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Terrorista, suposto mentor de ataques em Paris, foi morto

 O belga Abdelhamid Abaaoud, apontado como mentor dos ataques terroristas de Paris, está morto, informou nesta quinta-feira (19) a Procuradoria de Paris. No total, 129 pessoas morreram e mais de 350 ficaram feridas nos atentados. O Estado Islâmico reivindicou sua autoria.

Abaaoud morreu durante operações da polícia francesa em Saint-Denis nesta quarta-feira (18) – seu corpo foi encontrado dentro do apartamento onde ocorreu a ação policial.

O corpo crivado de balas foi encontrado ao fim da operação no apartamento onde um grupo de jihadistas se entrincheirou, e a identidade foi determinada graças às impressões digitais, explicou a procuradoria.

"Abdel Hamid Abaaoud acaba de ser formalmente identificado, depois da comparação das impressões papilares (impressões digitais das mãos ou pés), como falecido no decorrer da operação realizada pela RAID (unidade de elite da polícia francesa) na rua Corbillon de Saint-Denis na noite de 18 de novembro", afirma um comunicado oficial.

A polícia francesa também confirmou que a mulher que morreu na mesma operação era prima. Ela se explodiu após a ação policial. Os dois foram os únicos mortos na ação- outras oito pessoas foram presas.

Segundo a emissora CNN, Abaaoud seria próximo do líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, e provavelmente era a ligação entre a liderança do grupo jihadista e seus integrantes na Europa.

O Exército francês havia tentado matar Abaaoud antes dos atentados, em outubro, durante bombardeios contra um campo de treinamento do Estado Islâmico para combatentes estrangeiros em Raqqa, na Síria, segundo fontes francesas.

O premiê francês, Manuel Valls, parabenizou a eliminação do suspeito. "Abaaoud, o cérebro desses atentados – um dos cérebros dos cérebros, porque sabemos que precisamos ser prudentes – se encontra entre os mortos", declarou diante dos deputados franceses.

Operação

A polícia primeiramente pensou que Abaaoud estivesse na Síria, mas as investigações levaram a uma casa em Saint-Denis, subúrbio de Paris, e oficiais fortemente armados entraram no prédio e iniciaram uma intensa troca de tiros nesta quarta.

Os policiais retiraram alguns moradores de apartamentos vizinhos antes de atacar aquele onde estaria o grupo de terroristas no terceiro andar.

Com a chegada da polícia, três pessoas foram detidas. Posteriormente uma mulher detonou um colete de explosivos. Centenas de tiros foram disparados e granadas também foram utilizadas na ação. Após o combate, um corpo foi encontrado um homem morto após ser atingido por tiros. A análise de material genético indicou se tratar do belga Abdelhamid Abaaoud.

Além dos três suspeitos que estavam no apartamento, outras cinco pessoas foram detidas na operação em Saint-Denis. O proprietário do imóvel disse que os acolheu a pedido de um amigo e que não sabia que se tratavam de terroristas.

As forças de segurança chegaram até o apartamento em Saint Denis após interceptações telefônicas. De acordo com a procuradoria de Paris, o grupo estaria pronto para a agir novamente. Eles programavam um ataque à La Defense, centro econômico de Paris, segundo a Reuters.

Perfil

Abdelhamid Abaaoud nasceu em 1987 no bairro de Molenbeeck, subúrbio de Bruxelas. Ele é conhecido como Abu Omar Susi, nome da região do sudoeste de Marrocos de onde sua família é originária, ou Abu Omar al Baljiki (Abu Omar ‘o belga’).

"Era um menino estúpido", que assediava colegas e professores e era detido por roubar carteiras, relatou, sob condição do anonimato, um ex-colega de turma ao tabloide belga La Dernière Heure.

Suspeito-chave destes ataques, Salah Abdeslam, ativamente procurado pela polícia, que também residiu em Molenbeeck, e seu irmão Brahim, que detonou os explosivos que levava junto ao corpo na sexta-feira, em Paris, conheciam Abaaoud.

Todos os três têm antecedentes criminais, segundo a polícia belga.

Não é a primeira vez que o nome de Abu Omar ‘o belga’ aparece em uma investigação. No início de 2014, ele estampou as capas dos jornais belgas por ter levado para a Síria o seu irmão Yunis, de 13 anos, apelidado de "o jihadista mais jovem do mundo".

Pouco depois, apareceu em um vídeo de propaganda do EI, com uma barba pré-púbere e um turbante do tipo afegão. Diante da câmera, na direção de uma caminhonete que arrasta corpos mutilados, Abaaoud se diz orgulhoso de cometer atrocidades.

 

Instigador

Com o perfil de um jovem "de classe média", o jornal flamengo De Morgen assegura que o pai de Abaaoud enviou seu filho a um excelente colégio de Uccle, no sul de Bruxelas.

"Tínhamos uma vida muito boa, uma vida fantástica, eu diria. Abdelhamid não era uma criança difícil e havia se tornado um bom comerciante. Mas, de repente, ele foi para a Síria. Nunca recebi qualquer resposta", havia declarado em janeiro o seu pai, Omar Abaaoud, ao jornal Dernière Heure.

"Abdelhamid envergonhou a nossa família. Nossas vidas foram destruídas", reagiu seu pai: "Por que, em nome de Deus, ele mataria belgas inocentes? Nossa família deve tudo a esse país", havia explicado Omar Abaaoud, cuja família chegou à Bélgica há 40 anos.

Ele disse que "nunca perdoaria" Abdelhamid por ter "arrastado" seu irmão mais novo Yunis.

Abaaoud, o mais conhecido dos quase 500 jovens belgas que deixaram o país para combater no Iraque e na Síria, também está ligado à "célula de Verviers".

Em Verviers, uma cidade do leste da Bélgica, a polícia lançou em 15 de janeiro, uma semana depois dos ataques de Paris, uma operação destinada a desmantelar um ataque "iminente". Dois dos suspeitos morreram.

 

Abaaoud não estava no local. Mas no início de fevereiro, ele reivindicou em uma entrevista à revista do Estado Islâmico, que "planejou" estes ataques frustrados.
"Finalmente conseguimos chegar na Bélgica. Conseguimos armas e um esconderijo, enquanto planejamos operações contra os ‘cruzados", havia dito.

Segundo a imprensa belga, Abaaoud chegou a ser localizado na Grécia de onde se comunicava com os dois jihadistas mortos em Verviers.

A polícia grega não conseguiu prendê-lo durante uma operação em Atenas.

"Consegui sair e retornar a El Sham (que em árabe significa Grande Síria, ou a sua capital Damasco), apesar da vigilância de muitos serviços secretos", comemorou na revista.

A justiça suspeita que ele tenha instigado um jihadista francês preso em 11 de agosto em seu retorno da Síria a atacar "um alvo fácil", como uma casa de shows.
Em julho, ele foi condenado, em Bruxelas, à revelia, a 20 anos de prisão por recrutamento de jihadistas belgas para a Síria.

 

Foto: Social Media Website via Reuters

G1

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