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Líder político aposta no “tudo ou nada” e fecha as portas para o PSDB

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O ETERNO FASCÍNIO PELO RISCO: Ricardo Barbosa aposta no tudo ou nada e fecha as portas do grupo Cunha Lima

Deus fez o mundo em seis dias. Descansou no sétimo. No oitavo, retomaria o trabalho, esboçando as regras que regulariam a vida em sociedade dos descendentes do primeiro casal. Mas ele estava cansado. O Diabo assumiu. E fez a política à sua imagem e semelhança.

As eleições de 2014 nem chegaram ainda, mas parece que os desígnios do ‘Tinhoso’ já vêm sendo levados às últimas consequências na Paraíba.

Aliado histórico da família Cunha Lima e figura de proa nos governos Cássio I e II, onde ocupou cargos de relevo, dentre os quais a cobiçada Secretaria de Comunicação e a liderança do Governo na Assembléia Legislativa, Ricardo Barbosa é um misto de conduta ilibada com uma personalidade controversa. Embora algumas vezes flerte com a irresponsabilidade, costuma ser premiado pela ousadia.

Construiu um currículo político vasto.

Arrojado nas suas falas, recentemente chegou a afirmar que “nenhum ex-governador fez nem 10% do que está fazendo o governador Ricardo Coutinho”.
 Este é o estilo de Ricardo Barbosa, sem arrodeios e direto ao ponto. Um personagem singular na política paraibana.

Toda essa capacidade de enfrentar os problemas que surgem diante de um homem público, no entanto, seria mais bem aproveitada se estivesse lastreada numa mente menos impulsiva e menos confrontativa. Diante de um desafio, Ricardo Barbosa reage frontalmente, como se sua competência estivesse sendo questionada.

Em política, é muito arriscado agir sem pensar cuidadosamente nas conseqüências de cada palavra, de cada gesto. Barbosa age por impulso, explode de surpresa.

Se isso lhe populariza, também tem cobrado dele altos juros.

Historicamente, Barbosa já deu várias demonstrações desse estilo nitroglicerina pura.

Em um desses excessos quase foi as vias de fato na Assembléia Legislativa com o então aliado José Aldemir em 2008. Dias depois, cumpriu um desafio e subiu no palanque de Léo Abreu, correligionário de José Maranhão em Cajazeiras. Na terra do Padre Rolim, atacou duramente a suposta ilicitude de uma obra de recapeamento asfáltico que o Governo Cássio vinha realizando na cidade em parceria com então prefeito Carlos Antonio, o mesmo que hoje ocupa a secretaria de Interiorização do Estado.

Abertas as urnas, venceu Léo Abreu, com apoio de Ricardo Barbosa para decepção dos “cassistas” e “carlistas” em Cajazeiras. O mal estar o obrigou a abandonar a liderança do governo Cássio na casa de Epitácio Pessoa.

Em 2009, Barbosa protagonizaria um bate-boca na Arapuan FM com o radialista Nilvan Ferreira, que o chamou de traidor por ele ter deixado o senador Cícero Lucena. O radialista chegou a acusá-lo de “cheleléu” de Ricardo Coutinho, ao receber do deputado a alcunha de moleque.

Noutro episódio, o então deputado estadual Ricardo Barbosa redigiu violenta carta alertando Cícero Lucena sobre uma suposta “legião de parasitas” que havia se formado com o objetivo de sustentar a candidatura do tucano ao governo para faturar junto ao governo Maranhão.

Após os dois episódios, Barbosa não achou mais clima para conviver com Cícero e deixou o PSDB para apoiar à candidatura de Ricardo Coutinho a governador em 2010.

Em outro episódio inusitado, Ricardo Barbosa chegou a rasgar papéis do regimento da Assembléia Legislativa da Paraíba ao ter sua posse negada pela Mesa Diretora.

Nas eleições de 2012, desferiu críticas ao senador Cássio Cunha Lima pelo apoio dado a Cícero Lucena como candidato a prefeito de João Pessoa em detrimento da candidatura de Estela Bezerra. Segundo Barbosa, Cássio deveria pelo menos ter esperado pelo segundo turno em João Pessoa”.

Há pouco tempo também circularam rumores na imprensa dando conta que Ricardo Barbosa teria se envolvido num áspero embate com a atual secretária de Finanças, Aracilba Rocha.

Ontem, em mais um desses desabafos históricos, o secretário antecipou que se houver rompimento entre PSB e PSDB em 2014, ficará com o governador Ricardo Coutinho. Apostou seu futuro político numa decisão do tipo tudo ou nada.

Leia mais: Barbosa revela o que fará em caso de racha entre Cássio e RC

Caso o fato se consuma, ele garantiu não ter nenhum acanhamento de dizer, segundo ele, a verdade ao senador Cássio: “Direi a ele, companheiro, gosto de você. Mas fico com Ricardo”.

Ricardo Barbosa ainda acusou os entusiastas da postulação de Cássio como “viúvas de interesse contrariado que estavam acostumados a se locupletar das benesses do poder”.

Nos bastidores, as declarações de Barbosa caíram como uma bomba no entorno do deputado Ruy Carneiro e do senador Cícero Lucena, algumas das ‘viúvas’ não citadas nominalmente. A declaração está para os tucanos como o terremoto está para o Haiti.

Talvez profetizando a atual crise, em outros tempos, o próprio Cícero Lucena já filosofou que “amizade em política vale pouco”.

A política não só separa amigos de inimigos, como separa também amigos de amigos e, pior, tende a juntar inimigos conforme os interesses do momento. Qualquer um pode constatar isso no mundo político contemporâneo. A política nos têm feito conhecer o inferno na Terra.

Quem quiser apostar em Ricardo Barbosa, saiba que existem dois. Um é ousado, inteligente, orador de primeira linha e líder nato desde a juventude. O outro Barbosa é destemperado, dono da verdade e se acha infalível. Caberá aos paraibanos avaliarem até que ponto essa combinação é adequada ao exercício da política.

Resta saber também, como o senador Cássio Cunha Lima reagirá as novas declarações do ex-auxiliar.

Como diria Lulu Santos: “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”.

 

Ytalo Kubitschek

PB Agora

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