O empresário Gerson de Mello Almada, ex-vice-presidente da empreiteira Engevix, usou nesta terça-feira (22) o direito de permanecer calado para não responder a perguntas de deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão que pudessem comprometê-lo.
Pela recusa do empresário em se manifestar, o presidente da comissão, deputado Efraim Filho (DE/PB), declarou que Almada assumia uma presunção de culpa em relação à atuação com os fundos de pensão e, por isso, seria considerado acusado pela CPI. “É importante que o senhor tenha consciência da responsabilidade e da recusa com o silêncio. Será a primeira pessoa a passar de testemunha a acusado. Existem fatos relevantes em relação aos fundos de pensão que ainda não vieram à tona”, disse Efraim Filho.
De acordo com o deputado as negativas em responder às questões dos parlamentares os membros da comissão aprovaram o pedido para que Almada passe à condição de investigado pelo colegiado. Com a mudança os deputados podem apresentar requerimentos para a quebra de sigilos telefônicos, bancários e telemáticos (trocas de mensagens via Internet) do ex-presidente da Engevix.
"Às vezes a gente está mal-acostumado com as delações premiadas, achando que todo mundo vai chegar aqui, assumir a própria culpa e contribuir. Infelizmente essa não é a realidade. O senhor Gerson Almada hoje já passa a figurar [por ter exercido o direito de ficar em silêncio] como acusado, como investigado, alguém que cometeu atos ilícitos relacionados aos fundos de pensão e não está mais na mera condição de testemunha para esclarecer fatos", explicou Efraim Filho.
A Engevix comprou em 2010, junto com o Fundo de Previdência da Caixa Econômica Federal (Funcef), o estaleiro Rio Grande (RS) da construtora WTorre. Em depoimento à Polícia Federal, Almada informou que pagou 120 milhões de dólares em propinas para o lobista Milton Pascowitch – também preso na Lava Jato –, em troca de contratos no valor total de 3,4 bilhões de dólares do governo com o estaleiro.
Almada confirmou conhecer o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Vaccari Neto, condenado na segunda-feira (21) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, com pena de 15 anos e 4 meses de reclusão.
A Engevix participou de licitações para reforma das refinarias Abreu e Lima (PE) e Getúlio Vargas (PR). Entre 2007 e 2014, as empresas do grupo assinaram contratos com a Petrobras no valor total de R$ 4,1 bilhões.
Nesse período, transferiram cerca de R$ 7 milhões para contas de empresas de fachada usadas pelo doleiro Alberto Youssef. O Ministério Público cobra da Engevix a devolução de R$ 538,8 milhões aos cofres públicos.
Gerson Almada foi denunciado pelo MP por corrupção e lavagem de dinheiro. À Polícia Federal, ele admitiu ter pagado propina para conseguir contratos do governo com o Estaleiro Rio Grande, adquirido pela Engevix em parceira com o Funcef.
PB Agora com Ascom