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Reprodução assistida torna gestações múltiplas cada vez mais comuns

Partos multiplos são cerca de mil vezes mais comuns que há dez anos. Americana, mãe de outros seis filhos, teve óctuplos na segunda-feira (26).  

Com a popularização da reprodução assistida, gestações múltiplas são cada vez mais comuns. Ainda assim, um parto realizado segunda-feira (26) em um hospital da Califórnia, nos Estados Unidos, chamou a atenção do mundo. Uma mulher de origem iraquiana, mãe de outros seis filhos, teve óctuplos : oito bebês de uma vez só! Um detalhe: todos os 14 filhos foram fruto de reprodução assistida.

 

Foi uma gravidez arriscadíssima, um parto que mais parecia um congresso médico. A cesariana durou apenas cinco minutos e envolveu nada menos que 46 médicos e enfermeiros. Nasceram seis meninos e duas meninas, a maioria pesando em torno de um quilo. O mais magrinho, o penúltimo a nascer, tinha 520 gramas. Vieram com nove semanas de antecedência e agora lutam pela vida.

“É uma historia que teve um final feliz, mas é uma história que tinha tudo pra não ter dado certo”, alerta o diretor da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro. “O útero não foi feito pra receber mais que uma gravidez”, explicou.
 

 

Risco infinitamente maior correu dona Hermínia, na década de 50. Prestes a ter trigêmeos no interior de São Paulo, ela passou sufoco ao ser rejeitada por duas parteiras experientes. “Não quiseram nem olhar, nem ver, saíram correndo as duas”, lembra a senhora. Milton, Wilson e Ademir só vieram ao mundo porque a terceira parteira, felizmente, não fugiu.

“Lembro desses assim, quando eles eram desse tamanhinho”, contou. “Todos nasceram com o mesmo peso, 3 quilos e 200 cada um. Depois eu fiquei 12 dias na cama sem andar.”

Atualmente são registrados cerca de mil vezes mais partos de ordens grandes, quíntuplos ou mais, que há dez anos. “Todo parto múltiplo leva à prematuridade, consequentemente com problemas respiratórios, cardíacos e de evolução mais lenta”, explicou Jofre, pediatra-chefe de UTI neonatal. “Eles precisam ser alimentados por sonda, não conseguem sugar. Na maioria das vezes não têm defesa contra infecção”.

Dos primeiros óctuplos nascidos nos Estados Unidos há dez anos, apenas um não sobreviveu. Assim como essa nova mãe de óctuplos, que pediu para não ser identificada, a nigeriana Nkém Tchúku tinha feito tratamento para engravidar.

Quanto maior o número de fetos dentro do útero, maiores os riscos tanto para mãe quanto para o feto. Nos dois casos, os médicos ofereceram a alternativa de reduzir o número de embriões dentro do útero, abortando alguns dos bebês no começo da gestação. As duas mães disseram não.

Grávida de quadrigêmeos, a psicóloga carioca Kássia fez a mesma escolha. Ela justificou: “não tinha como escolher dois que iam morrer, dois que iam viver”. Miguel, Pedro, Thiago e Carlos vieram depois de cinco anos de tentativas de engravidar. Em 2006, Kássia implantou quatro embriões no útero, o máximo recomendado hoje pelas normas médicas. Todos vingaram.

“Miguel vazou líquido amniótico, aí teve uma infecção, problema respiratório”, contou a psicóloga. Carlinhos teve problema de apneia, Thiago teve uma infecção e teve que fazer uma transfusão”, conta a mãe.

No início eram 1080 fraldas por mês. “Aqui é fila pra comer, fila pra tomar banho…”, explica Kássia. “Sem ajuda seria impossível, e tem dia que dá vontade de surtar mesmo. Mas é uma delícia, hoje eles estão supersaudáveis, sem problema nenhum.

E o que será que as crianças pensam de dividir o aniversário com tanta gente? Os quadrigêmeos, de Rondonópolis, em Mato Grosso, ficaram com trauma da escola.

“Eu sempre queria que me chamassem pelo nome, e aí a mulher ia lá: – quadrigêmeos! A gente começou a reclamar e nos últimos tempos passaram a chamar Ana Cláudia, Ana Luiza, Fernando e João Neto”, conta um deles.

Os primeiros quíntuplos de proveta do Brasil, nascidos no Recife, já estão com quase dez anos. “É legal que eu tenho muitas pessoas pra brincar, e é chato que a gente briga”, diz uma das crianças.
 

 

 

G1

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