Os jovens brasileiros estão mais esperançosos com o futuro do país. Quem chega a essa conclusão é a empresa de mapeamento de tendências Box1824, que entrevistou 3000 garotos e garotas entre 18 e 24 anos, de todas as classes sociais, para descobrir o que eles pensam sobre o país e sobre a sua geração. O estudo, que faz parte do projeto intitulado “O Sonho Brasileiro” e demorou um ano e meio para ser concluído, constatou que 89% dos jovens têm orgulho de ser brasileiro, sendo que 76% acreditam que o país está mudando para melhor. Os dados são positivos e revelam bastante otimismo entre as 25 milhões de pessoas que fazem parte desta faixa etária atualmente.
O levantamento mostra que esses números são resultados de diversos fatores. No campo social, isso se deve a esse grupo ter crescido no período pós-ditadura, imerso em novas tecnologias e com a inflação controlada. Diante da situação econômica mais promissora, o jovem encontra um país cada vez mais importante no cenário internacional, pronto para superar crises, além de ser escolhido para sediar grandes eventos esportivos.
A cara da nova geração
Mas, se o país vai bem, qual é a cara da juventude, associada normalmente a movimentos de ruptura? No passado, ela enfrentava realidades distintas. Nos anos 1960, o jovem tinha sonhos grandiosos e utópicos. A geração seguinte possuía sonhos possíveis, porém individualizados. A atual tem desejos alcançáveis e quase sempre focados no coletivo. Desses jovens, por exemplo, 77% acreditam que o seu próprio bem-estar depende da satisfação da sociedade em que vive. “É dever do cidadão pensar no coletivo”, afirma o estudante Felipe Gonçalves Guimarães, de 18 anos.
A pesquisa, antes mesmo de constatar o otimismo com o país, provocou os jovens a refletirem sobre os anseios pessoais. Assim como Felipe, cujo maior sonho é ser bem-sucedido nos cursos de Cinema e Publicidade e Propaganda, a maioria, 55%, cita como primeira opção o desejo de se formar e conseguir emprego. Outros 24% logo escolhem alcançar o trabalho dos sonhos. Mais uma constatação dos pesquisadores é a de que essas pessoas querem fazer aquilo que gostam e não pensam apenas no dinheiro. Roberto Moreira Lage Júnior, de 20 anos, estuda direito, mas coloca a vontade de se sentir realizado profissionalmente na frente da estabilidade financeira. “Fazer o que dá dinheiro, mas não dá prazer, pode vir a se tornar insuportável”, acredita.
Esse pensamento é compartilhado por Gabriel Vasques, 18 anos, que afirma categoricamente: “Meu maior sonho é conseguir viver de música”. Para ele, a realização pessoal é o mais importante. “Estou colocando como prioridade aquilo que gosto, não faço questão de um salário absurdo para me sentir realizado”, acrescenta. O que a pesquisa mostra é que essa geração não nega questões como dinheiro e estabilidade, mas a diferença é que não se contenta só com isso e quer unir a realização pessoal com a profissão dos sonhos. “Fazer o que gosta, mas não ter condições de sobreviver, também não é possível”, pondera Roberto. A percepção é de que os profissionais mais admirados são os que conseguem aliar trabalho e felicidade.
Sonhos para o Brasil
Quando o tema em pauta é o país, e não o indivíduo, 18% sonham com menos violência, seguido pelos 13% que citam a necessidade de menos corrupção. Gabriel se encaixa nesse quadro e acredita que o desvio de verba pública acontece em quantidade absurda e deseja a diminuição dessa realidade. Para mudar o que está errado, o estudo aponta o próprio jovem como catalisador do progresso, isso porque historicamente essa faixa de idade busca ampliar suas liberdades de escolha e expressão ao revolucionar costumes.
IG
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