A força de atração política nos Estados exercida pelos governadores pós-vitória eleitoral é muito forte, sendo tal fenômeno comum no Brasil e isso, muitas vezes, embora proporcione participação no governo de legendas que os apoiaram, também contribui para o enfraquecimento das mesmas.
Localmente, viu-se o PSDB, após apoiar no último pleito o PSB e ter sido decisivo para a eleição de Ricardo Coutinho, tomar a decisão de lançar a candidatura do senador Cássio Cunha Lima ao governo do Estado, decorrência da necessidade de participar das eleições e dar suporte ao também senador mineiro Aécio Neves na tentativa de chegar a presidência da república.
Em tal contexto, considerando o seu grande potencial eleitoral, não poderia Cunha Lima desatender à orientação da cúpula partidária nacional e mesmo ignorar o desejo dos filiados do PSDB na Paraíba pela eventual reeleição do governador Ricardo Coutinho, porque isso enfraqueceria localmente a candidatura de Aécio Neves, Cássio e o próprio PSDB. Quanto a isso não há dúvida.
Em âmbito federal, o adesismo exacerbado tem diminuído o tamanho e a importância das legendas, a exemplo do PMDB, que embora venha participando de todos os governos pós-democratização do país, como partido político praticamente renunciou à pretensão maior de alcançar a chefia da república, o que em termos partidários não é normal e salutar ao país.
Vivêssemos nós sob uma democracia de três ou quatro partidos políticos solidificados, a não participação no governo de legendas como o PMDB, não seria problema, pois as agruras na oposição o fortificariam no trabalho de convencer o eleitor com a melhor proposta de governo e retornar ao poder, como ocorre em outros países, sem a prática condenável do adesismo em troca de cargos e de verbas que embora enriqueça a muitos, empobrece os partidos.
A vis atractiva do poder executivo no Brasil engolfa os partidos políticos face à dificuldade ou covardia de sobreviverem fora dos esquemas de governo que proporcionam cargos e verbas públicas, tráfico de influência e todo tipo de benesses, algumas com assento no Código Penal, Leis Eleitorais e de Improbidade Administrativa. O nosso modelo político é propenso a desvios éticos e a resposta da sociedade tem sido tímida.
Segundo ensinamento de Buda “grande parte do nosso sofrimento advém do desejo de poder, prazer e riquezas materiais”, sendo estas tentações altamente perigosas para políticos quando se tornam objetivos a serem alcançados através de cargos e dinheiro públicos.
Partidos políticos são constituídos para atuar com base nos programas que adotam, os quais requerem ampla divulgação visando o conhecimento e o convencimento do eleitorado pela excelência de seus quadros dirigentes, projetos e propostas de governo.
Aqui, os programas são em geral peças formais, fictícias, que admitem todo tipo de afirmação, promessa e interpretação ao sabor do momento e não têm a mínima coerência e aplicabilidade, o mesmo geralmente ocorrendo com a atuação pessoal dos seus integrantes despidos de fidelidade e de matriz ideológica e que trocam de siglas como se troca de roupa.
Faltam-lhes coerência e coragem na adversidade.
Precisariam ser como propõe John Lennon na canção “image”, pelo menos, “uma fraternidade de homens”, pois o que se observa é um verdadeiro saco de gatos onde predominam interesses políticos pessoais.
Lembro-me de um líder paraibano do antigo MDB a quem admirava e uma vez visitei como estudante de direito em seu gabinete na Câmara Federal, em Brasília, quando fiz estágio para conhecer o funcionamento do Supremo Tribunal Federal.
Imaginava-o talhado para ser governador da Paraíba ou mesmo ter o nome reconhecido para ocupar algum ministério importante ou quem sabe concorrer à vice-presidência da república como representante do nordeste numa chapa encabeçada por político sulista após os militares deixarem o poder.
No entanto, com o passar dos anos, o político se revelou para mim uma grande decepção justamente face às trocas de partidos que o levaram apenas a manter o mandato por anos a fio sem nunca alçar vôos mais altos, embora carisma e inteligência para tanto não lhe faltassem.
Quiçá se pergunte hoje para onde foram os sonhos dos bons e combativos tempos de MDB…?! E tanto é, que o partido nunca conquistou mediante eleições diretas a presidência da república, sendo atropelado pelo novato PT.
Os partidos políticos brasileiros definham nas derrotas porque os governos são hoje em dia, mais e mais formatados na base da coalizão que envolve uma cesta de legendas da qual quase sempre participam.
Em âmbito federal, predomina forma de presidencialismo, digamos assim, sui generis, o “presidencialismo negocial”, que teve seu apogeu no “mensalão” e é exercido no rastro do fisiologismo das siglas partidárias de sustentação do governo para o qual não contribuem formulando políticas e programas que os cidadãos possam identificar com o seu DNA partidário.
Vejam caros leitores e leitoras a realidade atual: os partidos de oposição no Congresso – PSDB, DEM, PPS e PSOL somam cerca de 91 parlamentares, ou seja, apenas 17,5% do total. É muito pouco para uma atuação realmente democrática do Legislativo, pois prescinde de discussões matérias de interesse do país ali aprovadas mediante a deplorável técnica do chamado “rolo compressor” ou rolo pagador via liberação de emendas dos parlamentares da base.
Os valores pelos quais lutaram os defensores do regime republicano durante o Império, foram, como diz o povo, mandados às “cucuias ou para o brejo”.
Ética e moralidade devem ser os valores inerentes à “res publica” e a própria política. Nesta e nas próximas décadas, terá futuro o partido que vocalize essa aspiração suprema do eleitor e passe a praticá-la no exercício do governo ou na oposição a governo que não a respeite.
O quadro atual é desalentador, pois a fragmentação partidária excessiva enfraquece as legendas de oposição em atividade, quase todas incapazes de se firmarem como partidos hegemônicos e assim oferecer opção de governo coerente com o seu programa, como é próprio do regime presidencialista.
Não é bom para a nação, o folgado predomínio dos partidos da situação e a indiferença do povo guiado como boiada em direção ao pasto.
Acompanhe o PB Agora nas redes:
A Prefeitura Municipal de Capim, localizada na Zona da Mata paraibana, manifestou profundo pesar neste…
A Paraíba voltou a aparecer ser destaque na imprensa nacional protagonizando a capa de nova…
Na noite desse sábado (06), policiais militares do 2º Esquadrão do ROTAM prenderam um homem…
Na manhã deste domingo (07), policiais do 5º BPM prenderam um suspeito em flagrante por…
A Paraíba terá 926 inscritos participando da segunda etapa do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU),…
O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (Progressistas), comentou ontem, sexta-feira (05) as movimentações que…