A pesquisa Brasil Revelado, do MapBiomas, identificou que 112 municípios da caatinga se tornaram áreas suscetíveis à desertificação entre 1985 e 2020, o que representa 9% da região. Isso quer dizer que esses municípios vão sofrer o empobrecimento do solo, fazendo com que sejam locais ainda mais difíceis de produzir e viver. Na Paraíba, segundo a pesquisa de 1985 a 2020, o Estado perdeu 280 mil hectares de vegetação nativa em 45 municípios classificados como áreas suscetíveis à desertificação (ASD). Quem avalia esses danos são o coordenador da MapBiomas Caatinga, Washington Rocha e o professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Bartolomeu Israel de Souza.
Segundo o levantamento, os principais fatores que aumentam a desertificação são o desmatamento, as queimadas e a retração das superfícies de água. Principalmente no que diz respeito à agricultura irrigada e de grande porte, que cresceu 1.456%. Para os pesquisadores, isso representa também a pouca preservação desse ecossistema que, apesar de ser o único bioma exclusivamente brasileiro, é o menos preservado.
“Se nós compararmos com outros biomas, o percentual nosso é muito baixo, não alcançamos nem 2% de áreas protegidas. Então, nós precisamos divulgar mais as riquezas naturais do bioma e exigir que esse percentual de áreas protegidas se amplie. Caso contrário, a gente tem um risco muito grande disso se acelerar e a gente ter perdas irreversíveis, tanto da biodiversidade, quanto da geodiversidade”, avalia Washington Rocha.
Na Paraíba, a cidade mais afetada é a de Caturité, localizado na região metropolitana de Campina Grande, é um dos mais atingidos. Nos últimos 36 anos, houve uma diminuição de mais da metade da superfície da água, totalizando 51,8%. Assim como foram registrados mais 40% de perda da vegetação natural e uma média de 26 hectares de área queimada por ano, tais danos aumentam a desertificação, que afeta diretamente o solo fértil, a vegetação e a capacidade de armazenamento de água em subsuperfície. “Os processos erosivos acelerados ocorrentes dessas terras acabam comprometendo os açudes ao provocarem o seu assoreamento e, consequentemente, a diminuição de água acumulada nesses reservatórios”, Bartolomeu.
Veja detalhes: https://mapbiomas.org/
Da Redação
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