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Crônica de domingo: o assassinato de João Pessoa, a Revolução de 30 e uma bandeira banhada de sangue

Eu pensei como iria tratar este texto. Buscaria, na minha Caixa de Pandora, os diversos diálogos que tive, há muito,  com o já falecido ex-deputado Carlos Pessoa Filho,  primo legítimo de João Pessoa? Colocaria João Suassuna, Anayde Beiriz e o próprio João Dantas na problemática que vou levantar?

Seria pedante o bastante para ignorar a Aliança Liberal e o Partido Republicano da Paraíba. Traduzindo: Perrepistas e Liberais? Colocaria na mesa de cabeceira as ações políticas e administrativas que João Pessoa tomou enquanto esteve à frente do Estado? O texto ficaria prolixo e cansativo? Pelo sim, pelo não, irei ao cerne da questão: o nome da nossa Capital, bem como a bandeira da Paraíba, que não representam, efetivamente, o povo do nosso Estado e sim uma família, um homem, um pequeno grupo de pessoas.

Tenho respeito à família do ex-presidente João Pessoa, inclusive conheço alguns, mas busco ressuscitar a ideia de um plebiscito para saber se os paraibanos querem a volta da antiga e bela bandeira da Paraíba, que vigorou por quinze anos, entre 1907 e 1922, ou se continuam com a atual, cujas cores têm problemáticas: alguns historiadores atribuem o vermelho ao rubro da Aliança Liberal, outros falam que significa o sangue derramado de João Pessoa quando foi assassinado por João Dantas, em Recife, no dia 26 de julho de 1930, na confeitaria Glória.

Já o preto, bem o preto é óbvio. Trata-se do luto que a então “Parahyba” tomou para si com a morte do seu presidente. Mas aí vem importante observação: a dita comoção foi patrocinada por políticos e pessoas abastadas que insuflaram parte da população que residia na Capital a fim de pressionar os deputados estaduais da época a mudar a bandeira e o nome da capital (antão Parahyba do Norte) e colocar um triste NEGO na flâmula, na época com acento agudo no “É” em decorrência de suposto telegrama enviado por João Pessoa ao deputado federal Tavares Cavalcanti.

Nele, João Pessoa afirmava que não iria apoiar Júlio Prestes nas eleições de 1930. Ou seja; negou o seu apoio à política da República Velha. À arcaica política do Café com Leite, “patrocinada” por Minas e São Paulo.

Diante do exposto, não é difícil imaginar que muitos, após o assassinato de João Pessoa, passaram a aproveitar uma espécie de propaganda mórbida, dentre os quais José Américo de Almeida, que sai de simples assessor do governo João Pessoa,  para ocupa um cargo no ministério de Getúlio Vargas.

Por falar no velho caudilho, é sabido que ele defendia o fim da política Café com Leite e em caso extremo defendia a revolução. Vargas não aceitava a derrota e não toleraria Júlio Prestes ocupando o Catete.

Bem menos beligerante, João Pessoa era contra a revolução e sua morte foi usada como propaganda em todo o país para derrubar Júlio Prestes, eleito pelo voto popular para a presidência da República, mas golpeado pela Revolução de 30 que colocou no poder Getúlio Vargas. Tudo isso à sombra do “mártir” criado sobre o ex-presidente da então Parahyba.

Importante dizer que não só José Américo de Almeida, Getúlio Vargas, mas todos que comungavam a Santa Ceia da Aliança Liberal “desfrutaram” das benesses da morte de João Pessoa. Uma última observação: hoje, poucos sabem o significado da nossa bandeira e o que realmente João Pessoa foi para nosso estado. As aulas de História da Paraíba nunca foram prioridade para mostrar às novas gerações nossa história. Uma Pena!

Eliabe Castor

PB Agora

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