Ricardo e Maranhão: quem encenará o papel de bom moço?

Há em toda campanha polarizada uma batalha conceitual travada dentro da própria guerra. As duas forças em disputa, consciente ou inconscientemente, tentam definir quem representa o bem e quem representa o mal.

Essa disputa conceitual ganha contornos no decorrer da campanha. Entre tanto itens, são levados em consideração a história política de cada um, a postura administrativa e, principalmente, o comportamento do candidato durante o processo eleitoral.

Maranhão e Ricardo já travam essa batalha há algum tempo. E, especificamente, estamos diante de um caso intrigante. Ambos, tanto Ricardo quanto Maranhão, dão sinais de que são administrativamente austeros, politicamente sisudos.

Qual dos dois, então, se sairá melhor na estratégia, que já começou, de imprimir a imagem de “representante do mal” no outro?

Ricardo tem ao seu favor uma trajetória de insucessos políticos de Maranhão com o funcionalismo público. Algo que vem do passado, desde os tanques de guerra contra greves e ausência de aumento salarial, aos fatos do presente, a exemplo do teto de gratificações até R$ 500 imposto pelo atual governo.

Um tema que pode ser explorado na tentativa de acentuar que o mal está no projeto Maranhão.

Mas o prefeito Ricardo Coutinho também não é um bom candidato a mocinho. Inspira a imagem de honestidade, mas também é famoso pela impopularidade de algumas ações administrativas, leia-se relação com ambulantes e barraqueiros, e, especialmente, pela falta de tato nas relações pessoais (e políticas).

O que faz, inclusive, aliados mais próximo do prefeito torcerem por uma mudança de postura neste sentido.

Ou seja, como candidato a governador, por enquanto, não será pela simpatia que Ricardo conquistará votos.

E o governador Maranhão, que vem sorrindo mais do que atriz de creme dental, pode aproveitar isso para fazer o papel do “bom moço”, acrescentando claro um viés administrativo populista em suas ações. Porque sorriso apenas não bastará.

Assim, na dicotomia entre o bem e o mal, ganhará mais que fingir melhor.
 

Fique sabendo

Receios – Entre tantas variáveis, tem uma que tem inspirado reflexões por parte do prefeito Veneziano Vital do Rego (PMDB) quando à possibilidade de deixar a prefeitura para disputar eleições em 2010: a saúde do vice-prefeito José Luiz Júnior (PSC).

Indicação de peso – O suplente de senador Carlos Dunga (PTB) talvez não saiba, mas tem um forte aliado na possibilidade de ser indicado candidato a vice-governador na chapa do prefeito Ricardo Coutinho. O próprio Cássio.

Ponto para API – Muito importante a iniciativa da Associação Paraibana de Imprensa, sob a presidência de Marcela Sitônio, em provocar junto ao Ministério Público Federal debate aberto ontem sobre a recomendação de proibir a exibição de imagens de presos em reportagens jornalísticas.

Além da liberdade de imprensa, trata-se da luta pelo combate ao crime. O procurador da República, Duciran Farena, autor da recomendação, admitiu reanalisá-la.

Aliança difícil – Depois do avanço do “acordão” nacional para o PMDB indicar o vice na chapa de Dilma Roussef (PT), criou-se um slogan para o Padre Luiz Couto que vai disputar o Processo de Eleição Interna (PED) pela presidência do PT paraibano a fim de leva-lo à aliança com Ricardo Coutinho (PSB).

Couto PED, mas não pode.