A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (29) que os preços da gasolina e do diesel serão reajustados a partir deste sábado (30) nas refinarias. O reajuste será de 4% para a gasolina e de 8% para o diesel, atendendo aos princípios de uma nova política de preços a ser implementada pela empresa.
O último reajuste feito pela estatal ocorreu em março deste ano, quando o diesel subiu, em média, 5% nas refinarias. Em janeiro, a Petrobras reajustou o diesel em 5,4% e a gasolina, em 6,6%.
Segundo comunicado divulgado ao mercado, os novos preços passam a vigorar a partir da 0h deste sábado.
"Os preços da gasolina e do diesel, sobre os quais incide o reajuste anunciado, não incluem os tributos federais Cide e PIS/Cofins e o tributo estadual ICMS", informou a Petrobras. O reajuste de 4% é na gasolina A. Ou seja, no combustível que é distribuído pela estatal, antes da adição de etanol (atualmente em percentual de 25%).
Como a Cide já está zerada, o novo reajuste nas refinarias tenderá a ser necessariamente repassado para os preços ao consumidor.
Reflexo para o consumidor
Na bomba, o repasse deve ficar muito próximo do anunciado pela Petrobras tanto para a gasolina quando para o diesel, segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), João Alberto Gouveia. A expectativa, segundo ele, é que todos os postos elevem os preços até o fim da semana que vem, à medida que recebam combustível com o preço reajustado.
O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, estima que nas bombas dos postos o preço da gasolina irá subir cerca de 3% e o do diesel por volta de 5%.
Para economistas ouvidos pelo G1, o reajuste deverá refletir também em outros setores, sobretudo os que dependem de transporte, como alimentos.
Nova política de preços
A Petrobras informou também que o conselho de administração da estatal aprovou nesta sexta a implementação de uma nova política de preços, mas "por razões comerciais, os parâmetros da metodologia de precificação serão estritamente internos à companhia".
A companhia não deixou claro se a proposta de reajustes de preços automáticos foi descartada. A Petrobras disse que não vai revelar os parâmetros da nova metodologia de preços. No fato relevante, a Petrobras informa que esses parâmetros ficarão ”restritos à companhia".
"Caberá ao Conselho de Administração avaliar a eficácia da política de preços da Petrobras por meio da evolução dos indicadores de endividamento e alavancagem da Companhia", diz o comunicado.
Em outubro, a Petrobras apresentou uma nova metodologia de reajuste, de forma a trazer maior previsibilidade do alinhamento dos preços domésticos do diesel e da gasolina aos preços praticados no mercado internacional. A proposta, no entanto, encontrou resistência por parte do governo.
A metodologia contemplaria reajuste automático do preço do diesel e da gasolina em periodicidade a ser definida antes de sua implantação, baseado em variáveis como o preço de referência desses derivados no mercado internacional, taxa de câmbio e ponderação associada à origem do derivado vendido, se refinado no Brasil ou importado.
A Petrobras informou nesta sexta que a política de preços será aplicada de forma a assegurar que os indicadores de endividamento e alavancagem da companhia retornem aos limites estabelecidos no Plano de Negócios e Gestão 2013-2017. Segundo o fato relevante, o objetivo é "alcançar, em prazo compatível, a convergência dos preços no Brasil com as referências internacionais" e "não repassar a volatilidade dos preços internacionais ao consumidor doméstico".
Medida para reduzir prejuízo da estatal
O novo reajuste era defendido há meses pela diretoria da estatal diante do descolamento entre os preços cobrados dos motoristas brasileiros e o quanto a empresa paga para importar o combustível.
No Brasil, o preço da gasolina varia de capital para capital – o que depende de fatores como a distância da refinaria, a concorrência entre os postos etc. Atualmente, o governo controla, na prática, os reajustes de combustíveis da estatal com base, principalmente, em questões relacionadas à inflação. Isso porque o aumento dos preços do combustível impacta na inflação que, neste ano, chegou a ficar acima do teto de 6,5% da meta do governo – em junho, o IPCA em 12 meses ficou em 6,7%.
A alta dos combustíveis, no entanto, já era aguardada pelo mercado e por acionistas da Petrobras como uma medida para diminuir o prejuízo da companhia com a alta do preço do petróleo no mercado internacional e com a valorização do dólar. No terceiro trimestre, o lucro da Petrobras caiu 45% sobre o trimestre anterior, para R$ 3,395 bilhões. A queda foi de 39% em relação ao mesmo período do ano passado.
Nesta sexta-feira, as ações da Petrobras avançaram mais de 2%. Mas, no mês, o papel preferencial da companhia caiu 6,4%.
A diferença entre os preços do mercado interno e externo chegou a quase zero em abril. Com a alta do dólar, contudo, bateu os R$ 0,42 centavos por litro em agosto. Hoje, está em torno de R$ 0,13% por litro, de acordo com informações do Bom Dia Brasil.
G1
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