Categorias: Política

Suspeitas constrangem o Congresso

PUBLICIDADE

 As recentes denúncias contra os candidatos favoritos às presidências da Câmara e do Senado têm gerado dois fatos entre uma parcela minoritária dos parlamentares. Experimentando um sentimento de constrangimento pelas suspeitas em torno dos nomes do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), parlamentares começam a buscar alternativas viáveis para derrotá-los na disputa pela principal cadeira das duas Casas.

 

Até o momento, a expectativa é que Henrique Alves seja eleito presidente da Câmara e Renan retorne à principal posição do Senado, de onde saiu em 2007 após renunciar em meio a uma série de denúncias. Mesmo assim, parlamentares tentam articular uma reação para ao menos marcar uma posição contrária às candidaturas dos dois. O receio é uma piora na imagem do Congresso, já abalada pela reincidência nas denúncias de irregularidades nas duas Casas.

 

“Ter dois presidentes com muitas denúncias piora ainda mais a imagem do Congresso. Imagem que já não é muito boa”, avaliou o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer. É dessa forma que uma parcela de deputados e senadores pensa. Apesar de concordarem que a tarefa de derrotar Henrique Alves e, especialmente, Renan é complicada, não deixam de mostrar insatisfação com a situação.

 

Na Câmara, a situação para o atual líder do PMDB é um pouco mais complicada. Por enquanto, ele enfrenta três candidatos. Júlio Delgado (PSB-MG), Rose de Freitas (PMDB-ES) e Ronaldo Fonseca (PR-DF) anunciaram suas candidaturas. Mesmo não contando com apoio formal de seus partidos, eles têm influências expressivas dentro da Casa, como entre as bancadas feminina e evangélica e o chamado “baixo-clero”, grupo de deputados que não integram a cúpula da Casa.

 

Para Fleischer, ainda é uma incógnita se as denúncias recentes contra Henrique Alves vão afetar sua eleição. Porém, ele acredita que o peemedebista tem um caminho mais tortuoso pela frente. Por dois motivos. Primeiro, pela possibilidade de novas denúncias aparecerem. Depois, pelo fato de o líder da bancada do PMDB na Câmara já ter tido problema com deputados do baixo clero. “Não sei se Henrique está cuidando do baixo clero”, afirmou o cientista político.

 

“A gente tem de criar uma alternativa, não dá pra aceitar como natural essas candidaturas pelo fato de o partido ser majoritário e ter acordo com o PT, o outro principal partido”, disse o líder do Psol na Câmara, Chico Alencar (RJ). Para o deputado, que já conversou com Rose e Delgado, uma nova candidatura avulsa não está descartada. “A gente não discutiu nomes. Não estamos satisfeitos com as candidaturas favoritas postas.”

 

Chico Alencar quer que o novo presidente da Câmara tenha compromisso com a transparência, a austeridade e o protagonismo do Parlamento. Ressalta que, em tese, ninguém é contra esses temas, mas, na prática, a situação se modifica. Por isso, ele entende que é preciso reunir um grupo de deputados para apoiar a candidatura que “melhor expresse isso”. “O ideal é que tenha um candidato de um partido com mais densidade que assuma essas bandeiras”, comentou. Uma das alternativas é o deputado Reguffe (PDT-DF), que não respondeu ainda sobre o convite e sinaliza simpatia à candidatura de Júlio Delgado.

 

Mesmo com as denúncias, Chico entende que a candidatura de Henrique Eduardo Alves ainda é a favorita. Adianta, porém, que os deputados descontentes com a candidatura do peemedebista vão fechar uma plataforma comum em torno dos princípios e analisar os nomes na disputa. “Uma candidatura alternativa, mesmo que não venha a vencer, é um norte para uma postura vigilante para a presidência de cada Casa”, disse.

 

Falta de adversários

Enquanto na Câmara já são quatro candidatos declarados, no Senado o favorito para ser eleito presidente está de férias. Renan Calheiros, atual líder do PMDB, até o momento não oficializou sua candidatura. Isso só deve ocorrer em 28 de janeiro, quando a bancada peemedebista se reúne para definir o próximo líder e quais cargos vai ocupar na Mesa Diretora e nas comissões permanentes.

