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O furacão Nadja

Lembro-me bem daquela vez em que Nadja Palitot desistiu de seu mandato na Câmara Municipal de João Pessoa para assumir, ainda que por míseros quatro meses, um mandato na Assembléia Legislativa. Seu discurso de posse começava com a seguinte frase: “Paraibanos, cheguei!”, como que a avisar que por ali passaria um furacão.
Pois é, acredito que Nadja não tenha mudado muito. Acho que ela voltará com o mesmo entusiasmo e a mesma vontade de marcar seu mandato de modo a que seja difícil alguém esquecer sua passagem pela Assembléia.
Cá pra nós, será difícil especialmente para o prefeito Ricardo Coutinho. Nadja, que foi quem abriu as portas do PSB para Ricardo e depois arrependeu-se amargamente, recebe um presente do governador José Maranhão, que está pondo à prova a resistência do prefeito de João Pessoa. Foi uma vingancinha, por assim dizer. Afinal, o comandante inabalável do PMDB passou por várias humilhações impostas pelo PSB. A última delas o desdém em relação à participação do PMDB no governo Ricardo II. Ninguém iria achar que ele, na cadeira de governador, iria fazer de conta que nada aconteceu. E Nadja estava só esperando essa oportunidade de ouro para marcar sua “independência” no PSB e deixar o prefeito numa posição embaraçosa.
O eleitor desavisado poderá questionar: “Afinal, Nadja não é do mesmo PSB de Ricardo? Não está no lugar de outro pessebista (Guilherme Almeida) que, a rigor, deveria também ser aliado de Ricardo?”.
Pois é, deveria, mas aqui, na Paraíba, política tem dessas coisas. No passado recente, o PT quis passar uma rasteira em Ricardo e foi Ricardo quem passou uma rasteira no PT e mostrou que poderia, sim, se eleger sem o apoio do partido, seja para deputado, seja para prefeito. Só restou ao PT se conformar e se vergar às evidências. Agora é o próprio PSB quem ensaia uma rasteira em seu comandante que, ao que parece, terá que formar um outro batalhão no partido para receber e cumprir suas ordens. Trata-se de uma rebelião silenciosa do PSB. Silenciosa, frise-se, até a chegada ruidosa de Nadja na tribuna da AL.
Nadja na Assembléia é só o começo da vingança do governador. É o calo no sapato de Ricardo, a voz que não ficará calada nem de longe ante o menor vacilo do prefeito. Afinal, ela não esqueceu que até sem legenda ficou para se candidatar novamente a vereadora.
Maranhão já tem muitos “olhos” e “ouvidos”. Precisava de uma “voz” estridente, corajosa e provocativa a serviço do PMDB. E inaceitável, para o PSB.
“Paraibanos, voltei”, pode ser a primeira frase do seu discurso de posse. Pena que voltou refém de Maranhão. Mas, mesmo assim, vai animar e muito o plenário da Assembléia e os bastidores da política, mostrando que nem todo abatido fica prostrado e que nem toda política faz sentido. Principalmente aqui na terrinha.


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