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A responsabilidade no retorno de Cássio

Não há exílio que não deseje a volta. E o de Cássio está perto de terminar. A um mês do afastamento definitivo do governo, o tucano conta os últimos dias para voltar ao estado que governou por longo seis anos. Agora sim. Volta sem trono formal. Retorna à vida real para conduzir um quadro político do qual não se poderia imaginar.

Qual Cássio virá do Rio de Janeiro? Que postura vai tomar diante do governo Maranhão III? E, principalmente, que postura vai adotar entre os próprios aliados e as especulações quanto à aliança com o prefeito Ricardo Coutinho? Além de metas e desejos, portanto, o ex-governador tem a obrigação de trazer na bagagem muitas respostas, já que sua ausência e seu silêncio deixaram muitas dúvidas, incertezas e curiosidades.

Enquanto ele esteve fora, muita coisa aconteceu. É como se tivesse deixado um monte de filhos adolescentes, pela primeira vez, cuidando sozinhos da casa. Uns fizeram festa com os vizinhos. Os outros desejaram coisas alheias. E somente poucos preferiram ficar quietos esperando “papai” chegar.

Primeira cobrança a que será submetido é sobre a possibilidade de aliança com Ricardo. Cássio deve colocar um ponto final nesta história de aliança ou, simplesmente, escancará-la de vez, a fim de construir um projeto sólido para 2010 e criar mais um inimigo para Maranhão.

O que não dá mais para admitir, do ponto de vista político, é que Cássio evite essa aliança, mas permita ainda mais a alimentação desse moído como se fosse um boato necessário à sobrevivência do grupo . Agora ou vai ou racha. O TSE acabou no dia 17 de fevereiro o tempo de indefinição na Paraíba. É hora de definir e acabar com as condicionais que fazem da política paraibana um eterno “se”.

Chega de dizer que não vai abandonar Cícero nem o PSDB e, além de enfatizar as qualidades da administração municipal, permitir que meio-mundo de aliados da base saia por aí dizendo que o melhor para o grupo é aliança com Ricardo. Atentem bem: Cássio não é mais governador da Paraíba e, portanto, não tem porque defender agora “boas relações institucionais” com Ricardo ou com quem quer que seja. Acabou. O debate de Cássio agora é inteiramente político. E só.
 

Não estou discutindo mérito, percebam bem. Estou discutindo os prazos. O que não se pode estender é a mesma relação de conivência que se encontrou no grupo esse tempo todo. Desse jeito só podemos esperar que Cássio alimente uma aliança com Cícero permitindo que o senador morra por inanição às portas da eleição de 2010. Isso seria pior do que trair.

Acabou a brincadeira. É hora de chegar e dizer: vamos ter candidato próprio e quem for contra isso que deixe a base agora. Ou então definir que o grupo não tem chances de disputar contra duas feras como Maranhao e Ricardo e vai ter que escolher no guarda-chuva de qual das duas vai assegurar uma sombrinha. O que seria extremamente compreensível.

A não ser que Cássio não queira sacrificar seu projeto ao Senado, permitindo todo tipo de aliança. Aí tudo bem. A política é, às vezes, matemática: não se ignora apoio de quem quer que seja. Mas a lealdade de Cássio a Cícero não pode ficar no campo da manutenção da aliança. Mas da cobrança de adesões.

Porque é fidelidade que Cássio vai cobrar daqueles que ficarem para se opor a Maranhão nos próximos meses. Ele é que vai dar o mote da pancada na nova gestão. E de forma clara. Não dá mais para Cássio adotar, então, uma postura que estimule especulações sobre a aliança com Ricardo. Ou é sim ou é não.
Cenas como a de alertar Ricardo sobre os perigos da lei eleitoral em plena inauguração do Aeroporto Castro Pinto na campanha de 2008 não poderão ser admitidas em caso de não aliança com o prefeito da Capital.

Há um círculo que se repete sobre a situação do PSDB na Paraíba. O senador Cícero Lucena não entra de cara numa pré-campanha ao governo porque diz que seus aliados estão namorando com Ricardo. E os aliados alegam que namoram com Ricardo porque Cícero não entra na pré-campanha de fato. O que não deixa de ter um fundo de verdade, dada o relativo acanhamento que Cícero vem tratando o projeto de disputar o governo em 2010.

Ambos, Cássio e Cícero, têm obrigação que mudar esta história, conforme o tempo exige. Seja convertendo esse círculo vicioso numa linha ascendente. Ou, simplesmente, colocando um ponto final nesta linha. 

 

 

Sutileza
Inteligência é a mola da política. E foi por ela que o prefeito Veneziano Vital do Rego impulsionou uma das melhores declarações sobre o caso Guilherme Almeida desde o impasse criado pelo PSB à sua nomeação ao governo Maranhão III.

Sem querer endurecer o discurso de cobrança, Veneziano simplesmente disse: a indefinição sobre a escolha da Secretaria de Interiorização vem retardando as relações institucionais do governo com as prefeituras.
 

Ô indireta direta danada.

Sutileza II
Foi também usando da mesma perspicácia que o deputado Manoel Júnior (PSB) alfinetou o prefeito Ricardo Coutinho. Consciente de que o prefeito exonerou seus aliados, Manoel Júnior alegou que vai manter o apoio à administração do prefeito da Capital, pontuando que “é o chefe do Executivo que decide quem vai tirar ou colocar na gestão. E não os de fora”.

Caio neles
Filho do deputado Wellington Roberto (PR), o jovem Caio Roberto já decidiu que disputará uma vaga de deputado estadual nas eleições de 2010 na Paraíba. Ajudando o pai no gabinete em Brasília, Caio Roberto é expert em Orçamento da União e espera contar com o apoio de boa parte dos 60 prefeitos ligados politicamente a Wellington Roberto na Paraíba. 

 


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