A comissão de servidores do Senado que investigou João Carlos Zoghbi recomendou a demissão do ex-diretor de Recursos Humanos da Casa. O parecer do processo administrativo disciplinar foi entregue na semana passada, mas o primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), só tomou conhecimento do teor nesta terça-feira (27). Ele pretende subscrever a recomendação e a decisão final será do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Nesta manhã, Sarney disse não ter ainda conhecimento do caso.
O processo em questão diz respeito a possíveis fraudes na realização de convênios para operação de crédito consignado no Senado. Zoghbi teria usado uma ex-babá como “laranja” em uma empresa que intermediava convênios com a Casa. Um dos filhos de Zoghbi assumiu a culpa pela empresa de fachada. Zoghbi teria ainda autorizado que alguns funcionários obtivessem crédito com parcelas acima do permitido pela lei, 30% do salário.
“Estou levando ao presidente Sarney esse resultado, na quinta-feira, acatando a decisão da comissão, e ao presidente cabe, então, a decisão final”, disse Heráclito.
O advogado de Zoghbi, Getúlio Humberto Barbosa de Sá, disse ao G1 que o processo contra seu cliente tem “nulidades”. Ele destaca que, além do ex-diretor de RH, outros 24 funcionários teriam acesso ao sistema e poderiam conceder empréstimos acima do teto. Ele destaca que a prática era “comum” na Casa.
Sobre o caso da ex-babá, o advogado afirmou que “ficou provado que ele [Zoghbi] não teve qualquer relação com a ação do filho”. Ele destacou que o ex-diretor não teria tirado proveito das supostas fraudes. Barbosa de Sá afirmou que seu cliente poderá recorrer à justiça caso a demissão seja confirmada.
Também pelo caso do crédito consignado, Zoghbi foi indiciado pela Polícia Federal. O indiciamento é pelos crimes de concussão (extorsão praticada por funcionário público), inserção de dados falsos em sistemas de informação e formação de quadrilha.
G1