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Ricardo, uma atitude kamikaze

Foi o pensador político Rosseau que disse: na juventude deve-se acumular o saber; na velhice, fazer uso dele. É exatamente no uso da inteligência e da experiência que o governador José Maranhão está arrastando o prefeito Ricardo Coutinho para uma das jogadas políticas mais arriscadas de sua vida.

O prefeito dá sinais de que vai explodir a aliança com o PMDB de Maranhão, por não mais suportar o obstáculo no caminho do projeto 2010. E vai fazer isso no pior momento e do pior jeito: cobrando, à força, fidelidade de um monte de maranhista que está no PSB e, o mais grave, arriscando romper uma aliança sem ter fechado um Plano B com outra força política.

Erra duas vezes e se prepara para uma aventura kamikaze que pode lhe mostrar o chão frio de uma candidatura isolada.

Ao abrir vaga para Nadja Palitot – uma verdadeira cobra no Jardin do Éden do prefeito socialista, – retornar à Assembléia, Maranhão testa Ricardo. Que, segundo declarações de seus soldados (Rosas, Urquiza e Cia), parece ter engolido a corda.

Ora, Ricardo tinha que aprender com Maranhão. O velho fazendeiro de Araruna engoliu calado todo tipo de sapo que o prefeito mandou pra ele. Calou-se diante da convocação de Aracilba Rocha para a prefeitura; calou-se ante à indiferença de Ricardo à cassação de Cássio, calou-se ao ser ignorado na indicação do vice em 2008.

Calou-se porque a paciência é típica dos velhos. Calou-se porque, na época, era apenas um senador com um mandato que expiraria em 2010. Agora, não. Maranhão, seja pelos motivos mais questionáveis, é governador da Paraíba. É Ricardo que deveria mostrar paciência. Ambos, como já disse, já estão rompidos em razão de terem o futuro cruzado. Mas nada de oficializar isso agora.

Ora, chutar o pau da barraca agora em razão da posse de Nadja Palitot na Assembléia é de uma inabilidade infantil. Primeiro, porque o grupo de Ricardo deu um valor que Nadja nem sabia que tinha. E, depois, porque a hora de romper é em junho de 2010, às portas da eleição, quando Ricardo já estivesse pavimentado todo uma base de aliados e se beneficiado com a parceria entre prefeitura e governo do Estado.

Tudo menos agora. O mais inábil de tudo isso é cobrar fidelidade ao projeto de Ricardo 2010, em confronto ao sereno Maranhão, que só tem batido em Cássio e no travesseiro na hora de dormir. Ricardo está cobrando fidelidade a ele dentro de um partido minado por maranhistas.

Já tratei disso num artigo quando declarei que o prefeito não tinha nem o PSB por completo. Mas vamos listar: dentro do PSB, são maranhistas Manoel Júnior, Léo Abreu, Carlos Batinga, Guilherme Almeida, Edmilson Soares, Expedito Pereira, Nadja Palitot, entre outros.

É quase o partido inteiro. Se eles forem expulsos ou levarem a bronca para direção nacional do PSB, vai causar confusão na cabeça de Eduardo Campos.
Ricardo não deveria oficializar o rompimento com Maranhão antes de ter fechado um plano B. Com Cássio, por exemplo. Corre o risco de ficar só, ao menos no primeiro turno das eleições, contando apenas com partidos como PTB, PP e PDT, no máximo. Porque o PT vai ser tratado de uma forma tal no governo Maranhão que dificilmente vai se encantar pelos olhos claros e o sorriso (que sorriso?!) de Ricardo Coutinho.

Soma-se a isso o fato de que, oficialmente rompido, Ricardo Coutinho vai pela primeira vez na vida enfrentar o aço das facas de um dos maiores conglomerados de comunicação do Estado: o Sistema Correio da Paraíba. Imaginem: vai ser merenda escolar e lixo de manhã, de tarde e de noite.

É hora, portanto, de cautela dentro da base do Mago, em homenagem, inclusive, à quarta-feira de Cinzas. Quem sabe um conselheiro mais velho para dar as cartas daqui pra frente. Afinal, como diria Bacon, os desatinos da juventude são conspirações contra a velhice; pagam-se caro, ao anoitecer, as loucuras da manhã.

 

 

 

 

 

Soltas

Cá pra nós: ainda acredito que Ricardo Coutinho irá colocar panos quentes em toda essa história.

Além de Ricardo Barbosa e Pedro Medeiros, o ex-governador Cássio e o senador Cícero trabalham para assegurar a posse de outro suplente na Assembléia. Trata-se de Aníbal Marcolino (PDT), que assumiria no lugar de Jacó Maciel.

Dentro do PSDB de João Pessoa, teve liderança que não gostou do senador Cícero ter ofertado a presidência do partido para o ex-governador Cássio. Acham que o ex-governador pode levar a legenda para caminhos menos tucanos em 2010.

Há quem diga, inclusive, que Cássio está doido para alguém ser contrário à proposta. A fim de que ele não fique preso ao ninho…

O jornalista Dércio Alcântra comparou em seu blog a viagem de Dilma Roussef a Porto de Galinhas a de Ricardo Coutinho a Cajazeiras. Uma foi de helicópetro e e o outro de avião. Para o jornalista, ambos usaram a máquina numa candidatura antecipada.

Piada que correu no Carnaval  após a possibilidade de Nadja Palitot assumir uma cadeira na Assembléia: só falta Maranhão chamar Professor Paiva e Francisco Barreto para comporem o secretariado.

O jornalista Walter Santos, uma das maiores referências de mídia do Nordeste, anda de olho em projeto de televisão.

A vereador Raíssa Lacerda (DEM) ficou revoltada com a declaração do líder da oposição, Hervázio Bezerra, de que a bancada oposicionista contaria apenas com dois vereadores. Ela desafiou a Hervázio e a qualquer outro vereador a provar que ela não ficará na oposição. Estamos dois pra ver.

O suplente de vereador Raoni (PDT) pode estrear na Câmara de João Pessoa mais cedo do que imagina. O vereador Marcus Vinícius (PSDB) estuda licença médica para realizar pequena cirurgia.

 

 

 

 

 


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