Categorias: Saúde

Franquia de seminários antitabaco promete fim do vício sem síndrome de abstinência

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 O nome parece até uma provocação: Método Fácil de Parar de Fumar.

Desde março, uma franquia brasileira dos seminários Easyway criados pelo inglês Allen Carr (1933-2006) está operando em São Paulo.

Presente em mais de 50 países, o empreendimento se baseia em palestras em grupo ou individuais e promete, em seis horas, fazer os clientes fumarem o último cigarro sem sofrer com a abstinência.

Empresário fumava 25 cigarros por dia
Depois de 40 anos fumando, administrador diz que está “subindo pelas paredes”

Se a pessoa não conseguir parar, tem direito a mais dois encontros em até três meses, tudo incluído no pacote (que custa cerca de R$ 500). Se mesmo assim não der certo, o dinheiro é devolvido. É o que afirma Lilian Brunstein, 45, arquiteta que ministra os seminários no Brasil.

“Os fumantes têm pavor de parar porque a sociedade, a propaganda e a lavagem cerebral dizem que vai ser difícil”, afirma.

A reportagem foi convidada a participar de um seminário do Easyway contratado para uma rede de academias de ginástica, em São Paulo.

O dono do negócio, François Engelmajer, 45, conheceu o método nos EUA e baixou em seu computador um vídeo comprado no site internacional do Easyway.
Ele fumou por mais de 30 anos e parou após assistir à apresentação pelo computador. “Fumei o último cigarro e não quis mais saber disso.” Decidiu dividir a descoberta.

O grupo com cerca de 15 fumantes se reuniu em uma sala da academia, em Moema, na semana passada.

Lilian deu início aos trabalhos lembrando a história do criador do método, Allen Carr, que fumava entre 60 e cem cigarros por dia. Em seu livro “The Easy Way to Stop Smoking” (esgotado no Brasil), Carr afirmava que seu sangue era até amarronzado pela falta de oxigenação.

Depois de mais de 30 anos lutando contra o vício, Carr, que morreu de câncer de pulmão, dizia que havia parado sem sofrimento ao desvendar os mecanismos da dependência física e psicológica.

SUPORTÁVEL

O princípio básico do “tratamento” é: a síndrome de abstinência de nicotina não é tão ruim, mas se torna um sofrimento porque a pessoa acredita que vai ser difícil.

A ideia é desconstruir as associações que os fumantes fazem com o ato de fumar: o cigarro relaxa, ajuda na concentração, faz companhia. O discurso tenta substituir essas associações pelo simples fato de que as pessoas fumam porque são dependentes.

Nas seis horas do encontro, há pausas para fumar. Na primeira, todos “pulam” da cadeira imediatamente. Nas outras, algumas pessoas nem chegam a sair. Na última, muitos estão convencidos de que vão parar. Os participantes são convidados a jogar os cigarros fora e viver como não fumantes.

COM ACOMPANHAMENTO

A cardiologista Jaqueline Issa, responsável pelo programa de tabagismo do Incor (Instituto do Coração do HC de São Paulo), vê esse tipo de programa com desconfiança.

“Essas coisas alternativas me preocupam porque afastam as pessoas da abordagem médica”, afirma ela.

Issa diz que a síndrome de abstinência é uma doença que precisa de tratamento. Para fumantes com níveis altos de dependência, é preciso usar remédios.

“Privá-los de um tratamento adequado é uma prática antiética.” Para ela, o acompanhamento médico e psicológico e a prescrição de drogas como vareniclina (Champix) ou reposição de nicotina (patch ou chicletes) são a melhor forma de evitar o sofrimento da abstinência.

“Quando passam pela abstinência sem assistência e falham, muitos ficam tão traumatizados que não tentam mais parar.”

Ela lembra, no entanto, que há vários níveis de dependência. A abordagem motivacional pode funcionar nos casos menos graves.

“Tudo que incentive a parar é bom, mas não se pode esperar efeito milagroso.”

Colaboraram FELIX LIMA e GIULIANA VALLONE

Folha

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