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O cristão foi empurrado para a direita política?

O cristão médio ocidental percebeu que, praticamente, não existe ponto de contato com o pensamento progressista contemporâneo. O identitarismo se ergueu em frontal oposição aos valores cristãos.

Até a década de 1960, muitos cristãos apoiavam pautas como a luta contra o racismo (Luther King) e a ação positiva do Estado contra a pobreza. Eram pautas de caráter universal. Naquele momento, tais questões mais à esquerda capturaram vários cristãos.

Tudo mudou, na década de 1960, quando o pensamento político à esquerda assumiu pautas identitárias voltadas a determinados grupos. Em uma síntese que relacionava Nietzsche [Foucault], Freud e Marx [Marcuse], a esquerda se tornou fortemente orientada a pautas de identidade.

Surgiu o marxismo ocidental (Merquior) ou a nova esquerda (Scruton). Essa mudança empurrou os cristãos para a direita política. A fé cristã se tornou o principal inimigo da nova esquerda. Até hoje, pessoas à esquerda continuam dobrando a aposta na polarização e empurrando os cristãos para a direita política.

Do feto à familia tradicional, praticamente todo valor cristão passou a ser visto como discurso de poder para controle das identidades e sexualidade [Butler]. No fim de tudo, o ideal progressista se tornou romper com um dito “discurso colonial”(decolonizar) supostamente legitimado pela fé cristã.

O resultado é que, praticamente, não existe ponto de contato entre a fé cristã com o discurso progressista. A linguagem foi rompida e as pontes também. Em meio à polarização, o cristão foi empurrado para a direita política.

Por conta desse cenário, muitos cristãos à direita suspenderam a crítica aos problemas da própria direita, adotando uma linguagem de “guerra cultural” à revelia de valores bíblicos, como amar o próximo, até mesmo os inimigos.

Nesse contexto, a questão é: se os valores cristãos continuarem a ser empurrados para fora da esfera pública pela esquerda ou se deixarem de ser praticados por cristãos à direita, quem cuidará dos vínculos morais e fraternais da sociedade? Como será superada uma polarização tão agressiva?


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