Amargo, doce, azedo, salgado e umami são os sabores básicos do paladar humano. O quinto é um dos menos conhecidos e o último a ser descoberto. O umami segue sendo alvo de pesquisas e tem se revelado um poderoso auxiliar na escolha de alimentos mais saudáveis. Um grupo de pesquisadores americanos acaba de divulgar, na revista Neuropsychopharmacology, mecanismos cerebrais relacionados a esse benefício.
Estudos anteriores mostraram que, antes da refeição principal, a ingestão de um caldo ou de uma sopa suplementada com sal de sódio do glutamato, que tem gosto umami, pode diminuir o apetite e a ingestão de alimentos. Os processos desencadeados pela entrada especial, porém, não haviam sido totalmente explicados.
“Em meu laboratório, estudamos o comportamento alimentar humano, sua base cognitiva e como isso está ligado à obesidade. Por isso, nos dedicamos a estender esses dados anteriores, replicando os efeitos benéficos do umami para mulheres com maior risco de obesidade usando medidas de análise laboratoriais mais sensíveis e objetivas” conta ao Correio Miguel Alonso-Alonso, professor-assistente do Centro de Estudo da Medicina Nutricional da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo.
Na pesquisa, as voluntárias ingeriram um caldo rico em umami e foram submetidas a uma série de análises. Primeiro, um teste de computador mediu o nível de controle inibitório — um processo mental essencial para a autorregulação da alimentação. Para isso, as mulheres precisaram escolher entre imagens de alimentos gordurosos e saudáveis. Segundo os cientistas, elas se saíram bem nos testes, mostrando maior resistência à escolha de alimentos mais gordurosos.
Logo depois, as voluntárias participaram de um buffet repleto de opções alimentares de valores calóricos distintos e podiam comer o que quisessem. Enquanto faziam as escolhas, eram monitoradas por um óculos que rastreou o movimento dos olhos e fez uma varredura cerebral em busca das atividades neurais durante as escolhas. Os resultados mostraram que as mulheres que consumiram o caldo umami tiveram olhares mais focados e maior atividade na área cerebral ligada à autorregulação bem-sucedida do controle inibitório.
Neurotransmissores
Para a equipe, as mudanças ocorreram porque o gosto umami, ao entrar em contato com a boca e o sistema digestivo, pode disparar sinais por meio do nervo vago. “Estudos com animais mostram que o nervo vago detecta seletivamente a presença de glutamato no estômago. Acreditamos que esse efeito no nervo vago estimule o neurotransmissor noradrenalina”, diz Miguel Alonso-Alonso.
Segundo o pesquisador, os neurotransmissores têm efeito em regiões cerebrais que suportam funções mentais de alto nível, chamadas funções executivas, que estão relacionadas a escolhas alimentares. “Um componente importante dessas funções é o controle inibitório, e encontramos uma atividade maior no controle inibitório após a ingestão do caldo rico em umami”, completa.
Nasser Allam, pesquisador associado do Laboratório de Neurociências e Comportamento da Universidade de Brasília (UnB), destaca que o estudo traz informações ainda não conhecidas. “Outros cientistas já haviam visto essa relação, mas esses pesquisadores conseguiram realizar análises mais minuciosas e revelar mais detalhes”, diz. “O que essa pesquisa nos mostra é que o umami pode ter uma ligação com o trato gastrointestinal. Talvez, esses receptores sejam importantes para mandar uma mensagem ao cérebro do tipo de alimento que a pessoa está comendo. No caso desse sabor, ele está muito ligado a proteínas. Então, é possível que, quando a pessoa coma carne, por exemplo, ocorra uma mensagem no sentido de inibir um pouco a compulsão pela comida, o que pode explicar por que dietas com proteína como base funcionam para muita gente.”
Algas desidratadas
O umami, que significa sabor delicioso, foi descoberto pelo japonês Kikunae Ikeda em 1908. Ele chegou ao gosto por meio da extração do caldo de algas marinhas desidratadas. O umami está presente em alimentos ricos em proteínas, carnes em geral e em cogumelos, ovo, queijos fortes, cenoura, milho, ervilhas, cebola, tomate maduro e até no leite materno.
Redação
Leia mais notícias sobre o mundo jurídico no Portal Juristas. Adquira seu certificado digital E-CPF ou E-CNPJ com a Juristas. Entre em contato através do WhatsApp (83) 9 93826000
O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, morreu aos 63 anos na queda de um helicóptero, confirmou…
A primeira audiência de instrução do "Caso Padre Zé" ocorre esta segunda-feira (20) no Fórum…
Com a proximidade do período eleitoral deste ano, os atritos e rompimentos entre aliados vêm…
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu dois alertas de perigo de acumulado de chuvas…
As inscrições no concurso para professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), iniciam hoje (20).…
As fortes precipitações registradas na cidade de Patos, na Paraíba, ontem (19), ocasionaram alagamentos em…