do São Francisco para a Paraíba?

Ótimo. Agora saca só: em fevereiro, segundo mês do governo Bolsonaro, o bombeamento foi suspenso, interrompendo tudo isso. Sem o bombeamento, não tem água; sem a água, naturalmente, o canal da transposição vira pó.

Na sequência, dizem alguns, por pura maldade ou para atender a interesses outros, que o canal está virando areia porque foi mal feito. O canal é feito para por ele escorrer água; sua estrutura é própria para ser mantida sob o impacto das águas. Se não tem água… á era.

Abandone sua casa por um tempo; tire-lhe o uso, que ela por si só desmorona.

O evento

O SOS Transposição acontecerá neste domingo, na cidade de Monteiro. Ali mesmo onde meio-mundo de nordestinos (eu e minha família entre eles) presenciou um dos eventos mais emocionantes para nós “paraíbas”, com a presença do ex-presidente Lula, responsável por esta grande obra, cuja promessa de realização vinha sedo empurrada com a barriga desde o Império.

A ideia é despertar a atenção do Brasil para o que estão fazendo com o Nordeste, particularmente, com a transposição.

Como pode?!

De lascar mesmo, é a gente verificar que, em sua esmagadora maioria, os políticos, o noticiário e os comentários sobre este evento, passam ao largo dos fatos realmente importantes; do quanto é preciosa esta transposição para matar a sede dos nordestinos; das centenas de cidades e milhões de paraibanos beneficiados com o abastecimento d’água; de por um fim ao racionamento de Campina Grande e outras cidades.

Lamentável que, para estes, que pouco estão se lixando para o povo, vale muito a pena destruir um sonho nordestino de séculos, desde que seja para imputar culpa em alguém.

Acometido de duas cirurgias, não devo ir ao evento de Monteiro. Mas estou contando até dez e, se brincar estarei lá, como estive na primeira vez para ver aquele espetáculo maravilhoso e emocionante.

No mais, torço para que tenha pouquíssimas autoridades e muito povão, que é o que vale.

 

Wellington Farias

PB Agora

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