A regra é clara e deve valer para todos: quem errou que pague pelos seus erros; se cometeu corrupção e há provas inquestionáveis, que seja punido de forma exemplar. Seja Livânia Farias, Waldson de Souza, Gilberto Carneiro e até João Azevedo e Ricardo Coutinho. Não interessa, dura lex sed lex.
Agora imagine o que seria, para a Paraíba, o seguinte cenário: todo esse povo na cadeia, inclusive, Ricardo Coutinho e João Azevedo, este naturalmente depois de ter o mandato cassado. Teria de haver uma nova eleição e, o que é pior, abrindo possibilidade para que aquelas figurinhas carimbadas da política da Paraíba, mais as famosas oligarquias improdutivas (excluindo-se as raríssimas exceções) pudessem voltar ao poder…
A propósito, muitas destas figuras bastante conhecidas praticaram os mesmos erros que hoje a Operação Calvário investiga, sem jamais serem denunciados, tampouco punidos. Ah, temos uma exceção, o ex-senador Cássio Cunha Lima que se tornou o primeiro e único governador cassado na história da Paraíba.
Como diria Quaderna, o personagem armorial do Romance da Pedra do Reino: ora, nobres cavalheiros e senhoras damas de peitos avantajados, de onde veio aquela grana que bancou as bilionárias campanhas políticas dos últimos tempos na Paraiba? Alguém porventura plantava dinheiro no quintal de casa?..
Pensando bem, o melhor para o nosso Estado seria que nenhum dos dois principais protagonistas do projeto de governo em andamento, ou seja, João Azevedo e Ricardo Coutinho, estivesse envolvido do rol das denúncias e das investigações muito bem conduzidas pelo Ministério Público através do Gaeco.
Ao longo do tempo a Paraíba perdeu muito pela falta de continuação de bons projetos de governo. Já pagamos um preço muito caro pela cultura mesquinha e equivocada dos nossos governantes adotarem como prioridade desfazer o que os seus antecessores fizeram, em vez de produzir. A história política e administrativa da Paraíba é pródiga destas constatações.
Não há como negar, gostem dele ou não, que o portfólio de realizações dos dois mandatos de de Ricardo Coutinho no Governo na Paraíba lhe garantem uma posição privilegiada na reduzida lista dos melhores governantes do nosso Estado, ao lado de Argemiro de Figueiredo, Pedro Moreno Gondim, João Agripino Filho e Tarcísio de Miranda Burity I.
Ao final dos seus dois mandatos, Ricardo Coutinho conseguiu a proeza de eleger o seu próprio sucessor, João Azevedo, logo no primeiro turno, numa eleição com vários candidatos disputando – desde velhas raposas da política, oligarcas improdutivos, além de lideranças emergentes… Após os três meses de mandato, João Azevedo começou a dar sinais de que estava preparado para tocar o projeto socialista.
Imaginem agora o que seria para a Paraíba se o cão atentar e a implacável Operação Calvário arrastar todo o projeto socialista para um fim inesperado, começando por um eventual processo de cassação do atual governador!
Será mesmo que tem algum ingênuo na face da terra que acredite numa nova eleição imune a todos os vícios da corrupção própria do sistema eleitoral? Será que vamos ter campanhas pobres, bancadas com dinheiro honestamente arrecadado e sem compra de votos?
Finalizando, um pitaco: sabe quantas vezes Joao Azevedo vai ser cassado para que novas eleições sejam realizadas? Nenhuma!
Wellington Farias
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