E se for vingança?

O senador Cícero Lucena tem toda legitimidade em pleitear a indicação para ser candidato ao governo do Estado. Disse isso exatamente no dia 4 de março, em coluna intitulada “Qual o pecado de Cícero?”

De lá pra cá, no entanto, o senador não conseguiu aquilo que mais desejava, antes mesmo de crescer nas pesquisas: convencer a base aliada.

Continua, no entanto, sendo legítima a aspiração do senador tucano. Só que, com o passar do tempo, cada vez menos cabível. Pelo menos, para a base. E especialmente para o ex-governador Cássio.

O que não é novidade, entretanto, estimula reflexões a respeito da natureza ou dos reflexos da insistência do senador. Muitas delas, inclusive, já fomentadas no seio de lideranças políticas cassistas.

A principal delas: e se for “vingança” o sentimento que move Cícero?

Ora, magoado com a forma com que foi conduzido todo o processo político eleitoral dentro do PSDB, onde ele se sentiu escanteado desde 2008, Cícero pode ter nutrido uma espécie de mágoa somente superável pela vingança.

Ao insistir numa candidatura que rache as oposições, estando certo ou errado, o senador só colabora indiretamente com o projeto de reeleição do governador José Maranhão.

Ajuda, assim, a derrotar Ricardo Coutinho – talvez seu grande objetivo – e, por tabela, o próprio Cássio.

Mesmo que isso não esteja traçado no consciente do senador, é provável que dará prazer mórbido a Cícero, num eventual segundo turno entre Maranhão e Ricardo, provocado por ele, inclusive, ver o ex-governador Cássio Cunha Lima, que hoje se faz de rogado, bater na sua parte atrás de apoio.

Cabendo a Cícero o direito de nega-lo.

Isso para os corações magoados, às vezes, é melhor do que vencer. 

Presente de grego – O prefeito Ricardo Coutinho se surpreendeu nesta quarta quando viu a cidade “banhada” de panfletos e faixas apócrifas com denúncias contra sua gestão. Os autores do “agrado” fizeram-no circular no dia do aniversário do prefeito. Uma espécie de cavalo de tróia que o prefeito vai ter que montar até as eleições de 2010. 

E, dependendo da intensidade dos “presentes”, passar a adotar uma rápida estratégia de defesa ou contra ataque.