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Dona Sílvia não é Lúcia Braga

Depois dessa decisão tomada pelo Tribunal Regional Eleitoral, barrando em 1ª instância a candidatura a Senador da República requerida pela coligação “Uma Nova Paraíba” para o ex-governador cassado Cássio Cunha Lima (PSDB), aumentaram as especulações em torno de qual seria o nome ideal para substituí-lo, caso o TSE, em Brasília-DF, mantenha a mesma posição de não conceder registro ao tucano, por causa da aplicação da chamada Lei Ficha-Limpa.

Opção doméstica

O nome mais badalado, nas últimas horas, tem sido o da esposa dele, a ex-primeira-dama do Estado e também de Campina Grande (de onde Cássio foi prefeito por três vezes – eleito em 1988, 1996 e reeleito em 2000), Sílvia Almeida Cunha Lima (na foto acima, ao lado da ex-deputada federal Lúcia Braga, do PMDB, também ex-primeira-dama do Estado e da Capital paraibana).

Voltando no tempo

Para entender melhor este assunto, é bom recordar o que aconteceu nas eleições municipais de 1992, quando Lúcia Braga (então filiada ao PDT comandado pelo falecido Leonel Brizola, criador do Socialismo Moreno Brasileiro) também foi igualmente impedida de concorrer nas urnas, sendo substituída em cima da hora pelo candidato a vice-prefeito na chapa dela, Chico Franca, que viria a ser eleito no mesmo pleito em questão.

Eleições de 1992

Os três primeiros candidatos mais votados, naquele ano, foram (por ordem de colocação): Chico Franca (PDT –65.256 – 41,9% – Eleito), Chico Lopes (PT – 45.543 –29,2%), Delosmar Domingos de Mendonça Júnior – PMDB –30.812 – 19,8%).

Representante tucano

O candidato Pedro Adelson Guedes dos Santos (PSDB –10.431) ficou em quarto lugar, sendo seguido por mais três candidatos, todos eles alcançando votação abaixo do patamar de dois mil votos.

Tecnologia atual

O detalhe – que não pode passar despercebido, sobretudo em tempos de alta tecnologia, inclusão digital, facilidades proporcionadas pelo acesso rápido à Internet, às redes sociais de relacionamento (Twitter, Orkut, Facebook, etc) e equipamentos como computadores portáteis, note-books, i-pods, smart phones, etc – é que hoje se vota em modernas urnas eletrônicas e, naquela época, o voto era dado em cédulas de papel, depositadas numa urna de lona.

Foto trocada na urna

Hoje em dia, havendo mudança de candidatos, a foto de Cássio será imediatamente trocada no painel das urnas eletrônicas, ao contrário daquele já distante pleito de 1992, quando a cédula de papel manteve o nome da candidata a prefeita Lúcia Braga, onde – na verdade – todos os eleitores estavam votando em Chico Franca (tendo como nova candidata a vice-prefeita dele, a professora Emília Freire, atual secretária de Educação do Estado).

Será que transfere?

Há quem diga que – politicamente – Cássio poderia transferir instantaneamente todos os seus mais de um milhão de votos obtidos no 2º turno da reeleição dele para governador, em 2006, repassando essa espantosa votação para Dona Sílvia ou qualquer outro candidato, que por ventura venha a substituí-lo no próximo pleito.

Eleitorado pensa diferente

Na prática, não é bem assim, até porque Cássio já apoiou o deputado federal Rômulo Gouveia (PSDB, candidato este ano a vice-governador na chapa encabeçada pelo ex-prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho, do PSB) nas eleições municipais de 2004 e 2008, em Campina Grande, mas não obteve sucesso, perdendo em todos os quatro turnos daqueles pleitos.

O exemplo campinense

O candidato vitorioso, como todos sabem, é o atual prefeito veneziano Vital do Rego Segundo Neto (PMDB), que bateu “Rominho” e seu padrinho Cássio nos 1º e 2º turnos, consecutivamente, em 2004 e 2008.

Paraíba não é só João Pessoa

É bom lembrar – também – que no caso de Lúcia Braga, tratava-se de uma eleição municipal e agora, este ano, estamos falando de um pleito estadual.

A lição de Cícero Lucena

Esse mesmo tipo de raciocínio matemático serve para explicar porque o socialista Ricardo Coutinho derrotou por duas vezes seguidas, os candidatos tucanos à prefeitura municipal de João Pessoa: Ruy Carneiro (em 2004) e João Gonçalves (2008), ambos deputados estaduais, apoiados pelo esquema cicerista, principal aliado de Cássio, até então.

Nem Ruy, nem João Gonçalves

Os dois foram apoiados abertamente pelo senador Cícero Lucena (presidente do diretório estadual do PSDB), ex-prefeito da Capital, eleito e reeleito, primeiramente em 1996 e depois em 2000. Deu certo para o próprio candidato, mas não houve transferência de votos para os sucessores em potencial, apadrinhados escolhidos por ele.

Os números de 1996

Só para relembrar, vejamos abaixo, o total da votação no 1º turno dos três primeiros colocados: Cícero Lucena (Vice: Reginaldo Tavares) – PMDB – 89.457 – 42,6% – eleito no 2º turno, Lúcia Braga (Vice: Simão Almeida) –PDT – 51.982 – 24,7%, Luiz Couto (Vice: Flávio Eduardo Maroja Ribeiro, “Mestre Fuba”) – PT – 36.624 – 17,4%. Naquele ano, em quarto lugar, ficou a hoje deputada estadual Nadja Palitot (Vice: Josimar Viana) – PSB – 27.654 votos.

Resultado do 2º Milênio

Em sua tranqüila reeleição (após ter feito acordo político-partidário com o então governador peemedebista José Maranhão, em 2000), Cícero Lucena (Vice: Haroldo Lucena) – PMDB – 193.156 –74,0% foi eleito no 1º turno. O segundo colocado foi Luiz Couto (Vice: Walter Aguiar) – PT – 54.849 – 21,0%. A professora Lourdes Sarmento (PCO) obteve 6.104 votos e ficou em terceiro lugar.

Primeira vitória socialista

Em sua vitória inicialmente adiada e somente obtida após formalizar rompimento com o PT (sua antiga legenda), Ricardo Coutinho (PSB) elegeu-se prefeito da Capital, tendo como seu candidato a vice Manoel Júnior (PMDB), sendo eleito logo no 1º turno, com 215.649 votos (64,4% do eleitorado que compareceu às urnas).

Fraco desempenho petista

Os demais postulantes pontuaram assim: Ruy Carneiro (Vice: Ângela Morais) – PSDB – 103.108 votos – 30,8% em segundo lugar e Avenzoar Arruda (Vice: Pastor Edvan Carneiro) – PT – 11.003 votos, ficando na terceira colocação.

Placar de dois anos atrás

Já agora em 2008, o resultado foi este: Ricardo Coutinho (Vice: Luciano Agra) – PSB – 73,8% – Eleito no 1º turno; João Gonçalves (Vice: Doutor Aníbal Marcolino) – PSDB – 81.707 – 23,0% e Professor Francisco Barreto – 6.273 votos, em terceiro lugar.


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