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Sucateado, HU pode parar por falta de médicos

Falta de médicos, equipamentos sucateados, atendimento precário, instalações inadequadas, morosidade na liberação do resultado de exames e para marcação de consultas, setores desativados. São muitas as queixas dos usuários de serviços da saúde pública no Brasil. Em qualquer lugar, seja na mais longínqua e subdesenvolvida localidade até nas grandes metrópoles, o cenário da saúde é o mesmo. Em parte, as deficiências acompanham também uma das unidades hospitalares de referência no Estado, o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), em João Pessoa.

Denúncias do Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior da Paraíba (SintesPB) revelam que a atual situação do HU na capital se resume assim: um verdadeiro caos. Uma das maiores complicações do complexo, segundo os sindicalistas vinculados ao hospital, é o reduzido quadro de profissionais, como médicos e enfermeiros.

A entidade estima que haja uma redução de mais 46 servidores (24 médicos e 23 enfermeiros), por conta de aposentadoria em 2010 e essa possibilidade vai agravar a atual defasagem de pessoal do HU. O professor João Flávio, diretor do Hospital Universitário Lauro Wanderley, vai mais além e prevê 110 aposentadorias de profissionais que atuam no hospital já no próximo ano. Sem nenhuma previsão para realizar concurso público. “O último edital anunciado pela Universidade Federal da Paraíba não contempla o HU. A solução seria de fato a realização de um concurso, mas não temos perspectivas para tal”, disse.
A coordenadora de saúde do sindicato e membro da Mesa Nacional de Negociação do Sistema Único de Saúde (SUS) Mariani de Oliveira acredita que a tendência é que o hospital paralise as atividades já no próximo ano. Se a previsão se concretizar, centenas de pacientes de vários municípios paraibanos que são encaminhados diariamente para o HULW vão ficar sem assistência, já que o hospital é referência por ser um dos mais completos do Estado nos segmentos de média e alta complexidade.

A dona de casa Bernardete Lourdes da Silva faz parte da relação de usuários do HU. Depois de quatro meses esperando pela autorização de encaminhamento e, após um mês até a marcação da consulta diretamente no hospital, ela foi avisada de que deveria remarcá-la, pois a médica havia faltado. “Isso é comum. Depois desse tempo todo esperando no Posto de Saúde da Família, lá em Santa Rita, agora vou passar mais uma eternidade aqui. Enquanto isso, meu problema vai se agravando”, declara, inconformada.

Mariani Oliveira explica que, ao contrário da função que deveria exercer, seguindo o tripé composto por pesquisa, ensino e extensão, o HU tem se tornado um hospital comum, destinado ao atendimento à comunidade, com prejuízos para as outras áreas a que foi criado. “O hospital perdeu o caráter de ensino e pesquisa e passou a ser um hospital meramente voltado para receber os pacientes”, disse.
 

 

Jornal da Paraíba

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