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Brasil teme que espionagem dos EUA afete lance em leilão do pré-sal

 A denúncia de espionagem na Petrobras pelo governo dos EUA gerou preocupações de que os norte-americanos tenham tido acesso à estratégia da estatal brasileira no leilão do pré-sal, o que poderia afetar os lances realizados pelas companhias na licitação da reserva de Libra, disse uma fonte do governo brasileiro nesta segunda-feira.

 

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), por sua vez, informou que a denúncia de espionagem não afeta o cronograma nem as regras do certame, uma vez que as informações sobre Libra, a maior área exploratória de petróleo do país, já estão disponíveis para as empresas interessadas no leilão.

 

O governo norte-americano espionou as redes de computadores de empresas como Petrobras e Google, de acordo com documentos vazados da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês) exibidos pela Rede Globo.

 

Em nota divulgada no domingo, o diretor do Departamento dos Serviços de Inteligência dos EUA, James R. Clapper, afirmou que não é segredo para ninguém que o país coleta informações sobre questões econômicas e financeiras, especialmente para proteger cidadãos norte-americanos e os interesses dos aliados da nação. Mas ele ressaltou que o governo não compartilha segredos comerciais com companhias.

 

A reportagem do programa Fantástico, da Globo, não informou quando a suposta espionagem aconteceu, quais dados podem ter sido obtidos ou o que a agência estava buscando.

 

Empresas norte-americanas poderiam usar informações confidenciais da Petrobras para preparar suas ofertas no leilão, segundo a fonte, que pediu para ficar no anonimato. Isso reduziria a concorrência e os lances ofertados ao governo brasileiro pela exploração da área de Libra, acrescentou.

 

Já o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou à Reuters que, se realmente ocorreu espionagem e os americanos tiveram acesso a informações mais precisas sobre a estratégia da Petrobras no leilão de Libra, seria mesmo um risco ter os lances do leilão influenciados por tais informações.

 

"A história do petróleo sempre mostra que desde sempre ele é muito disputado pelos países", disse Costa, que atualmente é consultor de empresas. "Libra é uma área que não se tem igual no mundo, nesse tipo de leilão, aberto a outras empresas, é algo muito valioso", acrescentou, ponderando que é preciso antes de tudo confirmar se realmente houve espionagem.

 

Segundo ele, a diretoria da Petrobras nunca desconfiou de espionagem porque sempre confiou em uma série de sistema de proteções de que a companhia dispõe.

 

REGRAS

 

Pelas regras da partilha, vencerá o leilão o consórcio que apresentar a maior parcela de óleo destinada à União. Mesmo que não participe do consórcio vencedor, a Petrobras será, por lei, operadora de Libra e terá participação mínima de 30 por cento da área.

 

Como Petrobras será a operadora de qualquer maneira e a partilha reserva ao governo poderes de decisão, as bases do leilão não têm como ser afetadas, afirmou uma segunda fonte, também pedindo para ficar no anonimato.

 

"É diferente de uma reserva em que não se sabe o que há. Nessa, a reserva já é estimada e, além disso, a operação será pelo sistema de partilha, com mais poderes exercidos pelo governo", disse.

 

Libra será leiloada em um único bloco porque o governo brasileiro teme que uma divisão em lotes poderia criar impasses jurídicos, com a possibilidade de um campo vazar óleo para o outro e a necessidade de acordos de unitização entre empresas, um imbróglio que ocorre quando há interligação entre reservatórios.

 

O programa Fantástico obteve as informações sobre a espionagem dos EUA na Petrobras através de Glenn Greenwald, repórter norte-americano do jornal The Guardian que vem trabalhando junto com o ex-analista da NSA Edward Snowden para expor os programas de espionagem dos EUA no Brasil e no exterior.

 

A denúncia sobre a Petrobras pode complicar ainda mais um impasse diplomático tenso entre os EUA e o Brasil provocado pela suposta espionagem da NSA às chamadas telefônicas e emails da presidente Dilma.

 

ROAD SHOW

 

A ANP informou que concluiu neste fim de semana um "road show" internacional para divulgar a primeira rodada do pré-sal. A equipe da ANP apresentou, em Cingapura, Londres, Houston, Tóquio e Beijing informações sobre a área de Libra.

 

Segundo a assessoria de imprensa, a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, disse aos potenciais investidores que Libra é uma oportunidade única no mundo, tanto pelo volume estimado –de 8 a 12 bilhões de barris de óleo– quanto pela quantidade de informações disponíveis, pois já existe importante descoberta na área, com óleo produzido e analisado.

 

"Isto quer dizer que o investidor que participar do leilão saberá exatamente qual o óleo contido no bloco e qual o seu valor de mercado", destacou Magda, por meio de nota à imprensa.

Uol

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