Na entrevista gravada e reproduzida na noite desta segunda-feira (15), concedida aos jornalistas Leandro Mazzini e Denise Rothenburg, do Programa Frente a Frente da Rede Vida, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) reafirmou sua tese de supremacia do voto popular, voltou a dizer que tem uma vida limpa e que pretende, neste primeiro momento no Senado, manter uma postura discreta.
Bem, discrição não foi exatamente o tom de seus conceitos e frases a respeito do próprio partido, o PSDB. Muito pelo contrário. Assumindo um tom crítico em boa parte do tempo, o novo senador tucano deixou claro que será uma voz polêmica dentro da legenda.
Empunhando a bandeira da "oposição de resultados", Cássio defende que, como minoria, o PSDB não caia na tentação de reeditar a postura do PT há três décadas, em que procurava obstacular todo e qualquer projeto do governo, independentemente de seu mérito em favor do Brasil. "Somos minoria; não adianta lutar contra a realidade dos números", argumenta.
Um caso concreto, ao ser indagado por Denise Rothemburg sobre o que afinal é essa "oposição de resultados", exemplificou: a votação em relação à DRU (Desvinculação de Receitas da União), uma espécie de "cheque em branco" que o Congresso dá ao governo para ele utilizar um percentual dos recursos orçamentários para o que bem entender. Segundo o tucano, é no mínimo uma incoerência do PSDB criar problemas pela aprovação dessa matéria, levando em conta que foi o Governo Fernando Henrique o criador desse mecanismo.
Um outro ponto "incendiário" da entrevista de Cássio ao Frente a Frente para a economia interna do PSDB foi a definição do partido em relação a uma candidatura para concorrer à Presidência da República em 2014. Anunciou abertamente apoio ao nome do colega Aécio Neves, ao considerar que desta vez a conjuntura é favorável ao senador mineiro. Fez elogios ao ex-governador José Serra, que inclusive esteve em sua posse, mas acredita que Aécio reúne melhores condições de agregar outras forças em torno do partido para a disputa presidencial.
Um outro aspecto que certamente desagradou José Serra foi o discurso crítico de Cássio em relação ao "fator São Paulo" muito preponderante nas decisões do PSDB. "É preciso ampliar o raio de ação do nosso partido", alerta o tucano paraibano, destacando o próprio caso da definição de nomes para a disputa do Palácio do Planalto como um processo evidente do "elitismo paulista" dentro da legenda. "Não é mais aceitável que sejam escolhidos candidatos em mesas de restaurantes", alfinetou.
Blog do Marcos Alfredo