Categorias: Política

O que Julian quis dizer com “chamar o feito a ordem” contra quem votar em desfavor do projeto armamentista?..

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Segundo notícia veiculada neste Portal, na tarde desta terça-feira (18), o deputado federal Julian Lemos teria feito uma exortação ao povo a reagir, em locais públicos, contra os parlamentares que se posicionaram em desfavor a flexibilização do porte de arma, no país.

A convocação do parlamentar é preocupante, sobretudo, neste momento delicado do país, de reações extremas em meio a um clima de total intolerância de todos os lados. Mais preocupante, ainda, são os termos da convocação do deputado que, segundo este Portal, teria sido postado no seu Instagram. Teria dito o deputado: “Esperamos tanto, lutamos tanto desde as eleições, e agora um grupo de pessoas quer botar abaixo todo esse desejo da maioria da população brasileira. Vamos continuar essa batalha, sobretudo, nas redes sociais. E se achar algum em um restaurante, se achar na rua, no aeroporto tem sim que chamar o feito à ordem, até porque estamos aqui por causa da sociedade”.

O Brasil é testemunha de episódios irresponsáveis, desagradáveis, incompatíveis com a civilidade, praticados por pessoas de todos os lados em que os opostos passaram a se agredir em ambientes públicos, trocando palavrões, puxando armas e se esbofeteando nas ruas, em restaurantes, etc.

O que quis dizer o deputado Julian Lemos com o tal “chamar o feito à ordem”? Qual é a ordem? É bom lembrar que a ordem vigente, de acordo com Estatuto do Desarmamento, fruto de plebiscito nacional, é exatamente o oposto do que quer o parlamentar. Além disso, não tem cabimento nenhum os parlamentares, em geral, passar a ser agredidos ou desacatados, como forma de pressão, para atender as expectativas dos autores desses atos incabíveis.

Imaginemos que o desastroso projeto de Jair Bolsonaro, destinado a armar a população, seja aprovado e, portanto, passe a vingar. Posteriormente, com o intuito de pressionar os parlamentares a votar a favor de qualquer outro projeto, o cidadão já legalmente portador de arma siga o conselho do deputado e “chame o feito à ordem”. Este tal feito a ordem seria sob ameaça de bala?

O deputado Julian Lemos tem todo direito de defender os seus ideais, seus princípios, seus pontos de vistas e seus projetos. Mas, é imprescindível que esta defesa seja em termos bem claros e que não dê, de maneira nenhuma, margem a uma convocação violenta contra quem quer que seja.

O parlamentar precisa explicar o que significa, neste caso, chamar o feito à ordem.

Sobre o armamento

A coluna transcreve trechos do artigo do jornalista Florestan Fernandes, publicado nesta terça (18) sobre o projeto de Jair Bolsonaro sobre a questão do armamento:
O decreto 9.785, de 2019, que afrouxa o porte de armas no Brasil, não é apenas uma retribuição do presidente ao apoio que recebeu da indústria das armas na eleição do ano passado. Em uma solenidade neste fim de semana em Santa Catarina, Bolsonaro deu a entender que quer armar seus seguidores para defendê-lo nas ruas num futuro próximo. “Nossa vida tem valor, mas tem algo muito mais valoroso do que a nossa vida, que é a nossa liberdade. Além das Forças Armadas, defendo o armamento individual para o nosso povo, para que tentações não passem na cabeça de governantes para assumir o poder de forma absoluta.”

De que povo Bolsonaro está falando? Sem dúvida, do povo que tem dinheiro sobrando para pagar no mínimo 4 mil reais por um revólver 38 (o mais simples), ou bem mais que isso, para ter pistolas 40 e 9 mm que antes eram de uso restrito das Forças Armadas.

E que liberdade estaria ameaçada e que Bolsonaro quer defender com sua tropa civil armada? A liberdade de poder fechar o Congresso, cumprindo assim a declaração que fez em 1999 de que, se eleito presidente, “daria um golpe no mesmo dia”, implantando uma ditadura e fechando o Poder Legislativo.
Se tem uma coisa que o capitão nunca escondeu na sua carreira como político foi a admiração pelos ditadores latino-americanos e pelo sistema de repressão implantado por eles: Pinochet, Stroessner, Médici e até do primeiro militar a ser reconhecido pela Justiça como torturador durante os anos de chumbo no Brasil, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.

 

Wellington Farias

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