O discurso de diplomação do presidente Jair Bolsonaro seguiu todo o protocolo exigido para a ocasião. Sorrisos, afagos e acenos do eleito para os que se fizeram presentes à cerimônia. Agradeceu o apoio da família e os 57 milhões de votos obtidos. Jurou governar o país de forma justa, livre das amarras da corrupção, respaldando o diálogo e o processo democrático entre as instituições e a sociedade de forma ampla.
Foi um “espetáculo” de civismo, emocionando muitos com seu ouro de tolo reluzente; brilhante, mas de pouco valor. Disse o presidente na cerimônia: “A partir de 1º de janeiro, serei o presidente dos 210 milhões de brasileiros. Governarei em benefício de todos, sem distinção de origem social, raça, sexo, cor, idade ou religião”. Ele mentiu, e vem governando o Brasil como se administrasse o quintal da sua casa.
É certo que muitos daqueles que votaram no “mito” já levam o fardo do arrependimento; principalmente os que depositaram seus respectivos sufrágios em Bolsonaro para dar vigor ao movimento antipetista. Agora o índice de popularidade do presidente despenca a cada dia, e até a direita liberal já começa a entender que o governo federal não busca a desestatização do Estado e, sim, a ruptura ou a dissolução dele.
Como o rei francês Luis XIV, Bolsonaro entende que “L’Etat c’est moi”. Traduzindo: “O Estado sou eu”. E seguindo essa lógica distorcida, promove modificações no tecido social do país das mais variadas formas, entendendo que o Brasil está resumido à sua “Corte” mambembe e sua amada família, especialmente seus três filhos, quase príncipes, Flávio, Carlos e o “embaixador do hambúrguer” Eduardo.
Bolsonaro mentiu. Ele não governa para os 210 milhões de brasileiros. E agora passa a destilar gotas de preconceito, e até algum tipo de maldade, ao colocar o Nordeste na esfera dos “paraíbas”. Como no romance “Crime e Castigo”, do escritor russo Fiódor Dostoiévski, a região agora é perseguida por ter discordado, nas eleições passadas, dos seus ideais e plataforma política. Não custa lembrar que o “mito” foi vencido pelo candidato à presidência Fernando Haddad (PT) nos nove estados nordestinos.
Em entrevista na manhã desta quinta-feira, o presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Adriano Galdino (PSB), denunciou a perseguição que Jair Bolsonaro vem implementando contra o Nordeste, em especial à Paraíba. O parlamentar, de forma incisiva, disse que os recursos federais existem, mas a querela nada republicana do presidente, que já salientou não ter qualquer tipo de afinidade com o governador João Azevêdo, cria barreiras para que esses aportes financeiros cheguem ao Estado.
Agora a mesma “provocação” feita por Galdino, será repetida aqui e, tenho certeza, por outros paraibanos. É preciso que a nossa bancada federal reaja e entenda que, no caso em pauta, oposição e situação ao governo de Azevêdo deve buscar a união, a fim de defender, de forma lógica e organizada, os interesses do Estado. Por fim, Bolsonaro pode até querer, mas jamais será o próprio “Estado”. No máximo um “ex-milico” indisciplinado, e ao que parece, presidente de um mandato só.
Eliabe Castor
PB Agora