A cidade de João Pessoa tem 163,54 km² de área total urbanizada, segundo dados divulgados no final de julho deste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE). O estudo mostra que, enquanto a zona leste apresenta os maiores índices de densidade urbana, com infraestruturas viárias e edificações, muitos bairros da zona sul permanecem isolados, criando ‘guetos’ residenciais.
A região de Gramame, por exemplo, aparece como uma das regiões onde há menor densidade de área urbanizada. O bairro, entretanto, é o quinto mais populoso de João Pessoa, com mais de 26 mil moradores, segundo dados da Diretoria de Controle Urbano da Secretaria de Planejamento de João Pessoa (Seplan).
Na avaliação do arquiteto e urbanista especialista em planejamento urbano e gestão de cidades, Joálisson Cunha, a relação deficitária infraestrutura urbana versus alta densidade populacional cria entraves sociais, econômicos e culturais na vida da população.
O especialista reforça que esta população é diariamente prejudicada pela dificuldade de acesso aos serviços públicos e privados. “Você tem que acordar bem mais cedo para sair de casa e costuma voltar bem mais tarde. Quando se trabalha no comércio no Centro, se passa o dia em pé, pega ônibus em pé, além de não ter a facilidade de serviços e políticas públicas próximas à sua casa, tendo que repetir o mesmo processo para se chegar a elas”.
Joálisson Cunha, que também é membro do Instituto dos Arquitetos do Brasil na Paraíba (IAB/PB), destaca ainda que o isolamento e a criação de guetos urbanos são processos antigos no país. “A história do Brasil tem injustiça econômica, social e também territorial. A disputa de território é uma questão de privilégios. A grande questão que percebemos é a segregação socioespacial. Como diz a música, ‘quem é rico mora na praia, quem trabalha nem tem onde morar”.
Nesta disputa territorial, destaca o especialista, há as consequências negativas da segregação espacial, mas existe também o fortalecimento de algumas regiões. “Em algumas vezes há o surgimento natural dos ‘subcentros’. Mangabeira, por exemplo, é uma região onde as pessoas criaram alternativas que facilitassem o acesso aos serviços e comércio”. Investimento na zona sul.
O diretor de controle urbano da Secretaria de Planejamento de João Pessoa (Seplan), José Rivaldo Lopes, explicou a logística de investimentos por parte da pasta. “De acordo com a densidade populacional, priorizamos algumas situações. Na região sul, como Gramame, Colinas do Sul e Valentina, temos investido em CREI, PSF e unidades habitacionais”.
Redação
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