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Em coletiva, Mersinho detalha retirada de Cícero Lucena de zona de guerra em Israel: “Eu sentia na voz dele a angústia”

O deputado federal Mersinho Lucena (PP-PB) revelou, durante entrevista coletiva nesta quarta-feira (18), detalhes da operação que liderou para resgatar seu pai, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, e outros brasileiros que estavam em Israel no momento em que a região passou a ser alvo de intensos bombardeios.

Segundo Mersinho, a decisão de agir foi tomada após os primeiros bombardeios e diante da escalada do conflito. “Ficamos monitorando relatórios do Itamaraty e acompanhando as notícias. Foi quando o Giovanni, da SPU, me alertou sobre a gravidade da situação e disse que, se eu pudesse, fosse buscar meu pai imediatamente”, contou.

A operação contou com a ajuda de um empresário ligado à família real da Jordânia, que se prontificou a dar apoio total ao deslocamento do grupo. Várias rotas de saída foram estudadas, como passagens pelo Egito, Mianmar e sul de Israel, mas a alternativa mais segura identificada foi a travessia para a Jordânia, com posterior deslocamento para Tabuk, na Arábia Saudita.

O parlamentar revelou que chegou a entrar em contato com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira e com o deputado Hugo Motta, para articular respaldo institucional. Segundo Mersinho, o ministro chegou a desaconselhar a ação, mas ele insistiu. “Disse que, se fosse preciso, o grupo assinaria um termo de responsabilidade. Liguei para o meu pai e perguntei quem estava disposto a sair, assumindo essa responsabilidade.”

O trajeto escolhido exigiu uma logística complexa e risco elevado.

“Foi aí onde eles viram que a gente sairia de todo jeito lá, com apoio ou sem apoio do governo de Israel, com apoio ou sem apoio do governo brasileiro. E aí eles nos deram toda a garantia, o governo, para ser retirado nesse trajeto que era o menos arriscado de uma hora e meia. Naquele momento, a minha sensação era tirar o meu pai e todo a comitiva lá de Israel, que estava sendo bombardeado. E nesse dia mesmo, quando eu falei com meu pai às 4, 5 horas de amanhã, ele estava no bunker. No dia anterior, ele estava no bunker. Eu já estava lá, estava na minha angústia como filho, obviamente, sabendo também que ele jamais passou pra gente, nem pra mim, nem pra minha mãe e meus irmãos, a realidade do que eles estavam passando. Isso é uma forma de proteção de pai pra filho e eu sentia na voz dele a angústia dele e quando eu tomei essa decisão, foi muito por causa disso também e a gente foi começando a montar essa logística”, afirmou.

A entrada na Jordânia envolveu uma espera de mais de duas horas. Já em território jordaniano, com apoio da Embaixada do Brasil e do governo local, a comitiva seguiu em comboio para o sul do país. Lá, enfrentaram mais uma longa espera por questões relacionadas a vistos. Dois integrantes ainda não tinham autorização para a Arábia Saudita, o que foi resolvido com ajuda diplomática.

“Não deixamos ninguém para trás. Todos saíram juntos”, enfatizou o deputado.

O reencontro de Mersinho com o pai aconteceu já na madrugada, na fronteira com a Arábia Saudita.

“Eles chegaram e graças a Deus estão todos vivos, sãos e salvos e a gente está aqui hoje para contar essa história”, finalizou.

PB Agora

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