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O poder do silêncio

Surpreendendo até mesmo aqueles que imaginam conhecê-lo, o ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB) se impôs um auto-exílio e decidiu ficar distante do cenário político da Paraíba, tão logo foi confirmada a cassação de seu mandato pelo Tribunal Superior Eleitoral, em 17 de fevereiro deste ano.

Estatégia questionada por muitos, criticada por tantos outros e ainda incompreendida por boa parte dos analistas políticos de prontidão, o silêncio de Cássio Cunha Lima terminou se transformando, talvez, no fato político mais importante após a própria cassação e a consequente assunção do governador José Maranhão (PMDB) ao poder no Estado.

Silente, Cássio Cunha Lima torna-se tão eloquente quanto estivesse em um palanque por dia, destilando tudo o que se passa em seu espírito. O silencio de Cássio incomoda os adversários, por incrível que pareça. O tom de seu discurso, nos últimos anos, tornou-se uma espécie de bússola ironica para os que sistematicamente o atacam na seara política.

Calado, Cássio desnorteia os que estão sempre prontos para lhe atacar; em silencio, deixa margem a muitas interpretações, muitas delas sempre ao sabor das conveniências políticas de ocasião; sem dar uma palavra, o ex-governador continua sendo um personagem de primeira grandeza no cenário em que o atual governador José Maranhão tenta se impor como novo timoneiro do Estado – embora já esteja sentindo na pele os problemas inevitáveis para quem assumiu o Palácio da Redenção na atual conjuntura.

A não ser pela entrevista informal que concedeu ao radialista Juarez Amaral, da Rádio Cidade de Esperança, no último domingo (5), dia de seu aniversário, Cássio Cunha Lima só tinha se pronunciado através de um pronunciamento gravado e que terminou se disseminando por todas as emissoras de rádio da Paraíba, em 5 de março passado. E só. Nada de coletivas, entrevistas exclusivas ou aparições públicas. Recuou, se exilou, optou por ficar distante do cenário, como forma de observar melhor um panorama que, atualmente, só lhe traz dissabores na alma.

De longe, acompanha tudo o que lhe interessa. Sua viagem relativamente curta para os Estados Unidos será importante culturalmente para ele, mas também lhe proporcionará melhores condições de avaliar tudo, sem a paixão e as pressões de quem está no olho do furacão.

Em seu momento muito particular, avalia os erros e acertos de suas gestões, ao mesmo tempo em que projeta os próximos passos na arena política que continua clamando por sua volta.

Como aprendeu que há tempo para tudo debaixo do sol, como bem ensinou o rei Salomão, imagina que saberá qual o “timing” certo para retornar e marcar presença no embate do poder.

Quem viver, verá


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