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Porque Cássio aceitou pagar o ônus de ser contra o Mais Médicos?

Tudo na vida tem seus ganhos e suas perdas; seus pontos positivos e seus pontos negativos. E, quando o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) aceitou ser líder do PSDB no Senado, sabia que ganharia visibilidade nacional, com exposição diária nas principais redes de TV. Mas também tinha consciência do ônus que teria de arcar.

A primeira preocupação de Cássio foi com o fantasma da cassação, que, pelo menos aparentemente, não lhe assombrou tanto. Eu mesmo divulguei aqui e no meu blog (www.carlosmagno.com.br) uma declaração de Cássio dizendo que não estava nem aí para o que poderiam fazer contra ele, por conta das cassações que sofreu, quando começasse a aparecer na mídia como grande combatente do governo da presidente Dilma Rousseff (PT).

Mas tem uma etapa da qual ele não tem como fugir: é assumir tudo o que o PSDB achar que é interessante, do ponto de vista da oposição ferrenha ao PT e ao governo. Mesmo que seja algo que vá de encontro ao que o próprio Cássio pensa. Mesmo que seja algo que vá lhe trazer prejuízo de imagem. Mesmo que seja algo… absolutamente impopular!

Pois é isso o que ocorre agora. Cássio, líder do PSDB no Senado Federal; e seu vice-líder, senador Aloysio Nunes, tiveram que ser as ‘pontas de lança’ do Projeto de Decreto Legislativo 33/2015 que, de cara, tem o condão de inviabilizar um dos programas que se mantém com imagem inabalável no governo da presidente Dilma e do PT: o Mais Médicos. A proposta tem como objetivo invalidar o termo de cooperação firmado pelo Ministério da Saúde com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que garante a participação de médicos cubanos no Mais Médicos.

O projeto está em tramitação na Comissão de Constituição de Justiça do Senado e sua aprovação prejudicaria o andamento do Mais Médicos, que conta atualmente com 11,4 mil médicos da cooperação com a OPAS atuando em mais de 3.500 municípios. Atualmente, 2.700 cidades que aderiram à iniciativa são atendidas exclusivamente pelos profissionais cubanos.

Claro que o programa não é um primor, não é uma perfeição. Tem muito, ainda, o que ser aprimorado. Mas que ele já é um grande avanço e tem aprovaçãopopular, não podemos negar. Os números do programa falam por si: o Mais Médicos chegará neste ano a um total de 18.247 médicos atuando em mais de 4 mil municípios do país. Com isso, 63 milhões de brasileiros que antes não tinham acesso a médico na Unidade Básica de Saúde passaram a ter o atendimento garantido.

Só para ter uma ideia do presente de grego que caiu no colo de Cássio, o Mais Médicos – vejam que ironia – beneficia mais prefeituras comandadas por prefeitos tucanos (447 cidades, o que dá 65% dentre as beneficiadas) do que as comandadas por prefeitos de todos os outros partidos juntos. E mais: recente pesquisa da UFMG mostrou que o programa tem um índice de satisfação de 95% por parte dos usuários, que deram notas acima de 8,0 aos profissionais e ao atendimento médico prestado.

Quer mais? Segundo relatório do TCU, o Mais Médicos aumentou em 30% o número de consultas e visitas domiciliares realizadas pelos médicos. Além disso, para 89% dos pacientes entrevistados pelo TCU e 98% dos gestores das unidades básicas de saúde, o tempo de espera por uma consulta reduziu com os novos profissionais. Eita!

Agora, de tudo isso, o pior foi a justificativa utilizada por Cássio para apresentar o projeto. O paraibano, que, repito sempre, considero um dos políticos mais inteligentes que conheço, saiu-se com essa pérola, ao ser perguntado por que apresentar um projeto que traz tanto prejuízo para a população: “nada contra os médicos; tudo contra a corrupção”. Homem de Deus, onde é que ele visse corrupção no Mais Médicos???

Como diria um amigo jornalista: me poupe…


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