 

De uma certa forma, a demora em oficializar sua candidatura acabou neutralizando boa parte das alternativas possíveis ao seu nome. Desde novembro, senadores da oposição e de grupos independentes cogitaram alternativas para disputar o cargo. Reuniões e jantares ocorreram em Brasília na tentativa de formar uma candidatura. Isso acabou não ocorrendo.

 

Por enquanto, somente o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) decidiu concorrer contra Renan. Por uma decisão da cúpula nacional do seu partido, ele vai entrar na disputa. Seu nome, no entanto, não consegue unir a oposição. Ontem, o líder do PSDB, Alvaro Dias (PR), disse não apoiar Randolfe e que continua na procura por um novo candidato. Para ele, o nome ideal é de Pedro Taques (PDT-MT).

 

“O Randolfe aceitou, e vejo essa candidatura dele com a maior simpatia. Mas não é uma candidatura para ganhar. Queria que o Luiz Henrique saísse. Mas ele está numa posição […]. Ele não aceitou”, resignou-se o senador Pedro Simon (PMDB-RS), um dos integrantes do grupo dos independentes no Senado, fazendo referência ao senador Luiz Henrique (PMDB-SC). “Randolfe é moço e corajoso. O meu voto ele tem. Para ganhar, quem sabe dizer?”, completou.

 

Na Câmara e no Senado, a tradição é que o partido com a maior bancada eleja o presidente. Entre os deputados, o PMDB tem a segunda maior bancada. Mas, por conta de um acordo celebrado em 2010 que levou Marco Maia (PT-RS) à presidência no ano seguinte, a legenda tem o apoio petista para o cargo. Entre os senadores, os peemedebistas são maioria.

 

Por essa situação, Simon não vê grandes chances de Renan perder a eleição. Além disso, aponta que a integração do partido com o governo Dilma Rousseff está maior do que nos tempos de Lula. Ele cita o vice-presidente da República, Michel Temer, e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), como próximos da presidenta. E lembra que Renan integra a cúpula do partido. “A integração com a Dilma é forte mesmo. Eles estão integrados no governo. A Dilma está perfeitamente integrada nesse esquema”, acrescentou.

 

O cientista político David Fleischer ainda acrescenta um outro fator que favorece Renan e dificulta o crescimento de uma candidatura avulsa: a diminuição da oposição no Senado. Com a cassação de Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) por falta de decoro parlamentar, o movimento perdeu ainda mais força. “A oposição já saiu enfraquecida das eleições. E com o caso Demóstenes ficou mais ainda”, disse.

 

A escolha do presidente do Senado está marcada para o próximo dia 1º, quando os parlamentares voltam aos trabalhos. No dia 4, é a vez de os deputados irem às urnas.

 

 

Congresso em Foco

PUBLICIDADE

Últimas notícias

Rombo de quase R$ 15 bi nas contas municipais será desafio para prefeitos eleitos em outubro, alertam especialistas

O rombo dos municípios brasileiros em fevereiro deste ano somava R$ 14,7 bilhões no acumulado…

3 de maio de 2024

Vereador cita que na CMCG existe ´Camaleônicos´ e lembra que colegas que tentaram destruir Romero hoje o abraçam

Em depoimento ontem (02), na Tribuna da Câmara Municipal de Campina Grande o vereador Alexandre…

3 de maio de 2024

Prefeito Emerson Panta lança São João de Santa Rita 2024 com atrações inéditas

Evento promete movimentar a economia local e celebrar tradições juninas com uma programação diversificada O…

3 de maio de 2024

Incêndio de grandes proporções deixa moradores em alerta, no bairro Alto do Mateus, em João Pessoa

Um incêndio de grandes proporções foi registrado, no início da manhã de hoje (03), em…

3 de maio de 2024

Veja a relação dos 35 celulares que vão parar de funcionar no WhatsApp

Por meio de comunicado oficial, o WhatsApp anunciou uma grande de lista de celulares Android…

3 de maio de 2024

Paraíba confirma quarta morte por dengue em 2024 e vacinação é ampliada

Mais uma morte provocada por dengue é registrada na Paraíba. A Secretaria de Estado de…

3 de maio de 2024