Categorias: Economia

Crise faz fábricas da “cidade do jeans” fecharem as portas

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Ninguém imaginaria que o tecido resistente usado por trabalhadores das minas de ouro no oeste dos Estados Unidos na década de 1850 significaria, em vários momentos, símbolos importantes para a humanidade. Tampouco, não dava para prever que ele seria o pilar da economia de uma cidade de 30 mil habitantes no Agreste de Pernambuco, onde quem não confecciona moda jeans vende as roupas feita com ele.

Jeans já foi sinônimo de trabalho duro no século 19, de rebeldia no século 20, mas para Toritama faz 20 anos significa sobrevivência – alternativa para quem tem dificuldades de plantar e colher devido ao clima seco da região.

Fabricar calças jeans e vender barato é o hábito até para quem não mora em Toritama, mas todos os dias passa por lá. E passar da feira para outros negócios é freqüente. Alguns com mais sorte que outros.

“O difícil é abandonar a fabricação de roupas”, diz Daniel, que dirige uma Toyota Bandeirante, levando de Caruaru para a “cidade do jeans”, como é conhecida Toritama, sacoleiras, feirantes, comerciantes e todos que buscam negócios no município.

A passagem na Toyota custa R$ 4, mas Daniel complementa o sustento de seus cinco filhos com a fabricação e venda de jeans para alguns clientes da Região Sul do país. “Consegui vender, na semana passada, para um cliente do Paraná, calças jeans a R$ 19,00 cada uma”, orgulha-se.

Daniel critica as indústrias locais, que chegam a cobrar R$ 37 por uma calça. Ele não tem fábrica e diz que ganha R$ 2 por peça.

Para ter a mercadoria pronta, Daniel chega a passar em oito a nove casas da área rural de Caruaru e Toritama. Em cada uma, mora uma costureira que se responsabiliza por uma parte da fabricação.

“O cliente manda para mim uma peça, eu levo no modelista e peço para ele tirar o modelo para mim do número 36 ao número 46. Compro o tecido e já começo a cortar. Do corte do tecido até a calça pronta, fico só levando de costureira a costureira. Faço calça, bermuda, saia curta, saia estilo secretária, do modelo que ele pedir. No final da semana tenho, a calça pronta e despacho pela transportadora. O cliente é quem paga o frete”, conta Danie, que afirma estar sofrendo com a crise. “Quando as vendas estavam boas, chegava a entregar 700 calças. Agora, faço 250”.

Daniel diz que começou a fazer clientes na época em que era feirante nas feiras de Toritama e de Santa Cruz do Capibaribe. “Comecei vendendo no banco [da feira]. Mas eu colocava meu número de telefone em uma etiqueta colada na roupa que vendia. Isso chegou lá para o lado do Paraná e se espalhou. Começaram a me ligar e, graças a Deus, até hoje não fiquei sem vender.”

O dono de uma das maiores fábricas de jeans de Toritama, que produz em média 25 mil peças por mês, também era vendedor da feira. José Almir Bezerra conta que começou a trabalhar com oito anos como selador na antiga indústria de sapatos do município. Além disso, ajudava o pai a vender frutas.

Mas Bezerra só começoua a trabalhar na feira em meados da década de 1980, quando surgiu a moda da "camisa amassadinha". “Meu pai teve a idéia de fazer as camisas de um tecido chamado anarruga. Eu e meu irmão mais velho também costurávamos. Era moda aquilo e nossa camisa fez tanto sucesso que era motivo de briga na feira de Caruaru. De lá para cá, nunca mais deixei de mexer com roupa”, conta Bezerra em seu escritório, onde exibe fotos brincando na neve, em viagens que fez com a família para o exterior.

Agência Brasil

 

 

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