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Orçamento para lavar carros de deputados é quase três vezes maior que o do Museu Nacional

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Um museu relegado ao segundo plano pelo Governo Federal. Desde 2001, a União investe valores ínfimos num dos principais acervos históricos do país. O Museu Nacional, que foi consumido pelas chamas no domingo passado, costumava receber uma verba pública que variava entre 1 milhão e 1,9 milhão de reais anuais. Nos últimos cinco anos, contudo, sofreu seguidos cortes drásticos e a previsão para 2018 era de que apenas 205.821 reais fossem repassados para instituição, que é subordinada à Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os dados foram obtidos junto ao Siga Brasil, o projeto do Senado Federal que acompanha par e passo os gastos o orçamento federal.

Apenas para efeito de comparação, atualmente, a gestão Michel Temer (MDB) investe menos no Museu Nacional do que a Câmara dos Deputados na lavagem de seus 83 veículos oficiais ou que o próprio Poder Executivo na manutenção do Palácio da Alvorada, a residência presidencial que está desocupada desde o impeachment de Dilma Rousseff. Neste ano, a Mesa Diretora desta casa legislativa e as lideranças preveem gastar 563.000 reais em dinheiro público para deixar seus carros limpos. O valor é 2,7 vezes de fato destinado ao primeiro museu brasileiro. Já o Alvorada, custa cerca de 500.000 reais por mês, o que inclui gastos com energia elétrica e jardinagem. 

Se não bastasse a falta de apoio financeiro direto por parte da União, apenas um dos 49 parlamentares do Rio de Janeiro (somando os 46 deputados federais e os três senadores) demonstrou qualquer preocupação em ajudar com recursos o Museu Nacional. De 2015 para cá, só Alessandro Molon (PSB-RJ) destinou uma de suas emendas parlamentares à instituição. Ele apontou que 300.000 reais deveriam ser repassados ao órgão. Esse valor foi pago em duas vezes. Ao todo, cada congressista pode distribuir 14,8 milhões para a área ou obra que bem entender.

Não surpreende diante da ausência de prestígio político do museu. O último presidente a visitá-lo foi Juscelino Kubitscheck (1902-1976), o mandatário que transferiu a capital federal do Rio para Brasília e governou o país entre 1956 e 1961. Recentemente, nem mesmo os subalternos ao presidente vinham demonstrando qualquer afeição ao órgão. No dia em que se comemorou o bicentenário do Museu Nacional, em 9 de junho passado, o ministro da Cultura de Temer, Sérgio Sá Leitão, estava no Rio (a cidade onde ele se graduou e foi secretário da Cultura), mas não esteve nessas celebrações.

Na segunda-feira, depois da tragédia, Sá Leitão esteve no museu ao lado de seu colega do Ministério da Educação, Rosielli Soares. Ambos anunciaram um plano de recuperação que, em um primeiro momento, vai custar 10 milhões de reais. Além disso, preveem financiar empresas que ajudem na reestruturação do órgão.

Enquanto, isso, no Palácio do Planalto, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, reclamou que, entre os críticos dos baixos investimentos, havia muitas pessoas que pouco ou nada fizeram pelo museu. “Agora que aconteceu tem muita viúva chorando. Eu não tenho visto ultimamente, na televisão, por exemplo, pelo menos em um horário, alguém destacando o museu, para que ele se tornasse mais amado pela nossa população. Está aparecendo muita viúva apaixonada, mas, na verdade, essas viúvas não amavam tanto assim o museu”.

Quando indagado sobre a responsabilidade da União sobre o baixo investimento, Marun disse que o principal órgão responsável por gerir a entidade é a Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Não vou culpar ninguém, não conheço o que a UFRJ priorizou. Só estou fazendo afirmações que condizem com a realidade: a UFRJ tem autonomia financeira, e o orçamento do museu sai do orçamento dela”. Ele só não disse que quem define os valores repassados às universidades é o Governo federal, do qual ele é um dos principais interlocutores e porta-vozes.

El País

 


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