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Opinião | Quando convém, silêncio: Bolsonaro e os dois pesos e duas medidas

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Jair Bolsonaro, mais uma vez, mostra que sua régua moral é flexível — e depende de quem está no centro da crise. Enquanto sua aliada de primeira hora, a deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP), permanece presa na Itália após entrar na lista vermelha da Interpol e acumular condenações no Brasil, o ex-presidente evita qualquer declaração direta. Questionado pela imprensa, limitou-se a lançar uma pergunta retórica: “Tem censura no Brasil ou não?” — desviando do assunto e reforçando, mais uma vez, a já desgastada tese de que é vítima de perseguição política.

Mas a pergunta que cabe aqui é outra: onde está a lealdade de Bolsonaro com os seus? Zambelli, cassada, condenada pelo STF a 10 anos de prisão e presa por inserir dados falsos no sistema do CNJ, está sozinha. Sua prisão evidencia que o bolsonarismo, quando pressionado, se torna seletivo até com seus próprios aliados. O silêncio de Bolsonaro, proibido de falar com investigados e de usar redes sociais por ordem do ministro Alexandre de Moraes, não impede que ele fale à imprensa. Apenas não quer.

É a mesma lógica de dois pesos e duas medidas que ele aplica desde o início da pandemia. À época, o ex-presidente bradava que “a economia não podia parar” e chamava medidas sanitárias de “conversa mole”. Mas agora, por conta das ações dele próprio e de sua família, o país vive um cenário de instabilidade institucional que ameaça a economia de forma concreta — com risco de fuga de investimentos, dólar em alta e clima político contaminado. A prioridade virou a autopreservação, mesmo que o preço seja a economia que antes dizia defender.

Mais uma vez, Bolsonaro demonstra que quando se trata dele, há justificativa; quando se trata dos outros, ele lava as mãos. A fidelidade que cobra de aliados e apoiadores não é retribuída na mesma moeda. No fim, fica evidente que a lealdade no bolsonarismo é uma via de mão única — sempre em direção a ele.

Abaixo, aliados já abandonados ou rompidos por Bolsonaro. Muitos desses nomes foram úteis na campanha ou no início do governo e chegaram a adotar posturas radicais em defesa de Bolsonaro.

Foram descartados quando viraram problema político ou jurídico.

  1. Gustavo Bebianno (ex-ministro da Secretaria-Geral)
    • Foi um dos principais articuladores da campanha de 2018.
    • Caiu em desgraça após um embate com Carlos Bolsonaro e denúncias de candidaturas laranjas.
    • Foi demitido e publicamente desautorizado por Bolsonaro.
  2. Julian Lemos (ex-deputado federal, PB)
    • Coordenador da campanha no Nordeste.
    • Rompeu com Bolsonaro após desentendimentos ideológicos e pessoais.
    • Virou crítico feroz do ex-presidente.
  3. Joice Hasselmann (ex-deputada federal, SP)
    • Eleita com votação recorde em 2018, tornou-se líder do governo no Congresso.
    • Rompeu com Bolsonaro após disputas internas e passou a denunciá-lo.
  4. Carla Zambelli (deputada federal, SP)
    • Uma das aliadas mais leais durante o governo.
    • Após escândalos e a prisão na Itália (2025), Bolsonaro se esquivou e preferiu o silêncio.
  5. Fernando Francischini (ex-deputado, PR)
    • Bolsonarista de primeira hora, perdeu o mandato por fake news nas eleições de 2018.
    • Não teve defesa firme de Bolsonaro.
  6. Roberto Jefferson (PTB)
    • Foi um dos mais aguerridos defensores do bolsonarismo radical.
    • Mesmo após ser preso, continuou apoiando Bolsonaro.
    • Mas o ex-presidente não se engajou pessoalmente para defendê-lo ou pedir sua soltura.
  7. Daniel Silveira (ex-deputado, RJ)
    • Preso por ameaças ao STF.
    • Bolsonaro deu indulto, mas depois o deixou isolado, inclusive durante novas ações judiciais e dificuldades políticas.
  8. Sara Winter (ex-ativista dos “300 do Brasil”)
    • Extremista bolsonarista envolvida em atos antidemocráticos.
    • Após ser presa, se disse “traída” pelo governo.
    • Nunca teve apoio direto de Bolsonaro depois da prisão.
  9. Allan dos Santos (blogueiro, Terça Livre)
    • Fugitivo da Justiça brasileira, investigado por fake news e ataques ao STF.
    • Não teve apoio direto de Bolsonaro para sua defesa ou extradição.
  10. Oswaldo Eustáquio (blogueiro bolsonarista)

Também se disse abandonado por Bolsonaro.

Foi preso por envolvimento em atos antidemocráticos.

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