Hugo Motta Wanderley da Nóbrega (Hugo Motta) foi eleito neste sábado, 1º de fevereiro, à presidência da Câmara dos Deputados com uma votação robusta, obtendo 444 dos 513 votos. Na prática, não houve um adversário à sua altura. Com apenas 35 anos, Motta é médico e político, filiado ao Republicanos — partido do Centrão, que se posiciona conforme as conveniências do momento, sempre voltado aos interesses imediatos e pragmáticos. Triste, mas verdadeiro. Além disso, o Republicanos mantém uma forte ligação com a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), refletida pela significativa presença de seus membros no cenário político.
O principal reduto eleitoral de Hugo Motta é a cidade de Patos, na Paraíba. Sua ascensão, saindo de um quase anonimato político para conquistar uma das posições mais poderosas do país, é notável. A partir de agora, e pelos próximos dois anos, estará sob os olhos atentos da imprensa e dos diversos setores da sociedade, que acompanharão minuciosamente sua gestão. Ao contrário de Davi Alcolumbre, reeleito presidente do Senado, cuja gestão já é marcada por uma ineficiência amplamente reconhecida, Hugo Motta surge como uma incógnita intrigante. Sabemos de suas raízes no Centrão, mas, se souber aproveitar a oportunidade, ele tem o potencial de fazer a diferença.
Os ex-presidentes Bolsonaro (PL) e Lula (PT), por sua vez, abraçaram a eleição de Alcolumbre e de Hugo Motta, o que pode resultar em uma continuidade do status quo, sem grandes mudanças. No plenário, a candidatura de Marcel Van Hattem (Novo-RS), representante da direita, foi derrotada, consolidando ainda mais a força do Centrão. Até mesmo o deputado Nicolas Ferreira, que se apresenta como uma promessa da nova política, se viu compelido a votar em Hugo Motta, deixando de lado sua preferência por Van Hattem, atendendo a um pedido direto de Bolsonaro.
Agora, resta-nos dar tempo a Hugo Motta em sua presidência, mantendo viva a esperança de que ele possa trazer algo inovador para a Câmara. Por outro lado, com Alcolumbre no Senado, as perspectivas são, no mínimo, modestas. Motta vive um momento de ascendência em sua carreira política e, se souber aproveitar essa janela de oportunidades, pode deixar uma marca significativa. Caso contrário, seguirá o mesmo caminho de tantos outros, tornando-se apenas mais um no intricado jogo político tradicional.
Elcio Nunes
Cidadão Brasileiro