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Cartas a Lula pedem casa, plástica e até fim do Carnaval

Ao longo de seis anos de governo, ele já acumulou quase meio milhão de cartas e mensagens eletrônicas enviadas por populares. As correspondências de apoio e de ofertas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, centralizadas no Departamento de Documentação Histórica (DDH) da Presidência da República, incluem solicitações singelas, como a presença em batizados e casamentos, pedidos de casa própria, carro novo, cestas básicas e até impensáveis cirurgias plásticas, viagens de lua de mel e novas leis que acabem com as celebrações do Carnaval.

“Eles pedem de tudo: casa, carro, bicicleta, lua de mel”, comenta o diretor do DDH, Cláudio Soares Rocha, que relembra o caso de uma mulher casada que enviou carta e foto ao presidente se oferecendo para trabalhar ao lado dele como seu braço direito e negociadora política. O posto a que se oferecia é dividido entre a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, virtual candidata à sucessão de Lula em 2010, e o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro.

Na esteira dos movimentos de otimismo desencadeados pela eleição de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos, as cartas endereçadas a Lula também pedem passagens para presenciar o encontro dos dois governantes, em meados de março. E vão além. Na impossibilidade de chegar próximo de ídolos, como Xuxa, Pelé, Jô Soares ou de autoridades, como o Papa Bento XVI, os textos apelam para que o presidente Lula entregue as mensagens às celebridades e aos destinatários finais.

Abaixo à folia
O Terra teve acesso ao acervo do presidente, a objetos pessoais e a algumas dessas correspondências. Em uma das cartas, recebidas em meados de fevereiro, uma mulher de um município de Pernambuco pede a Lula a chance de conhecer Barack Obama. “O Obama é o máximo. Admiro seu potencial, humildade, personalidade e caráter. Lula, se eu morasse lá (nos Estados Unidos) voltaria (sic) nele com certeza”, diz um trecho da carta recebida pelo DDH. Em outra, enviada de uma cidade mineira, uma mulher condena a exposição de mulheres nuas nos desfiles de Carnaval e diz que as festas são perigosas e cheias de drogas, estupro e mortes. “É para o presidente assinar uma lei acabando com o carnaval”, opina.

Todas as cartas ao presidente
Por meio de um acordo informal com os Correios, qualquer carta endereçada simplesmente a “Lula” chega às mãos dos funcionários do presidente. Algumas, após avaliadas, são enviadas diretamente a ele. Ao todo, as caixas empilhadas e catalogadas com as cartas e mensagens ao presidente já somam 600 quilômetros, incluindo as de remetentes no exterior, como Espanha, Alemanha, Estados Unidos, Portugal e Índia. O auge de correspondências ocorreu em outubro de 2006, quando Lula buscava se eleger para o segundo mandato. Na época, foram 13,6 mil cartas, quase o triplo da média mensal de correspondências.

Destino final
O ritual de análise e leitura das cartas e mensagens eletrônicas inclui a catalogação de todas elas a partir do tipo de conteúdo, sexo do remetente e Estado e cidade de origem, a leitura por um grupo de 12 pessoas, a revisão para identificar eventuais falhas no arquivamento e, por fim, o encaminhamento ao destino, que pode ser o Ministério da Previdência, quando o remetente questiona, por exemplo, a concessão de uma aposentadoria. Após um período de sete a dez dias os autores recebem uma resposta a seus questionamentos, explicando, se for o caso, quem pode ajudá-lo e até uma foto autografada pelo presidente, se o autor da carta tiver pedido o presente.

 

terra

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