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Por Wellington Farias – Carta aberta a Nilvan: a história é implacável; sai dessa fria…

Serraria, 13 de agosto de 2021

Prezado Nilvan,

Dirijo-me a você, mais como pessoa pública, do que propriamente como colega de profissão. Afinal, à pessoa pública a mim é permitido – assim como a qualquer cidadão – se dirigir com críticas aos procedimentos e atitudes para a vida de homem público.


Apesar de por trás da minha artimanha formal está (latente) o desejo de manifestar um sentimento que, no íntimo, me inquieta enquanto colega seu de profissão.
Sai dessa fria, Nilvan Ferreira!


Quando digo “sai dessa”, não estou me referindo à sua decisão de enveredar pelo mundo da política. Até porque não compartilho da ideia absurda que desqualifica a política e a condição de político simplesmente por achar que a atividade política é coisa de malandro, de esperto (no sentido de inteligente sem escrúpulos), de criaturas desprezíveis. Para mim vale à máxima de Platão, segundo a qual quem não gosta de política é governado e mandado por quem gosta.

Refiro-me, isto sim, aos caminhos notoriamente tortuosos pelos quais você optou para trilhar a sua caminhada de político; ao seu partido (PTB), que todo dia escarra na memória de Getúlio Vargas, e ao presidente nacional deste, o tal do Roberto Jefferson, cuja folha corrida enrubesce a cara do Brasil…


Para ser sincero, caríssimo Nilvan, custa-me acreditar no seu novo discurso.
Conheço-lhe de pouco tempo, e nunca fomos próximos o suficiente para eu lhe conhecer bem. Mesmo assim, ainda não me convenci de que você é mesmo este ser político de ultradireita; de que você acredita que o melhor para este ou qualquer outro país é o estado totalitário; de que você fez opção por um discurso que prega a estupidez, a truculência, a ignorância, a solução à mão armada; a tortura, a censura, a coturnada…


Juro que não acredito (ainda) que aquele Nilvan que hoje apareceu nas mídias sociais, defendendo (o indefensável) o tal do Roberto Jefferson, é o verdadeiro Nilvan, bravo comunicador forjado na melhor escola de rádio que a Paraíba tem que é a de Cajazeiras.


Com este discurso de agora, Nilvan, você provavelmente não emplacaria numa difusora de parque de diversão. Claro que não. Você cresceu e se fez grande nos microfones pregando (e, sobretudo, usando) a democracia; a liberdade plena de imprensa; defendendo a livre manifestação de pensamento até a morte, exagero à parte.


O problema, Nilvan Ferreira, é que a história não lhe julgará pelo que porventura você é no seu âmago, mas pelos seus atos perante a vida, seja a pessoal, seja a pública.


Por uma conveniência momentânea da política, hoje você adota este discurso. Claro, você vai defender o seu partido; o presidente do seu partido e as ideias do seu partido, mesmo que (quem sabe?!) não concorde com elas, no seu íntimo. E espero que assim seja.
Para construir o seu julgamento, caríssimo, a história não lê o íntimo. Lê ideias, palavras e ações…

E, atente: neste momento, os anais da história registram que você assumiu como bandeira de luta política temas que estão na contramão de sua própria história; da história de um ex-membro do PC do B, e dos anseios do povo da Paraíba.


Ô, Nilvan Ferreira, não é próprio dos cajazeirenses, sobretudo dos seus comunicadores, encampar os ideais que, hoje, você diz defender.


Não aposte, meu caro Nilvan, em que o tempo se encarregará de apagar principalmente aquilo que não é conveniente; que o futuro apaga tudo…

Você verá o vexame a que todos estes que lhes cercam, que empurram este país para um precipício, serão submetidos, independente de lograrem êxito, ou não, nas eleições do próximo ano.


Saia dessa, meu caro, enquanto é tempo.
No mais, forte abraço; sucesso, sempre!


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