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“Paixão do Menino Deus”

Uma reflexão sobre os pilares da violência urbana, mostrando que o caminho da paz passa antes de tudo pela justiça social. Até mesmo nos grupos de garotos, distribuídos em guetos e comandados por chefes de tráfico, a esperança nunca está perdida. Nessa zona perigosa do subúrbio, um menino resolve abraçar a causa dos demais e paga um alto preço por isso. É nesse tom contemporâneo, sem perder de vista a nuance sacra, que o espetáculo ‘Paixão do Menino Deus’, de Tarcísio Pereira, vai revelar a mensagem atemporal de Jesus Cristo. A realização do evento, que acontece de 8 a 12 de abril, na Praça Dom Adauto, no Centro Histórico da cidade de João Pessoa, capital da Paraíba, é da Prefeitura Municipal através de sua Fundação Cultural (Funjope).

Esta já é a quinta edição da encenação da Paixão de Cristo em novo formato, proposto pela atual gestão da Prefeitura de João Pessoa. O texto de Tarcisio Pereira foi o ganhador do processo seletivo da versão 2009. O teatrólogo também está assinando a direção e a cenografia concebida da peça. A expectativa de público nos cinco dias de evento é de, aproximadamente, 20 mil pessoas.

Para Tarcísio, o espetáculo propõe ações urgentes por parte de todas as esferas sociais. “Além de refletir sobre um tema contemporâneo, o espetáculo se propõe a ser um projeto de conscientização social, a partir da mensagem cristã”, enfatizou o diretor.

O espetáculo narra a trajetória de um garoto de subúrbio, Emanuel, uma espécie de “Menino Deus”. Ele resolve abraçar a causa dos demais, que estão distribuídos em guetos, comandados por chefes de tráfico e envolvidos com entorpecentes. Ao mesmo tempo, elementos simbólicos inseridos na encenação contemporânea pontuam as referências do presente com o passado ocorrido há mais de dois mil anos. É desta forma que o enredo sacro é costurado ao universo dos jovens moradores de rua. Enquanto isso, o Cristo verdadeiro acompanha tudo, lembrando dos seus passos pela Terra.

O espetáculo será encenado uma vez na quarta (8) – quando haverá a sessão especial para convidados – e na quinta-feira (9), às 20h. Da sexta-feira (10) até o domingo (12), serão realizadas duas sessões por dia, sendo a primeira às 19h e a outra às 21h. Cada apresentação deverá ser vista por cerca de 2.500 pessoas. O evento conta com 60 atores e atrizes em cena, envolvendo diretamente ainda uma média de 150 profissionais.

Música que prepara a alma – A trilha sonora original, composta pelo maestro Eli-Eri Moura, tem um papel fundamental como elemento da dramaturgia. Ela ambienta a cena, pontua os dois universos e ainda ajuda a narração. Durante o espetáculo, não apenas os 12 integrantes do madrigal cantam. Em alguns momentos, até os atores soltam a voz. Há também uma orquestra de câmara que pontuará cada cena.

Ainda no contexto da trilha sonora, duas linguagens são utilizadas. Uma delas está relacionada aos sons e ritmos do pop urbano contemporâneo, que inclui rock, rap, funk, raggae, hip-hop, além de música afro-brasileira e nordestina. A segunda diz respeito ao canto sacro, em uma contextualização moderna, desde o litúrgico até o gospel. O tratamento foi feito com estilizações, orquestrações e arranjos específicos. A função é conceder unidade e coerência ao conjunto da obra, preparando a alma do espectador.

Versões anteriores – Historicamente falando, especialmente no Nordeste, há uma relação íntima e profunda entre cultura popular, arte e religião. Juntas e integradas, elas representam a expressão de um povo. A partir desse princípio, a Funjope propôs unir ainda mais os três aspectos, que ajudam a formar a identidade local. A escolha recaiu sobre a encenação da Paixão de Cristo, realizada anualmente durante a Semana Santa.

O novo formato foi implantado em 2005. A partir daí, a cada ano, haveria sempre enredos diferentes. Com a inovação, foi oferecido o terreno propício para um espetáculo rico em personagens, expressões e linguagens. A implementação terminou por valorizar os artistas da cidade, desde atores, músicos, encenadores, bailarinos, figurinistas e demais especialistas que são referência nacional e até internacional. Isso sem falar no aproveitamento da mão-de-obra local, a exemplo de costureiras, iluminadores e demais profissionais envolvidos com a infraestrutura do espetáculo.

Anualmente, uma comissão formada por especialistas da área de teatro escolhe um projeto. Na edição atual, a proposta ganhadora passou por um processo seletivo simplificado. Com isso, os concorrentes tiveram que incluir no ato da inscrição tanto o texto como a concepção de espetáculo. Já os atores foram determinados pelo diretor ganhador, depois de testes feitos com os candidatos à função.

Antes de 2005, o espetáculo da ‘Paixão de Cristo’ era dublada. Agora, a nova versão é apresentada ao vivo. As quatro primeiras edições com novo formato foram ‘Mistérios da Paixão’ (direção, Eliézer Rolim e texto de Diógenes Maciel), ‘Cordel da Paixão de Deus’ (Duílio Cunha na direção e autoria de Tarcísio Pereira); ‘Jesus uma Paixão’ (direção de Humberto Lopes e texto de Cely Freitas); e ‘Maria canta a Paixão’ (Antônio Deol como diretor do texto de Helena Madruga e Luiza Barsi).

SECOM

 

 

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