Amebíase já causou internação de 209 pessoas no Estado da Paraíba em 2010

Amebíase já causou internação de 209 pessoas na Paraíba em 2010

Ignoradas por muitas pessoas, as verminoses podem causar sérios problemas à saúde. Um dos exemplos é a amebíase, que em formas mais graves pode levar até a morte. Somente entre janeiro e setembro deste ano foram registrados 209 internamentos por causa de complicações causadas pela ameba na Paraíba. A média é de 26,1 internações por mês e o crescimento em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 146 casos, é de 43%.

Os dados são do Sistema de Informações do Ministério da Saúde e revelam ainda que em 2009 foram realizadas 244 internações por causa de complicações causadas pela verminose, registrando uma média mensal de 20,3.

De acordo com o clínico geral Eurípedes Mendonça, na maioria dos casos, a doença não chega a desenvolver as formas mais graves e não é preciso internar o paciente, mas em alguns casos a verminose pode até causar a morte. “Ameba mata sim, principalmente crianças desnutridas e pessoas com problemas de imunidade”, alertou o médico.

Mendonça destaca que para evitar a doença algumas medidas de higiene são essenciais, já que a amebíase é transmitida a partir da ingestão de alimentos ou líquidos contaminados. “A grande questão é a atenção à profilaxia. A amebíase é transmitida a partir de cistos que podem ser transferidos de um lugar para outro por insetos, como moscas, baratas e formigas. A população precisa ter atenção, lavar bem frutas e verduras, além das mãos e ter cuidado com o manuseio dos alimentos e com os líquidos que consome”, destacou.

Para o médico, quem corre mais risco são as crianças, as pessoas que vivem em comunidades mais carentes e quem consome alimentos em locais que não observam normas de higiene e de manuseio. “Muitas vezes as crianças brincam no chão, colocam a mão na terra e depois colocam a mão na boca. Aí elas já estão correndo riscos. Além disto, muitas pessoas não lavam as frutas e verduras corretamente ou deixam os alimentos descobertos em cima da mesa, pensando que nada pode acontecer”, disse.

A dona de casa Ína de Oliveira, de 30 anos, mora em uma comunidade carente em João Pessoa. Na rua onde está a casa em que vive com seus quatro filhos não existe saneamento básico e as condições de higiene parecem ser precárias. Ína, no entanto, garante que os filhos nunca tiveram amebíase nem nenhum outro tipo de verminose. “Eu tenho sempre muito cuidado com eles”, salientou, acrescentando que frequentemente leva as crianças à Unidade de Saúde da Família mais próxima e realiza todos os exames que o médico recomenda.

Para evitar que os filhos fiquem doentes, Ína conta que não deixa que eles brinquem na rua. “Não deixo eles saírem muito. Quando eles saem é sempre de sandálias e peço para eles lavarem as mãos sempre. Tenho o maior medo, graças a Deus nunca tive problemas”, afirmou a dona de casa enquanto segurava nos braços a filha mais nova, de apenas um ano e dois meses.

Segundo Eurípedes, nas formas mais graves, a amebíase pode se espalhar pelo corpo, atingindo outros órgãos, como o fígado. “A amebíase ataca principalmente o intestino e causa dor abdominal, cólica e diarréia, mas em alguns casos a doença evolui. Às vezes a ameba pode atingir o fígado, causando abscessos, ou até mesmo chegar ao cérebro. Nestes casos mais graves, se a doença não for tratada rapidademente pode inclusive matar”, frisou.

O médico destaca que o tratamento das formas mais simples da doença pode ser feito em qualquer Unidade de Saúde da Família, com medicamentos de via oral. “O importante é que no tratamento o médico oriente os pacientes sobre medidas de profilaxia. De nada vai adiantar dar remédios e não dizer como a doença pode ser evitada. É preciso conversar com o paciente e ensinar a ele como prevenir. Amebíase tem cura, mas se a pessoa continuar sem tomar os cuidados necessários ela vai pegar a doença novamente”, disse.

_{Jornal da Paraíba}