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Sudão realiza primeira eleição pluripartidária em mais de 20 anos

Oposição ameaça boicotar pleito, mas presidente Omar al Bashir diz que processo será limpo

O Sudão realiza, entre o próximo domingo (11) e a terça-feira (13), suas primeiras eleições gerais pluripartidárias em mais de 20 anos.

Em meio a acusações de fraude e ameaças de boicote ao pleito, o polêmico presidente, Omar al Bashir, prometeu que a votação será exemplar e garantiu a legitimidade do processo.

Al Bashir, de 66 anos, governa o maior país da África desde que deu um golpe de Estado com o apoio de militantes islâmicos, em 1989. Nestas eleições – presidenciais, legislativas e regionais -, o presidente passará por sua primeira prova eleitoral depois de mais de duas décadas de poder absoluto.

Em 1996 e 2000, Al Bashir já havia vencido duas eleições presidenciais sem oposição, consideradas uma farsa tanto pela comunidade internacional como pelos sudaneses. O mandatário, que tem contra si uma ordem de captura do Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra e crimes contra a Humanidade em Darfur, no oeste do país, pretende responder a esse tribunal com um forte apoio popular.

Yaser Arman, representante dos ex-rebeldes do Movimento Popular de Libertação do Sudão (SPLM), era o principal rival do presidente sudanês, até que retirou sua candidatura. Ele explica:

– Estas eleições são um grande espetáculo de Al Bashir contra o TPI.

A oposição e os ex-rebeldes, que depois da assinatura de um acordo de paz em 2005 fazem parte do governo de coalizão, acusam o Partido do Congresso Nacional, do presidente Al Bashir, de preparar uma fraude eleitoral. O mandatário nega:

– As eleições serão equitativas e livres, limpas e exemplares.

O presidente confia tanto em sua candidatura que apelou para religião para incentivar as pessoas a votar:

– As eleições são uma obrigação religiosa.

As declarações foram feitas dois dias depois de partidos da oposição e do SPLM terem confirmado e estendido o boicote, tirando a credibilidade do processo eleitoral.

O analista sudanês Haydar Ibrahim diz que, sem oposição forte, a vitória do atual presidente é certa:

– A retirada de Yaser Arman dá a vitória a Al Bashir.

 

Segundo especialistas políticos, se vencer a eleição presidencial por ampla maioria, Bashir poderá não ter o reconhecimento da comunidade internacional.

Al Bashir organizou solidamente sua campanha, baseando-a no desenvolvimento econômico e no confronto com o Ocidente. Ele percorreu todo o país, indo inclusive Darfur, região sacudida pela guerra civil.

A oposição mergulhou em disputas internas. O partido Umma (nacionalista) também decidiu na última quarta-feira (7) boicotar as eleições. Roland Marchal, especialista em Sudão, afirma:

– A grande fraqueza da oposição sudanesa é sua incapacidade de chegar a um acordo sobre um nome para enfrentar Al Bashir. Se tivessem um nome, qualquer que fosse ele, dizendo “este é o candidato da oposição para enfrentar Al Bashir”, seria o presidente que estaria em apuros.

Além de eleger o presidente, os sudaneses votarão para designar os deputados da Assembleia Nacional, os governadores dos Estados e os parlamentares das assembleias regionais. A região semiautônoma de Sudão Sul elegerá também o presidente do governo local.

 

 

 

R7

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