Neste momento crucial da vida política brasileira, em que o País está sendo arrastado para o caos por uma onda ultraconservadora inspirada no bolsonarismo, o mais sensato seria que partidos, lideranças e segmentos de esquerda sentassem à mesa.
Sentassem à mesa pensando grande, movidos por espírito público, com pés no chão e aberto às concessões necessárias ao enfrentamento do inimigo maior, com chance real de vitória.
O deputado Anísio Maia, figura histórica do PT paraibano, homem público decente, e que se lançou candidato à Prefeitura de João Pessoa pelo Partido dos Trabalhadores, tem todo o direito e razões pessoais para postular a chance de disputar a sucessão do prefeito Luciano Cartaxo.
Da mesma forma, o ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, que nos instantes finais para expirar o prazo das convenções, também se lançou candidato ao cargo hoje ocupado por Cartaxo.
As duas candidaturas são extremamente legítimas.
Para enfrentar o projeto ultrarreacionário com possibilidades reais de êxito, entretanto, melhor seria uma composição envolvendo PT e PSB, com Ricardo Coutinho na cabeça, naturalmente.
Por que Ricardo encabeçando? Ora, porque tem mais tamanho político, densidade eleitoral, histórico e portfólio de 16 anos de chefe de Executivo, tanto no município de João Pessoa, como no Governo do Estado.
Convenhamos: o lançamento da candidatura de Anísio não gerou nem burburinho. A de Ricardo, foi um Deus-nos-acuda; balançou o coreto político e zerou o jogo, além de alterar todas as projeções de até então.
A Direção Nacional do PT já entendeu assim. Mais que isso: orientou a Municipal a retirar a candidatura de Anísio Maia, para apoiar Ricardo Coutinho. Terá sido uma iniciativa antipática e antidemocrática, é claro, se antes não tiver havido um diálogo exaustivo a respeito.
Empurrar de goela abaixo, não dá. Fica feio e contraria a cultura democrática interna do PT.
Tudo pode ser resolvido com diálogo e bom senso.
E, convenhamos, se é para vencer o inimigo, Ricardo Coutinho tem muito mais cacife e ficha pra jogar do que Anísio Maia. Basta ver os históricos recentes dos dois nas últimas campanhas eleitorais.
Em meio a essa refrega envolvendo PT e PSB, o que não deu mesmo pra entender foi a reação dos petistas locais contra Ricardo Coutinho. Afinal, a determinação para retirar a candidatura de Anísio partiu da presidenta nacional do partido, Gleisi Hoffmann, com a chancela do super Luis Inácio Lula da Silva.
Se alguém tem culpa nessa história são Gleisi e Lula, que deram a ordem.
Se porventura Ricardo Coutinho foi à Nacional petista cavar um apoio do partido em João Pessoa, por que, então, dona Gleisi Hoffmann e Luis Inácio não mandaram ele catar milho noutro terreiro?
Nada disso. Gostaram da ideia e, certamente, tem consciência de que para enfrentar o inimigo maior, conter a onda ultraconservadora, melhor será Ricardo na cabeça com um petista na vice.
E, aqui pra nós: o que tem de eleitor histórico do PT declarando voto para Ricardo Coutinho em qualquer cenário, não está escrito.
Quem duvidar frequente as rodas onde rolam as conversas políticas.
PS: Enquanto isso, Cícero come pelas beiradas…
Wellington Farias
PB Agora
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