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Cássio, Efraim, Vitalzinho e Wilson fazem o certo ou o errado?

Chegamos a Setembro, o mês das decisões. Quando o mês acabar, fatalmente teremos um quadro mais definido sobre os futuros senadores da Paraíba. Até lá, termos estratégias de cada candidato, de cada partido, de cada coligação, para tentar garantir tapete azul por oito anos. E, a partir de agora, cada passo dado tem que ser milimetricamente medido, para que as conseqüências não sejam desastrosas.

Claro que este comentário visa analisar a posição de cada um dos quatro principais postulantes: Cássio Cunha Lima (PSDB), Efraim Moraes (DEM), Vitalzinho (PMDB) e Wilson Santiago (PMDB). É que, pelo que é observado nas ruas e pelas últimas pesquisas divulgadas, os demais candidatos (Edgard Malagodi, Marcos Dias, Maria das Dores e Vital Farias) deverão adotar um posicionamento em busca de uma boa campanha, que dê uma visibilidade positiva em busca de vôos futuros.

A análise que pode ser feita de cada caso leva em consideração cada caminho a ser seguido, pois, dependendo do rumo tomado, a campanha poderá indicar ou não um favoritismo que, hoje, é perseguido por todos.

Cássio

Até a data em que escrevo este comentário (02.09.2010) não há decisão sobre o futuro de sua candidatura. Em que pese a fé posta pelo ex-governador, externadas em entrevistas, seu caso é muito complicado. De qualquer forma, se mantiver a sua candidatura, é provável que consiga uma das vagas. Mesmo assim, eu não apostaria todas as fichas, pois há uma estratégia definida pela coligação encabeçada pelo governador José Maranhão para fazer os dois senadores.

Há o entendimento por parte da coordenação da campanha de Maranhão de que sua popularidade e seus pontos nas pesquisas empinem mais as candidaturas de Vitalzinho e Wilson Santiago. Isso porque quase metade do eleitorado ainda não se definiu pelo voto dos senadores, o que, tradicionalmente, só ocorre na reta final da campanha. E, dessa quase metade, boa parte tem em Maranhão o seu governador escolhido. Neste caso, Maranhão aposta em levar consigo os dois postulantes, independente de um insucesso jurídico de Cássio.

Ao tucano, restam duas opções: manter a candidatura, arriscando perder uma virtual eleição após o pleito (se ele recorrer ao Supremo e o STF entender que ele não poderia ser candidato por conta da Lei do Ficha Limpa, poderá perder a vaga para o terceiro colocado na eleição). Neste caso, a fé de Cássio poderá dar lugar ao bom senso e ele sair da disputa, abrindo vaga para outra pessoa – a preço de hoje, para a esposa, Silvia.

Neste caso a entrada de Silvia seria uma incógnita. Há quem diga ter em mãos pesquisa indicando que ela consegue manter em torno de 60% dos votos do tucano. Se isto for verdade, Silvia entra na briga, sim. Mas em pé de igualdade com os demais, diferente do marido. Aí a disputa ficaria mais embolada do que agora…

Efraim

Efraim, pelo que se vê no guia eleitoral, no rádio e na TV, trabalha duro para não perder o seu eleitorado fiel. Com programas direcionados ao interior, ele foca justamente onde tem votos garantidos. E, de quebra, torce para que Cássio continue candidato, pois abocanha boa parte de seu segundo voto.

Se Cássio sair da disputa, o segundo voto de Silvia – se ela for a substituta – pode não ser de Efraim. Para evitar este fato, o próprio Cássio trabalha o nome do companheiro Democrata. Lembram da frase proferida pelo ex-governador em Campina? “Eu não quero esse tipo de voto”, referindo-se aos que querem votar em Cássio e Vitalzinho.

Sabedor das dificuldades que o fantasma – desculpem o termo, não foi proposital – da inelegibilidade lhe traz, Cássio quer, pelo menos, garantir que o companheiro Efraim mantenha seus votos. E Efraim vai na mesma onda, fazendo campanha mais que casada com o ex-governador.

Vitalzinho

Eu diria que tem uma posição confortável, embora ainda não definida. Nas pesquisas, passou Efraim Moraes – que perde votos a cada dia por conta das denúncias que continuam a pipocar na mídia e por conta da necessidade de focar a campanha na manutenção do seu eleitorado, o que prejudica a aplicação de uma estratégia em busca de novos votos, além de não conseguir ampliar a sua margem no segundo voto de Cássio.

Vitalzinho tem outros trunfos a usar e aqui eu cito três deles: o aval do presidente Lula, pedindo votos incansavelmente em seu guia de rádio e na TV; o irmão, Veneziano, que, licenciado da Prefeitura de Campina Grande arregaçou as mangas e já está viajando o estado inteiro pedindo votos; e o apoio de Dilma Rousseff, que em reuniões em Brasília, durante dois dias, garantiu algo que deixou Vitalzinho com um sorriso de orelha a orelha.

Outro fato importante é que Vitalzinho está bem em Campina Grande e em João Pessoa (onde o Ibope apontou-lhe como primeiro colocado, cinco pontos à frente de Cássio, o segundo) e atualmente trabalha em busca do segundo voto de Wilson Santiago no Sertão. Se continuar assim, sem nenhuma anormalidade na campanha, pode se dar bem e garantir o paletó da posse.

Wilson Santiago

Faz uma campanha regular, com um olho no gato e outro no peixe. Torce pelo insucesso de Cássio na Justiça – o que lhe garantiria uma boa oportunidade de emplacar o mandato – e, ao mesmo tempo, torce, também, pela estratégia de Maranhão de levar consigo os dois senadores, caso Cássio se mantenha na disputa.

Acerta quando faz campanha no sertão para fortalecer o seu eleitorado. Acerta quando faz um guia propositivo, dando espaços, também, para críticas a Efraim e a Cássio. Tudo muito bem dosado, tudo muito bem colocado. Acerta, também, ao reforçar a tese de que é Senador de Lula e de Dilma o que, segundo o Ibope, tem significado pontos nas pesquisas em todo o país para os aliados.

Mas Wilson peca em Campina Grande, quando não trabalha em busca do segundo voto de Vitalzinho. Digo isso por conta das estratégias adotadas na Rainha da Borborema. Só para citar um exemplo: quem passa pelas ruas centrais da cidade vê meninas segurando corações com as fotos de Wilson e Maranhão. Eu, no lugar dele, colocaria fotos com Vitalzinho ou Veneziano, para reafirmar posição de parceria e tentar conquistar o segundo voto na cidade.

É isso, por exemplo, o que Vitalzinho tem feito no Sertão, onde o primeiro voto é prioritário para Wilson – e ele sabe disso. Não adianta ao irmão de Veneziano ir ao Sertão em busca do primeiro voto. Como não adiantaria, também, a Efraim Moraes, ir a Campina Grande em busca do primeiro voto. Ele tem é que reforçar campanha pelo segundo voto de Cássio e é isso o que tem feito.

Mas Wilson mostra uma estratégia que busca o primeiro voto em todos os lugares onde faz campanha… Observem o discurso de Vitalzinho no Sertão e comparem com o de Wilson em Campina…

Ademais, é esperar pelos próximos passos de cada um. Claro que tudo o que foi posto é fruto da campanha que se tem hoje, a um mês, aproximadamente, do encontro com as urnas. Até lá, cada um pode mudar o rumo de suas estratégias ou eu posso, também, estar errado, porque não? Mas é bom que cada um reflita sobre o que está posto aqui.


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