Não vejo o menor sentido em se retirar o nome do arcebispo Dom Aldo Pagotto da coordenação da comitê em defesa da transposição do São Francisco e colocar um outro religioso, hierarquicamente inferior, em seu lugar. Nada contra o padre Djacy Brasileiro – o autor da cruz de latas em Brasília -, combativo defensor da transposição. Mas arcebispo é arcebispo, né?
A alegação é de que Dom Aldo foi indicação do ex-governador Cássio. Ora, no lugar de Cássio, será que Maranhão não teria feito o mesmo naquela ocasião? Afinal, é o arcebispo metropolitano, autoridade religiosa maior do Estado.
Dizem, sem a menor cerimônia, que Aldo é “figura de Cássio” e que, por esse motivo, querem substituir o arcebispo. Ridículo argumento. O arcebispo não deixará de lutar pela transposição porque agora José Maranhão é o governador do Estado. Suas convicções continuam as mesmas. E não é hora para partidarizar um debate tão importante como o da transposição.
Sou contra a retirada de Dom Aldo da comissão. Ele pode ter-se metido em discussões polêmicas nos últimos tempos, foi “crucificado” por isso, mas não se pode misturar as bolas. Muito menos carimbá-lo como “cassista” e substitui-lo por outro religioso em posição menor na hierarquia católica. Arcebispo é arcebispo. É líder religioso de católicos cassistas, maranhistas, ricardistas, ciceristas e todos os “istas” existentes. É, apesar de sulista, um empolgado defensor da transposição e dos interesses dos nordestinos.
Retirá-lo da coordenação do comitê não é apenas ridículo, mas mesquinho.