No Posto 5, na praia de Boa Viagem, em Recife (PE), o surfe faz parte de um protesto polêmico. O motivo é que as águas estão cheias de tubarões e os surfistas sabem disso. Nas paredes do local, é possível ver pichações com os dizeres: “Tubarão na panela”.
O músico Raz Henrique é líder do movimento “surfe suicida”, em que os surfistas se jogam no mar mesmo sabendo que o local tem tubarões. “Mesmo sabendo do problema, eu quis tomar essa atitude para chamar a atenção do pessoal. As ações que sacodem a sociedade têm de ser drásticas”, diz.
Para os surfistas do grupo autointitulado P5, a solução seria exterminar todos os tubarões da área. “Assim como se a minha casa fosse invadida por ratos, eu vou ter que exterminar esse ratos”, diz o médico Arthur Tavares.
Outro grupo, denominado Pró Pesca arrecada dinheiro e vai, em barcos pesqueiros, atrás do que considera o ‘inimigo’. “A gente tem de primar pela segurança da população”, destaca o engenheiro de pesca Bruno Pantoja.
Pantoja conta que é imprevisível a quantidade de tubarões que se pode capturar. Imagens postadas na internet mostram alguns dos resultados da pesca promovida pelo grupo. A videorrepórter Bárbara Veiga embarcou com o grupo numa expedição. Veja no vídeo ao acima.
A atitude dos ativistas antitubarões é criticada por especialistas e autoridades. “A única maneira para resolver o problema seria fechar o porto de Suape, o que é obviamente inconcebível do ponto de vista socioeconômico. Aterrar todo o canal que existe em frente a Boa Viagem, o que é inconcebível do ponto de vista ambiental. Ou exterminar todos os tubarões-tigres que existem no Oceano Atlântico, o que é muito menos concebível ainda do ponto de vista da sustentabilidade ambiental”, diz Fábio Hazin, ex-presidente da Comissão estadual de Monitoramento de Tubarões .
Mas quem caça tubarões pode ser multado e até preso. “Nós temos uma denúncia para o Ibama, uma para a Delegacia de Crimes Ambientais, Ministério Público e a coisa continua. Porque eu acho que eles convidarem você para fazer uma expedição de caça um absurdo”, destaca Rosangela Lessa, presidente da Comissão estadual de Monitoramento de Tubarões.
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