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Os sinais de Cássio e aliados apontam fim do calvário

Desde pequeno escuto falar que a esperança é a última que morre. Esta frase é antiga. Aliás, eu nem sei dizer de onde veio nem há quanto tempo ela é dita pelos povos. O que todos sabem é que, quando a esperança se esvai, é porque a última possibilidade viável deixou de ser algo próximo da realidade.

No caso da elegibilidade do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB), todos devem ter a mesma opinião, acredito: a situação de Cássio é muito complicada. E, é claro, Cássio sabia disso. Desde o início de tudo, desde quando foram iniciados os debates sobre quem seriam os candidatos este ano. Porém, Cássio e aliados acreditavam que o rumo da discussão sobre o ‘Ficha Limpa’ poderia ser outro. Mas não foi.

Aliás, a prova maior de que os próprios aliados de Cássio tinham este entendimento também e a de que todos, sem exceção, foram favoráveis à aprovação da Lei. Talvez hoje estejam arrependidos, mas na época foram favoráveis, deram entrevistas, assinaram o manifesto popular, aproveitaram os holofotes, criticaram os políticos condenados, etc, etc, etc.

Durante a campanha deste ano, em que pese Cássio sempre receber os revezes das sucessivas decisões sobre a validade da Lei para as eleições deste ano, ele sempre decidia manter a candidatura. Chegou a cogitar colocar a esposa, Silvia Cunha Lima, hipótese afastada depois. Sinceramente, não sei se Cássio decidiu permanecer candidato por ter avaliado a pesquisa que foi publicada durante a campanha na qual a esposa Silvia aparecia na terceira colocação, ou por outro motivo, mas a verdade é que a decisão foi tomada e ele não voltou atrás.

A hipótese mais provável é a de que Cássio tenha permanecido para demonstrar a todos – principalmente ao seu grupo político e aos ‘seguidores’ – que tinha perseverança e que poderia, mesmo não obtendo o mandato, sair por cima. E foi o que as urnas demonstraram: ele foi o mais votado, mesmo diante de todas as ameaças.

Passou a eleição e o calvário continuou. E, até hoje, não vi, ainda, uma só notícia que trouxesse alento às suas esperanças. Todas as decisões, todos os encaminhamentos referentes à sua diplomação apontam em sentido contrário: até agora Cássio não teve uma só notícia boa, de verdade, alentadora, que trouxesse mais adubo à sua esperança de ser Senador.

Diante de tudo isso e vendo Wilson Santiago recebendo o diploma de Senador eleito pelo Tribunal Regional Eleitoral, Cássio foi ao twitter e desabafou: “A cada dia morrem as minhas crenças”, disse ele. Esta foi a primeira vez que, de forma pública, o próprio Cássio demonstrou, de forma tão clara, descrédito com a conquista de seu mandato.

Tem um detalhe interessante que também queria partilhar: durante o desenrolar do processo que culminaria com a cassação de Cássio no TSE, em 2009, o tucano e seus aliado sempre diziam que tinham esperança, que Cássio iria se sair daquela, que a vontade do povo iria prevalecer, etc e tal. Um belo dia, acordo pela manhã e começo a ouvir, nas emissoras de rádio, os aliados de Cássio numa onda de ataques a juízes.

De imediato, raciocinei: Cássio já sabe que, desta, não vai escapar. Do contra´rio, não tem sentido essa onda de ataques. E não deu outra. Poucos dias depois, veio a cassação em definitivo, por parte do TSE. Talvez eu esteja enganado, mas essa sensação eu tive nesta semana, ao ouvir aliados do tucano atacando o Judiciário. Veja, apenas como exemplo, o que disse no dia da diplomação dos eleitos no TRE-PB o vereador campinense João Dantas – hoje o mais ferrenho defensor do grupo Cunha Lima em Campina:

“Setores da justiça do nosso país nos causam asco e nojo! Um lobista da construção civil será diplomado no lugar de Cássio. Isso é imoral, senhores togados e pagos com o dinheiro do meu imposto. Não aceito o fato de um derrotado ser diplomado no lugar de Cássio”. Asco? Nojo? Precisa dizer algo mais?

Esse mesmo descrédito que vemos hoje por parte de Cássio e de seus aliados foi demonstrado por outros políticos do país que foram pilhados na Lei Ficha Limpa. O último deles foi Jáder Barbalho, eleito senador pelo estado do Pará e impedido, também, de assumir seu mandato, tornado inelegível. Jáder, inclusive, demonstrando sua total falta de esperança, renunciou ao mandato atual de deputado federal, alegando que não tinha mais motivação para continuar no Congresso.

Porém, com Cássio tendo ou não esperanças e com o seu grupo e ‘seguidores’ tendo ou não esperanças também, o fato é que o calvário só será encerrado em meados do primeiro semestre de 2011. E, vale lembrar, quando isso ocorrer Wilson Santiago já vai estar sentado na cadeira de Senador, o que tem um significado forte, não tenham dúvidas.


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