O porta-voz do Ministério Público da Suíça, Rainer Angst, confirmou nesta quinta-feira que a confissão da brasileira Paula Oliveira feita à polícia no dia 13 de fevereiro – dizendo que ela não foi atacada por um grupo de neonazistas – não pode ser utilizada como prova no inquérito aberto contra ela.
A informação tinha sido dada na quarta-feira à BBC Brasil pelo advogado de Paula, Roger Müller.
"Realmente, como disse o advogado dela de forma resumida, a Justiça suíça só considera válida uma confissão feita perante um promotor público, o que não aconteceu", explicou Angst.
A confissão de Paula foi feita apenas à polícia de Zurique. Segundo o advogado dela, Paula deve prestar novo depoimento à Promotoria ainda nesta semana.
Angst lembrou, no entanto, que o eventual depoimento de Paula não será o único elemento a ser considerado no processo.
"Ela é livre para falar o que quiser, mas as afirmações desta mulher até o momento foram contraditórias. Primeiramente, ela disse ter sido atacada, que estava grávida e que foi ferida por três neonazistas. Depois, ela afirmou que nada disso era verdade."
"Vamos ter de avaliar se o que ela falar no interrogatório coincide com as outras provas que já temos", explicou Angst, referindo-se aos resultados de exames laboratoriais e ginecológicos que indicaram que Paula não estava grávida e que ela mesma poderia ter feito os ferimentos em seu corpo.
"O que queremos é reunir todas as provas e afirmações e tentar chegar a uma conclusão sobre o que aconteceu e quais foram os motivos por trás disso."
Atenuante
Perguntado se a promotoria pode pedir uma avaliação psiquiátrica de Paula, Angst disse que esta é uma possibilidade.
O porta-voz também explicou que nos tribunais suíços uma confissão pode amenizar a pena do acusado, mas não soube dizer se no caso de Paula a confissão seria uma atenuante.
"Neste momento não sabemos nem se ela receberá alguma punição", afirmou Angst, ressaltando que é muito cedo para fazer qualquer previsão do desfecho do caso "que não seja pura especulação".
uol
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